Antidepressivo é ineficaz para tratar agitação em pessoas com demência, diz estudo

Uso da mirtazapina, além de não ter efeito contra sintoma, aumentaria risco de mortalidade dos pacientes, segundo pesquisadores

(Foto: Divulgação)


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Alexandre Raith, da Agência Einstein - O antidepressivo mirtazapina, prescrito para tratar a agitação em pessoas com demência, não melhora o sintoma e estaria associado a uma maior mortalidade. A conclusão é de um estudo conduzido pela Universidade de Plymouth, no Reino Unido, publicado na revista científica The Lancet, no fim de outubro.
O ensaio clínico envolveu 204 pessoas com provável ou possível doença de Alzheimer, a causa mais comum de demência, além de agitação sem resposta ao tratamento não medicamentoso. Para determinar a eficácia do medicamento, os participantes foram divididos, de forma randomizada, em dois grupos:

- Metade recebeu a mirtazapina; 

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- A outra metade, uma substância placebo, para servir como comparativo. 

Nenhum dos pacientes, ou dos condutores do estudo, sabia quem estava em qual grupo.

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Ao observarem os sinais de agitação nos participantes, os pesquisadores perceberam que, nas primeiras 12 semanas, houve uma redução do sintoma. O efeito, porém, não poderia ser atribuído ao remédio, segundo eles, visto que a diminuição também foi constatada no grupo controle.  

De acordo com os pesquisadores, os resultados indicam que a medicação não é clinicamente eficaz, em comparação com o placebo, para o tratamento da agitação em pessoas com demência. “Esse achado implica na necessidade de mudar a prática atual de prescrição de mirtazapina e, possivelmente, de outros antidepressivos sedativos", citam eles no artigo publicado. 

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Possível impacto na mortalidade

Os resultados revelaram também uma diferença nos eventos adversos entre os grupos. Sete mortes foram registradas no grupo que tomou o medicamento, contra apenas uma no comparativo. No entanto, os pesquisadores não confirmam uma associação direta entre os óbitos e o antidepressivo.

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"É preocupante que, apesar de o número total de eventos adversos não ter divergido entre os grupos, a mortalidade foi diferente (....). Embora não saibamos se as mortes foram relacionadas à mirtazapina, na ausência de benefícios clínicos atribuíveis [ao medicamento], esses danos potenciais significam que a mirtazapina não pode ser recomendada para o tratamento da agitação na demência”, reiteram.

Como tratar a agitação?

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Sintomas comuns nas pessoas com demência, a agitação e a ansiedade surgem pela dificuldade de o paciente assimilar novas informações. Uma mudança de residência ou na rotina, além de interações medicamentosas, podem favorecer o quadro, segundo dados da Associação norte-americana do Alzheimer.

A primeira linha de tratamento, em geral, são terapias que não envolvem medicamentos, mas mudanças no comportamento. A instituição norte-americana sugere, a quem estiver próximo de alguém em um momento de agitação ou ansiedade, para adotar as seguintes atitudes:

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  • Escute a frustração dele/dela;
  • Use frases calmas e positivas, como “tudo está sob controle” e “você está seguro”;
  • Envolva a pessoa em atividades, como arte e música, para que a atenção mude de foco;
  • Mude o ambiente e tente limitar os estímulos ao redor;
  • Leve a pessoa para uma caminhada ou passeio de carro;
  • Diminua o ritmo e perceba o seu tom de voz;
  • Não faça movimentos bruscos;
  • Procure um médico para confirmar se o sintoma não está associado ao uso de uma medicação ou se há causas físicas.

Nem todos os pacientes, no entanto, se beneficiam dessas ações, e um tratamento medicamentoso pode ser necessário. De acordo com os pesquisadores do estudo, as evidências atuais não são claras com relação a efetividade e segurança dos antipsicóticos e, agora, do antidepressivo mirtazapina.

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