Consumo moderado de álcool está relacionado ao acúmulo de ferro no cérebro e pode aumentar risco de déficit cognitivo

Depósito da substância no cérebro é observado em outras doenças neurodegenerativas e agora também é relatado em pacientes com dependência de bebidas alcoólicas

(Foto: Divulgação)


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Por Fernanda Bassete, da Agência Einstein - Uma pesquisa realizada pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, concluiu que até mesmo o consumo moderado de álcool – o equivalente a duas taças de vinho por semana (ou 56 gramas) – está relacionado a um acúmulo de ferro no cérebro e, por isso, pode levar a um aumento do risco de déficit cognitivo. 

O acúmulo de ferro no sistema nervoso central pode ser observado em outras doenças neurodegenerativas e também é relatado em pacientes com uma dependência maior do álcool — a novidade é essa associação também para pessoas que bebem moderadamente. Os resultados foram publicados na revista científica “Plos Medicine”.

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“O nosso cérebro é um santuário, como a placenta durante a gestação. Não é qualquer substância que consegue atravessar a barreira encefálica para se depositar no cérebro, assim como nem tudo atravessa a barreira placentária”, explica o neurologista Marco Aurélio Fraga Borges, coordenador médico da Neurologia do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia. 

“No entanto, o ferro é um componente que atravessa, por isso, os pesquisadores o elegeram como um marcador e avaliaram sua concentração no cérebro e no fígado dos participantes da pesquisa”, complementou o especialista. 

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Segundo Borges, as evidências atuais já mostram que algumas doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, podem apresentar esse sinal de acúmulo de ferro no cérebro. 

“Isso não significa que o ferro provoque a doença. Mas já observamos que o depósito da substância está presente nessas situações. Isso significa que possivelmente existe algum mecanismo de neurodegeneração que atrapalha o metabolismo do ferro”, pondera o neurologista.

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De acordo com Borges, o estudo constatou déficit cognitivo e acúmulo de ferro no cérebro em pessoas que consumiam 56 gramas de álcool, ou duas taças de vinho, semanalmente. A relação da ingestão de álcool foi autorrelatada por meio de um questionário e a quantidade de ferro foi medida por exames de ressonância magnética. Já a cognição foi avaliada por meio de testes online, como quebra cabeças, jogos de cartas e tempo de reação para realização de funções executivas.

A presença de álcool no organismo pode provocar danos cerebrais diretos — eles incluem as alterações cognitivas e uma redução (atrofia) da região frontal cerebral, que está relacionada com questões de planejamento, de execução de tarefas, comportamento social. 

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“Temos evidências de que essa região frontal do cérebro é mais atingida em quem faz o consumo exagerado do álcool. Isso vai ao encontro com os resultados do estudo, que identificaram pacientes com consumo moderado de álcool já evidenciando disfunções executivas e pior desempenho nos testes cognitivos.”

A pesquisa também avaliou a presença de ferro no fígado e constatou o acúmulo em pessoas que consumiam cerca de 88 gramas de álcool por semana (cerca de quatro latas e meia de cerveja). O fígado é o órgão mais afetado pelo consumo excessivo de álcool e quase metade dos casos de morte causados pela bebida são em decorrência da cirrose hepática. 

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“As alterações cognitivas são multifatoriais. No conjunto de outros fatores de risco, como obesidade, diabetes, hipertensão, você adiciona o consumo de álcool. Assim, o depósito de ferro pode se tornar um marcador para risco para problemas neurodegenerativos”, finalizou Borges.

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