Vírus sincicial causa 6 em cada 10 casos de infecções respiratórias em crianças

Infecções costumam circular durante o outono e o inverno e causam quadros respiratórios em todas as faixas etárias, mas são mais comuns e podem ser mais graves em bebês e crianças

(Foto: Divulgação)


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Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein - Boletim InfoGripe divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou um crescimento nos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em crianças em todo o Brasil, especialmente em São Paulo e no Distrito Federal. Segundo o relatório, o vírus sincicial respiratório foi responsável por 59% dos registros de SRAG nas crianças com até 4 anos entre 11 de dezembro de 2022 a 7 de janeiro deste ano.

Geralmente, o vírus costuma circular com mais intensidade no outono e no inverno, mas, neste ano, ele está levando a um aumento das hospitalizações do público infantil fora de época. De acordo com a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, o aumento da circulação do vírus no Hemisfério Norte e a maior mobilidade das pessoas, que estão viajando mais, estão entre as hipóteses para a alta nos casos durante verão no país. 

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"Existe uma população de suscetíveis, que são as crianças que não entraram em contato com o vírus sincicial durante a pandemia por causa do isolamento. Agora, as famílias estão voltando a viajar e essa circulação do vírus num período fora do usual talvez seja reflexo dessa maior mobilidade e retomada das viagens", avalia a infectologista.

Segundo Gouveia, o vírus sincicial respiratório é um vírus de RNA que causa quadros respiratórios em todas as faixas etárias, mas é mais comum e pode ser mais grave em bebês e crianças. Entre as que têm o maior risco de desenvolver as formas graves da doença, estão: recém-nascidos prematuros; menores de seis meses; menores de dois anos que tenham algum problema pulmonar congênito ou adquirido, doenças cardíacas, imunodeprimidas ou que tenham problemas neuromusculares que comprometam a respiração. 

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"Na maioria das vezes, elas terão um quadro gripal leve, muito parecido com resfriado. Quando desenvolvem a forma mais grave, acontece uma inflamação das pequenas vias aéreas (chamado de bronquiolite) ou uma pneumonia. Pode ser necessária a internação e às vezes até ficar em uma unidade de terapia intensiva", destacou a infectologista. 

Tratamento e sintomas

Não existe um tratamento com antiviral específico. As crianças que precisam de internação recebem suporte clínico, principalmente oxigênio, fisioterapia respiratória e hidratação.

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Já os sintomas da infecção pelo vírus sincicial respiratório são basicamente os mesmos de uma gripe ou resfriado causados por outros vírus, como o coronavírus ou a influenza. O paciente pode começar com o nariz entupido, ficar mais apático e comer menos até o quadro evoluir com tosse e dificuldade respiratória. 

"Alguns sinais, principalmente nos bebês, podem ser mais difíceis de serem identificados. Por isso, os pais devem observar irritabilidade, redução do apetite e pausas respiratórias (apneias) que ocorram por mais de dez segundos. Nem sempre os bebês vão ter febre, então é preciso estar atento", ressaltou Gouveia.

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O diagnóstico pode ser feito por meio de uma série de exames, mas ele não é o mais importante. "Em tempos de pandemia, provavelmente as crianças que derem entrada com esses sintomas em hospitais serão testadas para descartar outras infecções respiratórias. É importante saber qual é o agente que está acometendo a criança, mas o diagnóstico do vírus sincicial é basicamente clínico. Por isso, os pais das crianças menores precisam ficar atentos aos sinais e sintomas para procurar um rápido atendimento", orientou a infectologista. 

Prevenção 

As medidas de prevenção do vírus sincicial são as mesmas para evitar a infecção pelo coronavírus ou por influenza. Para as crianças com menos de dois anos não existe a indicação do uso de máscara, por isso é muito importante a atenção dos pais para higienização das mãos com água e sabonete (quando as mãos estão visivelmente sujas) ou álcool em gel (quando estão visivelmente limpas) sempre que necessário.

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Dicas para evitar a transmissão em família:

  • Os pais não devem tocar as mucosas do olho, nariz e boca; 
  • A família deve evitar o contato com pessoas com síndrome gripal; 
  • Sempre usar lenço descartável, de preferência; 
  • Fazer a limpeza das superfícies; 
  • Deixar as crianças em casa quando estiverem doentes, mesmo os irmãos que estão bem:  é comum que o bebê infectado tenha um irmão mais velho que vai para a escolinha e, por isso, também pode transmitir o vírus.

Ainda não existe uma vacina para prevenção do vírus sincicial respiratório e, mesmo após ser infectada, a criança não adquire imunidade permanente. Ou seja: se ela entrar em contato com o vírus novamente, pode desenvolver a doença mais uma vez. 

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"Bebês prematuros, crianças com doenças congênitas ou com condição pulmonar crônica têm a indicação de receber uma medicação profilática (um anticorpo monoclonal chamado palivizumabe) que deve ser aplicada antes do período de sazonalidade do vírus, que normalmente acontece no fim do outono e início de inverno. Os pais desses bebês devem procurar o pediatra para avaliar essa possibilidade", alertou Gouveia.

Adultos também ficam doentes

Alguns adultos, principalmente os imunodeprimidos ou aqueles com doenças pulmonares, também podem ter complicações quando se infectam com o vírus sincicial respiratório. Especialmente idosos com mais de 65 anos ou adultos com doença crônica ou cardíaca, que podem ter uma descompensação do quadro de base. 

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"Adultos com asma, por exemplo, ou mesmo doença pulmonar obstrutiva crônica podem ter seus quadros piorados resultando em insuficiência respiratória", explicou a médica. Segundo o boletim da Fiocruz, nessa faixa etária, a Covid-19 segue prevalecendo entre os casos de SRAG.

As vacinas contra a influenza ou contra a Covid não protegem contra o vírus sincicial, mas as medidas de prevenção são as mesmas: "tudo o que aprendemos na pandemia é aplicável na prevenção de todos os vírus respiratórios", finalizou a infectologista.

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