Antecipar a mamografia das mulheres negras reduziria em 57% a disparidade nas mortes por câncer de mama

A recomendação atual é para que as mulheres, brancas e negras, iniciem os exames a partir dos 50 anos

(Foto: Divulgação)


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Por Alexandre Raith, da Agência Einstein - Mulheres negras deveriam começar os exames do câncer de mama aos 40 anos para reduzir as disparidades entre elas e as mulheres brancas no diagnóstico e sobrevivência da doença. Atualmente, a recomendação é que todas iniciem a mamografia a partir dos 50 anos. 

Ao antecipar uma década, a mortalidade por câncer de mama diminuiria em 57%, de acordo com estudo conduzido por pesquisadores norte-americanos e publicado no periódico Annals of Internal Medicine no início de outubro. Em geral, mulheres negras recebem o diagnóstico da doença mais cedo do que as brancas, e a taxa de cânceres mais agressivos, entre elas, é maior também, segundo os autores.

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Para chegar aos resultados, diferentes estratégias de rastreamento foram simuladas em um modelo computadorizado, chamado de CISNET (Cancer Intervention and Surveillance Modeling Network, em inglês). Os pesquisadores avaliaram não apenas as idades de início dos exames (40, 45 e 50 anos), mas também os intervalos entre os testes, dados de saúde e fatores sociais, como o racismo, em mulheres nascidas nos Estados Unidos em 1980. Potenciais efeitos prejudiciais, como resultados falso-positivos, também foram analisados. 

O cenário mais benéfico para reduzir as diferenças entre a mortalidade de mulheres negras e brancas surgiu quando os exames de mamografia das primeiras eram feitos a partir dos 40 anos de idade, e repetidos a cada dois anos. Neste cenário, os dados se equiparavam aos resultados de mulheres brancas avaliadas a partir dos 50 anos. 

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O impacto do racismo levou em consideração as dificuldades de acesso à medicação, a redução de doses, atraso no início e mesmo interrupção dos tratamentos. De acordo com os autores, as recomendações dos últimos 20 anos não percebem o papel do preconceito e da discriminação no tratamento do câncer de mama, nas taxas de sobrevivência e na mortalidade entre mulheres negras. 

“Nós esperamos que [o estudo] forneça novas informações para ajudar a desenvolver recomendações focadas na equidade para mulheres negras e que atenda ao déficit de longa data nas diretrizes de rastreamento do câncer de mama devido à falta de dados”, explica Jeanne Mandelblatt, uma das autoras do estudo e pesquisadora principal da CISNET, em um comunicado à imprensa. 

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Panorama nacional

No Brasil, a situação é semelhante. Mulheres negras têm taxas mais altas de cânceres agressivos em idades mais jovens do que as brancas, segundo Gil Facina, diretor da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). Tal quadro, consequentemente, implica em um maior número de óbitos.

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“A maior mortalidade decorre de um conjunto de fatores. Os subtipos de tumores mais agressivos são proporcionalmente mais incidentes na população negra. Além disso, a falta de acesso aos serviços públicos de saúde e a saturação do sistema causam atrasos no diagnóstico e tratamento, e impacta negativamente nas chances de cura”, explica.

Facina também concorda com a sugestão da equipe norte-americana de reduzir o início do diagnóstico para 40 anos, porém para todas as mulheres. Segundo ele, a estratégia do Ministério da Saúde, que indica a realização da mamografia a cada dois anos entre os 50 e 69 anos de idade, precisa ser rapidamente reavaliada.

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“É notório que mais da metade dos casos de cânceres de mama nas mulheres brasileiras está fora desta faixa etária. Baseado nesses dados, a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que se realize a mamografia, anualmente, a partir dos 40 anos de idade, sejam negras ou brancas”, recomenda.

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