Padilha processará Vargas, que deverá ficar calado
O pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, não tem escolha, a não ser acionar na Justiça o deputado André Vargas (sem partido-PR) para que ele explique a frase "foi o Padilha que indicou", sobre a nomeação do ex-assessor Marcus Cezar Moura no laboratório Labogen; Vargas, por sua vez, já sinalizou que responderá qualquer questionamento "apenas nos foros competentes"; isso significa que as versões de um e de outro não serão confrontadas antes das eleições de outubro; no fio da navalha, Vargas conta com a solidariedade dos companheiros para evitar sua cassação
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Paraná 247 - Nos próximos dias, o ex-ministro Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, deverá cumprir a promessa feita em entrevista coletiva na última sexta-feira. Irá constituir advogado para ter acesso aos autos da Operação Lava Jato e também processará todos aqueles que associaram seu nome ao caso do laboratório Labogen, do doleiro Alberto Yousseff.
Na prática, isso significa que Padilha não tem escolha, a não ser interpelar judicialmente o deputado André Vargas (sem partido-PR), que, numa mensagem interceptada pela Polícia Federal, disse "foi o Padilha que indicou", numa referência ao ex-assessor do Ministério da Saúde Marcus Cezar Moura, contratado pelo Labogen. "Vou buscar esclarecimento de qualquer suposto envolvimento do meu nome a partir de mensagens de terceiros. Vou interpelar qualquer pessoa que tiver usado meu nome em vão, inclusive o senhor André Vargas. Não admito", disse Padilha, na coletiva.
A partir desse instante, Vargas passará a ser assediado por uma imprensa ávida pelo confronto de sua versão com a do ex-ministro Padilha. O que dirá o deputado que se desfiliou do PT na mesma sexta-feira em que Padilha concedeu sua entrevista coletiva? Irá confirmar o "foi o Padilha que indicou" ou dirá que foi apenas uma bravata?
Na verdade, a tendência é que Vargas não diga absolutamente nada e passe a evitar contatos com jornalistas. Por orientação de seus advogados, dirá que responderá qualquer questionamento apenas nos foros competentes. Ou seja: a interpelação de Padilha – necessária para que sua candidatura supere a crise atual e chegue a outubro com possibilidades de êxito – será respondida apenas no Judiciário. Assim, as versões de um e de outro dificilmente seriam confrontadas antes das eleições para o governo paulista.
No fio da navalha, Vargas tem hoje como preocupação central a preservação de seu mandato. Embora tenha se desfiliado do PT, ele conta com a solidariedade dos companheiros para evitar sua cassação. Em conversas com amigos, Vargas foi alertado que poderia ser preso pelo juiz Sergio Moro, do Paraná, caso renunciasse ao mandato e perdesse o foro privilegiado.
Hoje, sua defesa é conduzida pelo criminalista Michel Saliba, que o ajudou a preparar a nota sobre sua desfiliação do PT:
Comuniquei oficialmente ao Partido dos Trabalhadores nesta manhã o meu desligamento da sigla, após vinte e quatro anos de uma relação que me concedeu oportunidades para servir ao meu estado e ao Brasil. Deixo registrado o meu sincero agradecimento. Sem partido, irei dedicar-me agora à minha defesa no Conselho de Ética da Câmara, confiante de que me serão asseguradas as prerrogativas do contraditório e da ampla defesa. Confio na isenção, imparcialidade e tratamento isonômico da Câmara em relação ao meu caso, reafirmando a minha crença na Democracia e no Estado de Direito.
Ninguém espere que, no momento delicado que vive, Vargas atire qualquer pedra contra o ex-ministro Alexandre Padilha.
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