Vargas ao 247: "não vou e jamais pensei em renunciar"
Em entrevista ao 247, deputado licenciado André Vargas (PT-PR) fala em detalhes sobre seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava Jato, da Polícia Federal; "Estou sendo vítima de um julgamento sumário pela mídia e espero ter no Conselho de Ética da Câmara a minha primeira oportunidade de defesa", afirma; 1º vice-presidente da Casa admite ter sido "imprudente" ao voar no jatinho do empresário com sua família, mas defende-se: "não cometi crime algum, jamais tive com ele qualquer relação comercial"; parlamentar acrescenta que prioridade não é eleição, e sim a defesa de sua honra
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247 – Alvo de um processo que será iniciado nesta quarta-feira 9 no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o deputado licenciado André Vargas (PT-PR) defende-se, em entrevista ao 247, das acusações que tem recebido sobre envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava Jato, da Polícia Federal, e de quem alugou um jatinho para voar com sua família de Londrina (PR) para João Pessoa (PB). "Estão querendo transformar uma relação estritamente pessoal em crime", diz o 1º vice-presidente da Câmara.
O deputado, que pediu uma licença não-remunerada de 60 dias alegando "interesses particulares" depois das acusações, afirma que não sabia que Youssef era um doleiro. "Na minha visão, ele não era um doleiro, era uma pessoa reabilitada pela Justiça, já havia pago por seus eventuais crimes, era dono do maior hotel da minha cidade (Londrina) e, até novembro do ano passado, colaborador do Ministério Público. A imagem que eu tinha dele era de um cidadão normal, como qualquer outro", explica.
Vargas admite ter sido "imprudente" no caso do voo, mas ressalta não ter cometido qualquer crime. "Conheço o Youssef há vários anos, várias vezes me encontrei com ele no hotel [de propriedade dele], pedi um favor, que foi o voo. Fui imprudente e respondo por essa imprudência. Mas não cometi crime algum, jamais tive com ele qualquer relação comercial", detalha ainda o parlamentar.
No dia 19 de setembro do ano passado, o deputado e o doleiro conversaram sobre um contrato em estudo no Ministério da Saúde para a produção de medicamentos com o fabricante de genéricos EMS e o laboratório Labogen. Segundo a PF, o doleiro é um dos donos do Labogen, uma empresa de fachada, que estaria no nome de um laranja. Youssef disse a Vargas, em mensagem: "Cara, estou trabalhando, fica tranquilo. Acredite em mim. Você vai ver quanto isso vai valer... Tua independência financeira e nossa também, é claro...".
Ao 247, ele explica o episódio, alegando que esse era um negócio de interesse para o País. "A Labogen é uma empresa que tem 31 patentes, que já existe há décadas, os remédios que seriam produzidos aqui no Brasil (para pressão pulmonar) são todos importados da China e da Índia. Para que eles fossem produzidos aqui, era preciso passar pelos trâmites legais no ministério da Saúde", diz. A denúncia é que Vargas teria ido até o então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para falar sobre o laboratório. Segundo o deputado, o assunto foi comentado com Padilha "num encontro fortuito". "Não fiz advocacia administrativa, jamais fui até o ministro [para isso]".
Questionado sobre a mensagem que cita a "independência financeira" do petista, André Vargas afirma que isso "pode ter sido uma bravata de Alberto Youssef". O parlamentar reforça que sua prioridade absoluta não são as eleições, mas a defesa de sua honra. "Minha prioridade não é a eleição, se fosse assim, poderia ter renunciado para poder ser eleito novamente. Minha prioridade absoluta é a defesa da minha honra". Segundo o colunista Fernando Rodrigues, porém, Vargas já teria perdido o prazo para renunciar, uma vez que, com a Lei da Ficha Limpa, o prazo se esgota na apresentação do pedido de abertura de processo.
"Estou sendo vítima de um julgamento sumário pela mídia e espero ter no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados a minha primeira oportunidade de defesa. Lá, pretendo levar, inclusive, os autos do processo enviados ao Supremo Tribunal Federal, aos quais ainda não tive acesso", prossegue André Vargas. O deputado ressalta que o próprio juiz do Paraná que enviou parte da investigação Lava Jato ao STF – a que cita as mensagens do doleiro a Vargas – não apontou qualquer indício de crime relacionado a ele.
O parlamentar ressalta que completa 14 anos consecutivos de mandato, é bem avaliado pela população do Paraná e possui patrimônio avaliado hoje em R$ 800 mil, "absolutamente compatível com os meus rendimentos". "Não vou renunciar, nunca quis, porque a prioridade é a honra, espero poder me defender de coisas que venho sendo acusado injustamente", completa.
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