Chineses se instalam na Bahia e podem chegar ao ABC. Política industrial volta à pauta do país
BYD já confirmou fábricas em Camaçari e Sinomach iniciou conversas com metalúrgicos. Governo reativou “Conselhão” da indústria
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Rede Brasil Atual - A primeira semana de julho trouxe notícias que podem indicar uma guinada no sentido do apoio à indústria brasileira, que há décadas vem perdendo peso na economia. Da Bahia, veio a confirmação de que a chinesa BYD instalará três fábricas em Camaçari, com investimento previsto de R$ 3 bilhões. Em Brasília, o governo reativou o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falando em “revolução” no setor.
Quase ao mesmo tempo, uma comitiva da também chinesa Sinomach reuniu-se com a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, para conversar sobre a possibilidade de investir na região. As partes assinaram um memorando de intenções, com a presença do presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado federal Fausto Pinato (PP-SP).
O objetivo seria montar ônibus elétricos no Brasil. “Discutimos a possibilidade da instalação de uma unidade aqui no ABC”, afirmou o presidente do sindicato, Moisés Selerges, ao jornal Tribuna Metalúrgica. “É importante esse entendimento para que se instalem na região, transferindo tecnologia, gerando empregos e trazendo investimentos para o país”, acrescentou. Os primeiros contatos foram feitos ainda na China, durante visita oficial de Lula, em abril.
Mercado de veículos elétricos - A entrada dos veículos elétricos vem crescendo aos poucos. No mês passado, o mercado dos chamados veículos leves eletrificados, que inclui modelos totalmente elétricos e híbridos (ampla maioria), somou 6.225 emplacamentos. Em todo o primeiro semestre, foram 32.239 unidades, crescimento de 57,8% sobre igual período de 2022, de acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). A participação no mercado está em torno de 3,4%, um ponto percentual acima em relação ao ano anterior. A entidade acredita que o número pode superar 70 mil neste ano.
Na volta do CNDI, o vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou investimento inicial de R$ 106,16 bilhões, nos próximos quatro anos, para áreas industriais consideradas estratégicas. Também presidente do conselho, ele falou em uma “nova política industrial brasileira”, voltada para atender a demandas da sociedade. O chamado “Conselhão da indústria” se dividirá em seis grupos de trabalho e missões, buscando diretrizes para o setor. “Há todo o empenho na transição energética e na descarbonização.”
Reindustrialização e desigualdade - Segundo o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, o setor (incluindo a agropecuária) representa quase 80% das exportações brasileiras. “Nós representamos 63% dos investimentos em inovação e tecnologia do setor privado. É o setor industrial que dá competitividade para a agricultura, para a pecuária e ao setor de serviços.”
Para o presidente da CUT, Sérgio Nobre, o país “não tem saída” sem uma base industrial “forte e inovadora”. Mas esse processo de reindustrialização, acrescentou, deve passar “pelo combate às desigualdades e pelo tema ambiental, habitação e saneamento, que precisam de programas agressivos”. A CUT integra o CNDI ao lado da Força Sindical e da UGT. O presidente da central afirmou que a ausência de qualquer discussão sobre política industrial no governo anterior agravou a crise do setor – que chegou a responder por mais de um terço da economia brasileira e hoje fica pouco acima de 10%.
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