Vereadora Maria Tereza Capra, cassada por denunciar apologia ao nazismo, recorre contra a decisão

A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), também afirmou que o partido iria recorrer da cassação da parlamentar de São Miguel do Oeste (SC)

Maria Tereza Capra
Maria Tereza Capra (Foto: Reprodução)


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Rede Brasil Atual - A agora ex-vereadora Maria Tereza Capra (PT) de São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, protocolou ação na 1ª Vara Cível da Comarca do município, solicitando a anulação do decreto legislativo que determinou sua cassação, no dia 4 de fevereiro. A ação anulatória foi divulgada ontem (28) pela defesa da parlamentar. Ela afirma que sofreu “perseguição política” por ser a única vereadora do PT na Câmara. 

Conforme reportou à RBA, Maria Tereza perdeu o cargo após ter denunciado saudação nazista de bolsonaristas que protestavam contra o resultado das eleições. Por 10 votos e uma abstenção, os vereadores votaram pela cassação, alegando que a parlamentar teria espalhado fake news ao criticar em suas redes sociais, em novembro, o gesto dos apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Segundo relatório da comissão, a petista foi responsável por “propagar notícias falsas e atribuir aos cidadãos de Santa Catarina e ao município o crime de fazer saudação nazista e ser berço de célula neonazista”. No post citado, Maria Tereza, porém, fazia referência a uma manifestação antidemocrática em frente ao 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado, base do Exército na cidade do oeste catarinense, em 2 de novembro. Eram os primeiros dias em que bolsonaristas ocupavam esses espaços, em várias partes do país, inconformados com a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

O que diz a defesa de Maria Tereza Capra

Entre os pedidos de intervenção militar para impedir a posse de Lula, os bolsonaristas fizeram uma saudação, com os braços estendidos, durante a execução do Hino Nacional do Brasil. O gesto era o mesmo que se fazia ao nazista Adolf Hitler. Na época, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) também denunciou o caso como apologia ao nazismo. 

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A denúncia de Maria Tereza também foi respaldada por uma das maiores especialistas no tema, Adriana Dias, recentemente falecida. Ela pesquisava a movimentação de grupos neonazistas brasileiros há 20 anos. Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Adriana também alertou para o crescimento de células nazistas como a Descanso, em Santa Catarina.

Segundo ela, esse grupo seria o responsável pela manifestação antidemocrática em São Miguel do Oeste. O caso também foi alvo de investigação do Ministério Público do estado que, apesar dos registros, argumentou posteriormente que não havia evidência de crime. 

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As manifestações, contudo, foram lembradas pelo advogado da parlamentar Fabio Tofic Simantob. “O desconforto com o gesto (registrado) não foi exclusivo e nem partiu primeiramente (da parlamentar)”. “A reação de Maria Tereza Capra traduziu um impulso perfeitamente compatível diante da representação coreográfica, em sua cidade. (…) À maneira como se dirigiam os nazistas alemães nos anos de 1930 e 1940, em célebras e aterradoras manifestações de louvor ao seu líder máximo, o chanceler Adolf Hitler”, acrescentou na ação. 

Perseguição e violência de gênero

De acordo com a defesa, “na subsiste a justificar qualquer espécie de punição, muito menos a mais drástica e traumática delas, qual seja a perda de mandato decorrente de cassação”. A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), também afirmou no início de fevereiro que o partido iria recorrer da cassação da vereadora. 

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Maria Tereza também passou a ser alvo de ameaças de morte. Ela inclusive precisou ser incluída no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), por determinação do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, chefiado por Silvio Almeida.

Em entrevista ao Brasil de Fato, ela se disse “estarrecida” com o crescimento da extrema direita no Brasil e da violência que a acompanha. “Eu fico estarrecida com essa situação, porque a violência tem gênero. Nós somos vítimas de violência política e temos sido vítimas cada vez mais da violência política de gênero”, afirmou. 

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