PCC toma conta da tríplice fronteira pela segurança
O Jornal Hoje, de Cascavel, no Oeste do Paraná, traz reportagem de Juliet Manfrin sobre a instalação do PCC (Primeiro Comando da Capital) na região da tríplice fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina); na prática, o jornal denuncia o descontrole da Segurança Pública no Estado do Paraná
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Blog do Esmael - O insuspeito Jornal Hoje, de Cascavel, no Oeste do Paraná, traz reportagem de Juliet Manfrin sobre a instalação do PCC (Primeiro Comando da Capital) na região da tríplice fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina). Na prática, o jornal, de propriedade do deputado federal tucano Alfredo Kaefer (PSDB), denuncia o que todos os paranaenses já sabem faz tempo: Beto Richa (PSDB) perdeu o controle da Segurança Pública. Enquanto o pau canta na fronteira, o tucano visita New York, New Iork...
Leia o texto:
PCC avança e Cascavel se torna importante polo na fronteira
por Juliet Manfrin
A incorporação de pequenos grupos criminosos já faz parte da estratégia ousada do PCC (Primeiro Comando da Capital) que praticamente exterminou, a partir da fusão, com o segundo mais poderoso da área: o Comando vermelho. Para isso, a organização que nasceu no estado de São Paulo e que comanda atos criminosos de dentro de cadeias e presídios em todo o País, está se alastrando e criando raízes cada vez mais profundas em inúmeras cidades brasileiras.
O acompanhamento feito por forças policiais na região Oeste revela que o PCC está, mais do que nunca, presente em alguns municípios. Cascavel já funciona como um dos núcleos mais importantes ao bando que também tem agido como intermediador entre gangues e pequenas ações, uma espécie de célula-mãe, um paladino da justiça no meio. O Primeiro Comando tem dado a cartada final para resolver conflitos entre grupos criminosos.
Em levantamento recente feito pela Polícia Federal vem esta e outras constatações. O PCC também se instalou do outro lado da fronteira, no Paraguai, bem próximo do Paraná e do Mato Grosso do Sul.
Dali é mais fácil comandar o ciclo da maconha, desde o plantio até o processamento e o transporte da droga. Para eliminar com os atravessadores, o Primeiro Comando da Capital está investindo pesado em plantações de grande escala da erva no país vizinho.
E onde Cascavel se consolida nisso tudo? Com base neste mesmo levantamento de agentes da PF e de acompanhamento de outras forças policiais que atuam na fronteira, é possível identificar que, dos núcleos regionais, a cidade é uma das mais atuantes.
Atualmente são aproximadamente 100 detentos nas unidades prisionais locais – carceragem da 15ª Subdivisão Policial, PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel) e PIC (Penitenciária Industrial de Cascavel). Geralmente eles são mulas – nome dado a pessoas que traficam drogas para a facção. São traficantes presos na região e que permanecem cem detidos na cidade. Ao serem pegos ampliam com facilidade a rede dentro do sistema prisional com a autorização do PCC. Atrás das grades eles podem "batizar" outros presos para que sejam "fiéis" ao grupo que passa oferecer certas regalias, mas que custam caro. O batizado tem por obrigação, assim que deixar a cadeia, de trabalhar para o grupo. Se não o fizer, o preço pode ser alto, com a vida ou a vida de pessoas próximas.
Famílias se instalam na cidade
"No caso dos que ficam detidos em Cascavel, por exemplo, eles continuam na cidade depois de ganhar a liberdade e assim criam novas raízes", conta um agente da PF.
Como muitas vezes são longos anos de prisão, a família acaba se instalando na cidade. O que dificulta ainda mais a saída. "E aqui também é uma região estratégica. Cascavel aparece em todas as principais rotas de tráfico na fronteira. É um núcleo importantíssimo, afinal está muito próximo do Paraguai e é uma cidade grande", pondera.
Um dos maiores receios está na infiltração dessas pessoas que passam a viver em residenciais, ou áreas invadidas, por exemplo. "Aos poucos vai se perdendo o controle e eles se alastram com facilidade", destacou.
Já que funciona como uma espécie de irmandade, ao incorporar pequenos grupos criminosos o PCC se torna, cada vez, uma célula fortalecida e difícil de ser combatida. Há registros recentes aonde os líderes das chamadas "bocas" – locais para comercialização de drogas – se desentenderam e os grupos pedem a autorização do PCC para acertar as contas, matar o adversário. "E não adianta pensar que isso só está acontecendo em grandes centros, esta é uma realidade de cidades de médio e de pequeno porte como no caso de Cascavel, Guaíra e Foz do Iguaçu", segue o PF.
Um agente penitenciário, que por segurança preferiu manter sua identidade em sigilo, conta que até o sistema prisional tem receio da facção e de seus afiliados. "Já recebemos emails de superiores pedindo para que tenhamos muito cuidado porque aqui fora somos nós, agentes, e eles, criminosos. Quem deveria nos proteger da criminalidade nos pede para termos cuidados, nos curvarmos. É difícil entender isso", ressalta ao alegar que medo é um fiel companheiro de muitos profissionais do meio.
"Muitos de nós estão, inclusive, jurados de morte", segue o agente.
E é este avanço do crime organizado, as ações desmedidas de criminosos e as falhas no sistema prisional de Cascavel, investigados pelo Hoje, que se tornará uma série de reportagens que você acompanha com exclusividade aqui.
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