Reindustrialização

Abimaq: taxa de investimento do Brasil em 19% segue "muito aquém do ideal"

Executivo da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos associa alta taxa de juros à estagnação na industrialização brasileira: "está restringindo o crédito"

Montadora em Betim, perto de Belo Horizonte
Montadora em Betim, perto de Belo Horizonte (Foto: REUTERS/Washington Alves)


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247 - Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, a queda de 1,1% do PIB no quarto trimestre de 2022 em relação ao trimestre imediatamente anterior é reflexo da elevada taxa de juros no país (13,75%), que contribui para manter a taxa de investimento "muito aquém do ideal". O Brasil encerrou 2022 com a taxa de investimento em 18,8%.

“Todos os economistas, de qualquer linha de pensamento, reconhecem hoje que a taxa de investimento precisa se aproximar de 25% na participação do PIB para que o país tenha condições de crescer a 4% ou 5% ao ano. Mas além dessa queda da Formação Bruta de Capital Fixo no último trimestre, causada em grande parte pelo alto custo de financiamento, existe esse problema estrutural que precisa ser resolvido” disse Velloso em entrevista ao Valor Econômico publicada nesta quinta-feira (2).

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O presidente da Abimaq avalia que a política contracionista do Banco Central dá resultado ao tentar conter a inflação, mas está ao mesmo tempo restringindo o crédito no Brasil. "E a Formação Bruta de Capital Fixa é essencialmente ligada ao crédito [...] agora é a aquela questão do veneno e do remédio. No começo [o juro alto] estava certo, mas o exagero na dose pode virar veneno”, acrescenta.

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Velloso afirma que 50% da Formação Bruta de Capital Fixo (medida dos investimentos dentro do PIB) no país são representados pela construção civil, enquanto 33% correspondem ao setor de máquinas e equipamentos (bens de capital). Desta forma, ele aponta que o crescimento de 0,9% do PIB em 2022 foi praticamente todo puxado pela construção civil. 

De acordo com pesquisa interna da Abimaq, 80% das máquinas comercializadas no país estão sendo adquiridas pelo capital próprio de quem compra. Velloso aponta que, devido à falta de crédito, a contribuição do setor vem diminuindo - uma inversão em relação ao passado, quando aproximadamente 80% das máquinas eram financiada.

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Em tal contexto, apenas empresas brasileiras gigantes e as multinacionais conseguem recursos para financiar investimentos pesados: “as pequenas e as médias indústrias ficam chupando o dedo e não conseguem investir. Hoje, uma taxa média do Finampe, no BNDES, está em torno de 22% ao ano. Nessa condição, a máquina não se paga”.

Tal cenário é o responsável pela taxa de investimento ficar estacionada em 18%, insuficiente para melhorar a competitividade no país, segundo o executivo.

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