"Temos um sentimento de urgência em relação à reforma tributária", diz Alckmin
Ministro do Desenvolvimento e Indústria e vice-presidente participou de reunião da CNI. No encontro, defendeu destravar o financiamento e reduzir o custo de energia
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Da Confederação Nacional da Indústria - O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou às lideranças industriais do Brasil que considera a reforma tributária um tema urgente e, para ele, a primeira votação deverá ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano. A conversa ocorreu na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, durante a reunião de diretoria da instituição, nesta terça-feira (28), a convite do presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Segundo o vice-presidente, “a reforma tributária é essencial”, por haver uma “supertributação” no país.
“O mundo inteiro tem IVA (imposto sobre valor agregado) e não podemos perder o primeiro ano de mandato. Temos o resultado das urnas, o apoio da população e há boa vontade do Congresso, que está bem colaborativo. Há questões específicas, que podem ser superadas para não prejudicar o conjunto”, garantiu.
O presidente da CNI explicou ao vice-presidente que o empreendedor é impaciente por natureza, mas que compreende o fato de o governo ter apenas dois meses e do trabalho necessário para remontar o ministério da Indústria e as prioridades da pasta. No esforço de colaborar, a CNI apresentou ao novo governo um plano com sugestões de medidas que o setor industrial considera fundamentais que sejam implementadas já nos primeiros 100 dias do governo. “São ações e projetos que, no nosso entender são fundamentais para criar as condições para o necessários e urgente processo de reindustrialização e para a retomada da economia do país”, afirmou Robson Andrade.
Alckmin, que é médico-anestesista, disse seguir um princípio aprendido ainda nos tempos da faculdade. “Sublata causa, tollitur effectus, significa ‘suprima a causa que o efeito cessa”, lembra. E a complexa e onerosa tributação brasileira é uma das causas do baixo crescimento do País e da perda de competitividade dos produtos brasileiros no exterior.
“Tivemos uma piora bastante expressiva da balança comercial de manufaturados e estamos com um déficit de US$ 128 bilhões”, explicou. A perda de competitividade da indústria em relação aos seus concorrentes internacionais é um desses efeitos colaterais da desfuncionalidade do sistema tributário.
CNI EXPLICA: Queda nas exportações de manufaturados significa que o Brasil vendeu menos produtos industriais para outros países. O déficit da balança representa que os brasileiros estão comprando mais produtos acabados de fora do que exportando. Vale saber que os melhores empregos, aqueles que pagam mais e exigem pessoal mais capacitado, estão onde a mercadoria é finalizada.
“Temos de focar no crescimento, senão morremos na praia”
Durante a reunião com os empresários e dirigentes da indústria, Alckmin afirmou que o governo está bem focado em eliminar os fatores que emperram o crescimento do Brasil. Além da reforma tributária, a falta de financiamento, o alto custo da energia e o custo do crédito têm exigido a atenção do também ministro.
“Temos um roteiro longo pela frente. O custo da energia é central, o custo do capital também e a questão do financiamento. No mundo inteiro, cerca de 60% do comércio dos países é intrarregional. Na América Latina é 26%. Por isso, o presidente Lula fez a primeira viagem internacional dele para a Argentina e o Uruguai. Mas temos perdido comércio por questões de financiamento. Os países têm Exim Bank e estão apoiando suas indústrias”, afirmou o ministro.
Ele lembra que a indústria acompanha par e passo o crescimento econômico e a civilização, por isso sua preocupação com a reindustrialização do país. “Temos que focar no crescimento, senão morremos na praia”, alertou.
CNI EXPLICA: Os chamados Exim Banks são bancos focados em apoiar o financiamento de exportações de bens e serviços dos países.
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