Reindustrialização

Presidente da CNI rebate críticas a subsídio à indústria: 'ninguém reclamava na época do agro'

Ricardo Alban também defendeu a redução dos juros praticados pelo mercado financeiro no Brasil: “é óbvio que eu não concordo com os juros atuais do Brasil"

Ricardo Alban
Ricardo Alban (Foto: Gilberto Sousa/CNI)


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247 - O empresário Ricardo Alban, eleito na quarta-feira (3) para um mandato de 4 anos à frente da Confederação da Indústria (CNI), afirmou ser necessário rever o discurso de reindustrialização para “neoindustrialização” do Brasil diante das oportunidades de pesquisa, inovação e abertura de novos mercados em decorrência das mudanças geopolíticas mundiais. Ele também questionou as críticas e as discussões sobre a concessão de subsídios voltados ao setor industrial. “Ninguém reclamava de subsídio na época que deu grande impulso no agro”, disse. 

“Há uma percepção de atualização. O fato de mudarmos de discurso, de reindustrialização para neoindustrialização, nos motiva mais ainda. Ao olhar para a frente, não podemos falar que é simplesmente uma reindustrialização. O Brasil já foi mais industrializado, mas ainda é, com nichos de indústria de ponta. Mas no todo, temos de repensar onde precisamos recuperar, estimular e até mesmo apoiar necessidades em setores que precisam ter novas vantagens competitivas ou mitigar desvantagens”, disse Alban em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

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Na entrevista, o empresário também disse não concordar com a atual taxa de juros praticadas no Brasil, alvo de duras críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e integrantes do governo, mas ressaltou que as discussões sobre o assunto não podem se transformar em “embate e bandeira política”. 

“É óbvio que eu não concordo com os juros atuais do Brasil, mas eu também entendo que precisamos achar a forma adequada de discutir esse assunto e fazer um movimento uníssono e seguro. Não é transformar isso em embate e bandeira política. Por que não sentamos com todos os setores da economia e fazemos uma discussão técnica e séria para que não se tome nenhuma conotação política e ideológica, para que todos se sintam confortáveis? Hoje, o conceito de segurar os juros é uma preocupação com a inércia da inflação. Seguramente, não existe pressão de demanda para justificar essa política monetária. No Brasil, nós temos uma série de ferramentas, como depósito compulsório, que podem ser usadas em conjunto, mas precisa de um ambiente de confiabilidade”, afirmou. 

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Alban também questionou as críticas em torno de subsídios para o setor industrial. “A palavra subsídio ficou muito pejorativa. Ninguém reclamava de subsídio na época que deu grande impulso no agro, e hoje temos grande admiração pelo agro. Nenhum setor na história do Brasil foi mais subsidiado do que o agronegócio no início da sua pujança. Isso fez mal ou bem? Mas eu não quero usar a palavra subsídio. Incentivos, financiamentos mais direcionados”, afirmou. 

Ainda segundo ele, “tem que existir planejamento e racionalidade e não apenas bravatas. E já que estamos falando da dificuldade de reduzir o custo Brasil e o custo da máquina pública, do outro lado da equação que são as despesas, não podemos só olhar como arrecadar mais. Distorções existem e podemos buscar correções. O equilíbrio fiscal tem de ser buscado nos dois lados da equação. O que nós precisamos agora, nessa neoindustrialização de que estamos falando, é identificar as janelas de oportunidades. O Brasil tem feito pouca inovação, tecnologia e pesquisa e desenvolvimento”.

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