Relação com doleiro afasta André Vargas
Primeiro vice-presidente da Câmara pediu licença não-remunerada do cargo de deputado alegando "interesses particulares"; André Vargas (PT-PR) está sendo questionado por sua relação com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato; PSDB, DEM e PPS também se uniram pela cassação do deputado; se aprovada, investigação terá sequência mesmo com Vargas afastado
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247, com Agência Câmara - O 1º vice-presidente da Câmara, deputado Andre Vargas (PT-PR), entrou com pedido de licença por 60 dias, sem remuneração, para "tratar de interesses particulares", de 7 de abril a 5 de junho. O cargo de 1º vice-presidente da Câmara ficará vago nesse período e as tarefas do cargo podem ser designadas a qualquer membro da Mesa Diretora. Para compor o quórum da Mesa Diretora, será chamado o primeiro suplente do colegiado, deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE).
Uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo, publicada na semana passada, informa que Vargas usou um avião contratado pelo empresário Alberto Youssef para uma viagem a João Pessoa. Segundo o jornal, o empréstimo da aeronave foi discutido entre os dois por mensagem de texto no início de janeiro. O parlamentar explicou, por nota, que é amigo de Youssef e negou envolvimento com os negócios do doleiro.
No discurso em Plenário no último dia 2, Vargas voltou a negar envolvimento com o doleiro Alberto Youssef. De acordo com reportagem da revista Veja desta semana, que divulgou mensagens interceptadas pela Polícia Federal em que Vargas teria prometido ajudar Youssef em contratos que o doleiro pretendia fechar com o governo federal na área da Saúde.
Youssef está preso desde o dia 17 pela Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal em seis estados e no Distrito Federal. Mais de 20 pessoas foram presas suspeitas de participar do esquema de lavagem de dinheiro que, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), movimentou mais de R$ 10 bilhões. Um dos presos foi o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
STF e nova representação no Congresso
A Justiça Federal do Paraná decidiu enviar para o Supremo parte da investigação sobre lavagem de dinheiro que envolve o nome de André Vargas. Foram despachados os diálogos e mensagens do deputado com o doleiro.
"Revendo os autos constato que, entre os diversos fatos investigados, foram colhidos, em verdadeiro encontro fortuito de provas, elementos probatórios que apontam para relação entre Alberto Youssef e André Vargas, deputado federal", afirma em seu despacho o juiz federal Sérgio Moro.
O magistrado pondera, no entanto, que é "prematura a afirmação de que tal relação teria natureza criminosa".
O Psol entrou com uma nova representação nesta segunda-feira 7, agora trazendo a transcrição das trocas de mensagens entre Vargas e Youssef. O documento foi enviado para análise jurídica. Se for acatado, será enviado ao corregedor da Câmara, que elabora um parecer sobre a possibilidade ou não de investigar o deputado.
Se a Mesa Diretora entender que o deputado deve ser processado, o caso vai para análise do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Depois de aberto o processo no Conselho, se for o caso, mesmo que Andre Vargas renuncie ao mandato, o processo terá continuidade.
Na semana passada, o Psol havia entrado com a primeira representação contra o parlamentar. O caso será decidido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves. Ele poderá recomendar à Corregedoria Parlamentar da Casa a abertura de representação por quebra de decoro.
Na sexta-feira (4), a Secretaria-Geral da Mesa apresentou parecer propondo o arquivamento do pedido do Psol para investigar André Vargas. O pedido foi feito pelo líder do Psol, deputado Ivan Valente (SP), na quinta (3), em ofício endereçado a Alves.
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