Reindustrialização

Nenhuma atividade econômica do Brasil suporta uma taxa de juros de 13,75%, diz o presidente da CNI

"O Banco Central tem de olhar outros fatores da economia brasileira", cobrou Robson de Andrade

Robson Andrade
Robson Andrade (Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)


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247 - O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, expressou preocupação com o atual patamar dos juros no Brasil, durante entrevista ao Estado de S. Paulo. Ele ressaltou que não há nenhuma atividade econômica no país capaz de suportar os juros elevados praticados atualmente. Andrade também enfatizou que o pacote do governo para o setor automotivo terá um impacto limitado, uma vez que fatores como crédito de longo prazo e baixas taxas de juros são fundamentais para impulsionar os negócios de automóveis e caminhões

"Todos os setores no Brasil veem essa taxa de juros extremamente elevada. Não existe no Brasil nenhuma atividade econômica que possa pagar os juros tão elevados como estamos vendo hoje. Você chega a pagar entre 20% e 30% ao ano, a depender do tamanho da empresa. O Copom tem uma visão de redução da inflação, mas existem mecanismos para conter isso. O mundo inteiro está vendo que existe um processo de desaceleração da inflação e também de desaceleração da elevação das taxas de juros. Em alguns países, se aposta na sucessiva redução dessas taxas. O Brasil precisa fazer isso. O Banco Central tem de olhar outros fatores da economia brasileira. Concordo com a Luiza Trajano. Quando o varejo fala que muitas empresas vão quebrar, é prejudicial para a indústria também, porque o varejo é o nosso mercado", declarou.

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Sobre a relação entre o Planalto e a Câmara dos Deputados, o dirigente avaliou que o desacerto no início do ano resultou em derrotas para o governo. Ele afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa se envolver mais nas negociações com os parlamentares, destacando que a articulação do mandatário será crucial para o avanço da reforma tributária na Câmara. Andrade demonstrou otimismo em relação à aprovação da reforma tributária, ressaltando o sentimento favorável entre os deputados e defendendo que o governo trabalhe para aprová-la até o final de julho. "Estou otimista, porque vejo um movimento na Câmara que é um sentimento de que os deputados estão compreendendo bastante a necessidade de aprovação de uma reforma tributária, e o governo está empenhado nisso também. O que o governo melhor pode fazer neste momento é trabalhar junto com a Câmara para aprovar essa reforma até o fim de julho".

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Além disso, o presidente da CNI propôs que o governo priorize a rápida aprovação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, em vez de buscar ampliar exceções para compras governamentais. Ele enfatizou que o acordo já foi discutido durante muitos anos e é hora de virar essa página, aproveitando as oportunidades que ele proporciona.

Andrade destacou a importância de fortalecer a indústria brasileira e afirmou que a retomada do setor é fundamental para impulsionar o desenvolvimento do país. Ele falou sobre a necessidade de acesso a crédito para investimentos, especialmente para pequenas e médias empresas, assim como a importância do financiamento de exportações. O dirigente mostrou-se animado com a atenção que o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e o presidente estão dando à indústria, mencionando a importância do alinhamento para fortalecer o setor. "O mais positivo de tudo é que pela primeira vez nos últimos anos, talvez décadas, você vê o vice-presidente e o presidente falarem da retomada da indústria, neoindustrialização. O nome pouco importa, o que importa é a vontade de fazer a indústria ter uma importância grande no Brasil. A direção está correta, a de que muita coisa tem que ser feita nessa parte de crédito, do financiamento para investimentos, as exportações. Tem muito conteúdo naquele artigo que foi publicado mostrando que a indústria é que é capaz de fazer o Brasil crescer num patamar adequado, de dar competitividade ao país perante o mundo".

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