Por R$ 500 mil, irmão de Richa favorece empresa

Secretário de Logística do Paraná e irmão do governador tucano Beto Richa, Pepe Richa é acusado pela empresária Ana Aquino, de ter recebido meio milhão de reais para facilitar entrada da empresa dela no Estado, através de um negócio milionário com a montadora Renault do Brasil; negócio não deu certo, mas ela garante que dinheiro foi pago ao irmão de Richa; empresária é personagem da semana da capa da revista Istoé; além da denúncia contra a cúpula do governo paranaense, ela também diz ter pago propina a Carlos Lupi

Secretário de Logística do Paraná e irmão do governador tucano Beto Richa, Pepe Richa é acusado pela empresária Ana Aquino, de ter recebido meio milhão de reais para facilitar entrada da empresa dela no Estado, através de um negócio milionário com a montadora Renault do Brasil; negócio não deu certo, mas ela garante que dinheiro foi pago ao irmão de Richa; empresária é personagem da semana da capa da revista Istoé; além da denúncia contra a cúpula do governo paranaense, ela também diz ter pago propina a Carlos Lupi
Secretário de Logística do Paraná e irmão do governador tucano Beto Richa, Pepe Richa é acusado pela empresária Ana Aquino, de ter recebido meio milhão de reais para facilitar entrada da empresa dela no Estado, através de um negócio milionário com a montadora Renault do Brasil; negócio não deu certo, mas ela garante que dinheiro foi pago ao irmão de Richa; empresária é personagem da semana da capa da revista Istoé; além da denúncia contra a cúpula do governo paranaense, ela também diz ter pago propina a Carlos Lupi (Foto: Valter Lima)


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247 - A empresária Ana Cristina Aquino, empresária investigada pela Polícia Federal, por envolvimento em esquemas de corrupção, diz ter pago R$ 500 mil a Pepe Richa, irmão do governador do Paraná, o tucano Beto Richa, para facilitar a entrada da empresa dela no Estado para fechar um negócio milionário com a montadora Renault do Brasil. Além de Pepe Richa, que hoje secretário de Logística, o atual represenante do governo paranaense em Brasília, Amaury Escudero, também fez parte do negócio. A empresária Ana Cristina Aquino fez também denúncia contra o ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), acusando-o de ter recebido R$ 200 mil em forma de propina para que ela pudesse abrir um sindicato. Ambas as denúncias foram publicadas na edição desta semana da revista Istoé.

De acordo com Ana Aquino, ficou decidido que o secretário Pepe Richa e Escudero pressionariam a montadora para contratar sua transportadora, usando como instrumento de barganha uma série de isenções ficais concedidas pelo governo a montadoras nos últimos anos. O apoio, entretanto, custaria alto. "Eu perguntei ao Amaury: 'O que o senhor ganha com isso? O senhor vai me botar na Renault de graça, do nada?' Ele então falou que eles ficariam com 20% da empresa. Mas que colocaria em nome do advogado João Graça. Seriam 10% de um e 10% do outro", afirmou em entrevista à Istoé.

Abaixo matéria assinada pela jornalista Izabelle Torres, na íntegra:

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Esquema paranaense

Em depoimento registrado em cartório sobre os esquemas dos quais participou, a empresária Ana Cristina Aquino envolve a cúpula do governo do Paraná. Em pelo menos quatro páginas desse registro, Ana descreve um emaranhado de ligações de políticos com empresários em torno do interesse em negócios milionários e suspeitos e diz temer pela própria vida desde que decidiu contar o que sabe. Segundo ela, Pepe Richa, hoje secretário de Logística e irmão do governador do Paraná, o tucano Beto Richa, e Amaury Escudero, atual representante do escritório do governo em Brasília, se tornaram seus parceiros no ambicioso plano: o de abrir uma filial da sua empresa no Estado com a finalidade de fechar um contrato com a montadora Renault do Brasil. Um negócio que poderia render milhões por mês.

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De acordo com o depoimento da empresária, a negociação era intermediada pelo advogado João Graça, que é do PDT e chegou a ser cotado para a vaga de suplente da senadora e ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, em 2010. Segundo Ana Aquino, João Graça se aproximou do poder no Paraná depois de comandar a Superintendência Regional do Trabalho, entre 2007 e 2009. No segundo semestre de 2012, disse a empresária, o advogado marcou uma reunião entre ela e Amaury Escudero. O objetivo era arquitetar como agiriam em grupo para viabilizar o negócio com a Renault. No encontro, segundo a empresária, ficou decidido que o secretário Pepe Richa e Escudero pressionariam a montadora para contratar a transportadora de Ana, usando como instrumento de barganha uma série de isenções ficais concedidas pelo governo a montadoras nos últimos anos. O apoio, entretanto, custaria alto. "Eu perguntei ao Amaury (Escudero): 'O que o senhor ganha com isso? O senhor vai me botar na Renault de graça, do nada?' Ele então falou que eles ficariam com 20% da empresa. Mas que colocaria em nome do advogado João Graça. Seriam 10% de um e 10% do outro", afirmou em entrevista à ISTOÉ.

Documento da Junta Comercial referente à empresa AGX Log – criada também por ela – mostra que João Graça se tornou dono de 20% das cotas em julho de 2012. O advogado apresentou duas versões para o fato. Na primeira, disse que nunca foi sócio da Ana Aquino e nem sequer conhecia a empresária. Confrontado com os registros oficiais, admitiu a sociedade. Graça oficializou sua saída em agosto do ano passado, depois de um desentendimento com Ana Cristina. Procurado novamente na quinta-feira 23, disse que não se manifestaria sobre as denúncias até conhecer o teor das escutas. Na sexta-feira 24, Escudero disse à ISTOÉ que as acusações são falsas e que jamais houve as reuniões citadas pela empresária. Ele afirma que os acessos a seu gabinete são todos registrados e que pode comprovar que a empresária está mentindo. "Não posso aceitar ser objeto de um jogo político que nem sei qual é. Essa pessoa não tem credibilidade para me acusar", afirma Escudero.

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O depoimento da empresária revela outra faceta do negócio. Em troca do apoio para que o grupo AG Log entrasse no Paraná e conseguisse o contrato da Renault, o irmão do governador também teria recebido propina. "O Pepe Richa recebeu R$ 500 mil. Não foi da minha mão, foi da mão da Suzana Leite, uma lobista. O Gabardo (Sergio) me entregou o dinheiro para eu levar ao Paraná. Dei o dinheiro para ela e fiquei dentro do carro esperando", diz ela. A entrega teria ocorrido na semana anterior à inauguração da sede da AGX Log no Estado, em 11 de abril de 2013. Segundo Ana, Pepe estaria tão envolvido com os negócios da transportadora que emprestou o seu nome para figurar no convite da festa de inauguração, a pretexto de fazer uma palestra, e ainda se encarregou de distribuí-lo aos políticos. " Como ele estava ganhando, deu essa ajuda porque eu não era conhecida. Não levaria os políticos para o evento", disse. Suzana Leite afirmou que as acusações não têm fundamento. Já Pepe Richa classificou as declarações de Ana Cristina de "infundadas, caluniosas e irresponsáveis". Disse ainda que a AG Log não é prestadora de serviços da Renault no Paraná.

No documento que registrou em cartório, a empresária confirma que a negociata não deu certo. O contrato não saiu, mas as dívidas da empresa se multiplicaram. Incentivada pelo grupo a buscar dinheiro no mercado para montar a frota exigida pela montadora, Ana Aquino recorreu a agiotas. Para validar os empréstimos, ela diz que apresentava um contrato assinado pelos integrantes do governo e pelo funcionário da Renault Julio Barrinuevo, que também teria recebido propina para facilitar o negócio com a montadora. O contrato não tinha validade jurídica nem veracidade. "Só quem se deu mal fui eu", disparou.

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