Existe uma “idade-limite” para cuidarmos da saúde mental?

Especialistas destacam a importância em manter, ou buscar, a orientação de especialistas depois dos 60 anos

(Foto: REUTERS/Thilo Schmuelgen)


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Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein - A depressão pode até ser mais associada aos jovens, mas os idosos também se destacam no ranking dos afetados pela doença. Segundo os dados da última Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao menos 13% dos idosos entre 60 e 64 anos têm depressão.  

Em instituições de longa permanência e entre os idosos hospitalizados, os índices de transtornos mentais podem ser mais significativos, atingindo os 40%, de acordo com Rita Cecília Reis Ferreira, psiquiatra do Programa Terceira Idade do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP). 

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Cuidar da própria saúde mental não tem limite de idade, e as mudanças que acompanham a vida após os 60 anos podem ser abordadas com mais facilidade se tiver a orientação de um profissional. “Nunca é tarde para cuidar da saúde mental, seja de um jovem ou de um idoso. É muito difícil dissociar a saúde física da mental, as duas andam juntas. Você tem saúde mental quando consegue estar bem consigo mesmo e com os outros, mesmo dentro das suas limitações”, explica a psiquiatra. 

Depressões são mais comuns

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Entre os idosos, os transtornos mentais mais diagnosticados, segundo Ferreira, são: 

  • Depressão;
  • Ansiedade;
  • Dependência química;
  • Esquizofrenia;
  • Transtornos alimentares.

Entre as principais causas estão o abandono familiar, o sentimento de inutilidade com a interrupção das atividades exercidas anteriormente, ansiedade pós-traumática ou pós-perda de um filho e os quadros de demência.

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Alguns sinais devem chamar atenção, como mudanças de comportamento (perda de apetite, por exemplo), tristeza constante e persistente, luto prolongado, irregularidades no sono e desânimo para realizar atividades que antes eram prazerosas. Alterações cognitivas como falta de concentração, perda de memória e dificuldade de raciocínio também devem ser levados em consideração. 

“Ter saúde não significa ausência de doença. Ter saúde também significa ter a sua doença controlada. E qualquer doença, seja ela mental ou não, traz sofrimento. A psicoterapia vai reduzir ao máximo esse sofrimento e melhorar a qualidade de vida dessa pessoa”, diz a especialista. Quanto mais cedo um idoso busca ajuda dos psicólogos e psiquiatras, melhores são as chances de controle ou até de remissão da condição.

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“Mesmo que o idoso já tenha alguma doença estabelecida, é preciso buscar ajuda. Nos quadros de transtornos mais graves, como uma demência, por exemplo, quanto mais cedo a pessoa buscar ajuda, aumentam a possibilidade de retardar a progressão do problema e até mesmo estabilizá-lo”, afirma Ferreira, que também coordena o grupo de Arteterapia do Programa Terceira Idade do IPq/USP – no qual atende, atualmente, cerca de 600 idosos com transtornos mentais.

Preconceito

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De acordo com a psiquiatra, ainda há muito preconceito da sociedade e do próprio indivíduo quando se fala em doença mental, especialmente entre os mais velhos. “Os idosos aceitam a hipertensão e diabetes, mas não aceitam a depressão. Muitas vezes preferem dizer que os sintomas são normais pelo envelhecimento em vez de buscarem ajuda”, destaca a médica. 

Para ela, um dos maiores desafios dos médicos é desmitificar a doença mental para que as pessoas não tenham vergonha ou medo de procurar ajuda. “Velhice não é doença e ninguém precisa sofrer.”

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Uma das dicas da psiquiatra para prevenir os sintomas da depressão é manter estímulos cognitivos com atividades que deem prazer, como ler um livro, pintar, bordar, fazer palavras cruzadas, jogar cartas, ouvir música, aprender um idioma. “É importante que seja uma atividade prazerosa para a pessoa. Não adianta nada eu pedir para o idoso jogar baralho se ele não gostar de cartas”, completa.

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