Convívio social, atividades físicas e mentais reduzem risco de demência

Estudo aponta que pessoas que praticavam exercícios físicos regularmente tiveram 35% menos risco de demência

(Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)


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Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

A realização de atividades físicas e mentais, como tarefas domésticas, a prática regular de exercícios e o convívio social com visitas a amigos e familiares podem ajudar a reduzir o risco de demência em idosos. Os resultados são de um estudo publicado na revista científica Neurology, que avaliou dados de mais de 500 mil pessoas sem demência e com idade média de 56 anos.  

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Os pesquisadores coletaram informações sociodemográficas, estilo de vida e comorbidades. Eles responderam questões sobre atividades físicas sobre a prática de esportes, sobre a frequência que eles subiam algum lance de escadas, se caminhavam, se faziam atividades domésticas, que meio de transporte usavam, entre outros.  

Também responderam um questionário sobre a prática de atividades mentais, entre elas nível de escolaridade, com que frequência visitava amigos e familiares, se frequentava algum clube ou grupo religioso, se usava algum equipamento eletrônico (computador, TV, celular). Os pesquisadores também perguntaram se algum familiar tinha demência, para análise do risco genético.

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Os participantes foram acompanhados por uma média de 11 anos. Neste perído, houve 5.185 casos de demência (entre eles a vascular, doença de Alzheimer e outras demências). Após ajustar fatores e cruzar todos esses dados, os pesquisadores constataram que as pessoas que praticavam exercícios físicos regularmente tiveram 35% menos risco de demência; aqueles que faziam atividades domésticas tinham 21% menos risco e aqueles que relataram ter um convívio social com amigos e familiares tiveram 15% menos risco em comparação com os participantes que não faziam nenhuma dessas atividades.

Segundo a geriatra Thaís Ioshimoto, do Hospital Israelita Albert Einstein, esses resultados são muito importantes porque reforçam a importância do papel da prevenção, já que o arsenal terapêutico disponível hoje para tratamento da demência se restringe a duas classes de medicamentos. “Esses medicamentos no máximo estabilizam a doença, mas o paciente não tem um ganho, ele não melhora. Ele vai continuar desenvolvendo a demência, mas numa velocidade menor”, pondera.

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Thaís disse ainda que estudos anteriores já demonstraram que se a pessoa consegue evitar os fatores de risco que são modificáveis, ela reduz em até 40% o risco de demência. “Isso é melhor do que qualquer remédio”, ressalta a médica. Entre os fatores de risco modificáveis estão não fumar, não beber, manter uma alimentação saudável, fazer atividades físicas e até mesmo não viver em ambientes com muita poluição.

Atividade física não é só massa muscular

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O estudo apontou a prática regular da atividade física como o principal fator protetor da demência. Segundo Thaís, isso acontece porque a atividade física não está relacionada apenas ao ganho de massa muscular, mas também à melhora da saúde metabólica e cardiológica. “A atividade física aumenta a sensibilidade à insulina, então reduz risco de diabetes, por exemplo. Também melhora o fluxo sanguíneo cerebral e a saúde cardiovascular”, ressalta.

A socialização também é outro pilar importante na prevenção da demência, já que o isolamento social pode ser um fator de aceleração do declínio cognitivo. “Idosos que vivem em uma comunidade e têm uma rede de suporte vivem mais e têm menos demência. Isso acontece muito provavelmente por causa de algum mecanismo que ainda não conhecemos e não temos como medir, mas têm influência sobre como eles lidam com essas emoções e sobre como o contato é importante”, disse a médica.

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Além disso, os contatos sociais possibilitam uma relação afetiva com a memória, já que numa conversa o idoso precisa buscar referências na memória para contar uma história, por exemplo. “O fato de um idoso contar uma história com começo, meio e fim é uma forma muito importante de estimular o cérebro”, diz Thais. 

Tarefas domésticas, por mais banais que possam parecer, também são formas de manter o cérebro ativo. Até mesmo cozinhar é uma forma de estimular a cognição. “Para cozinhar o idoso precisa organizar os ingredientes, lembrar da receita, lembrar das etapas do cozimento, saber o ponto da comida. Tudo isso é um estímulo cognitivo muito grande, por mais que isso seja feito de forma automática a vida toda”, afirmou.

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O uso de celulares e computadores para jogos também são ótimos estimulantes cerebrais. O importante, reforça Thaís, é que a atividade escolhida seja prazerosa para o idoso e tenha algum propósito. “Não adianta querer impor atividades, pois os idosos podem começar a fazer, mas logo perderão o interesse. O importante é que ele faça coisas que tem vontade e que sejam desafiadoras para o cérebro”, finalizou.

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