Ouvido por CPI, Dirceu permanece em silêncio

Deputados da CPI que investiga denúncias contra a Petrobras na Câmara foram até Curitiba (PR) tentar ouvir o ex-ministro da Casa Civil nesta segunda-feira; José Dirceu, no entanto, decidiu exercer seu direito de ficar calado; "Seguindo orientação dos meus advogados, permanecerei em silêncio", disse ele, repetidas vezes

Deputados da CPI que investiga denúncias contra a Petrobras na Câmara foram até Curitiba (PR) tentar ouvir o ex-ministro da Casa Civil nesta segunda-feira; José Dirceu, no entanto, decidiu exercer seu direito de ficar calado; "Seguindo orientação dos meus advogados, permanecerei em silêncio", disse ele, repetidas vezes
Deputados da CPI que investiga denúncias contra a Petrobras na Câmara foram até Curitiba (PR) tentar ouvir o ex-ministro da Casa Civil nesta segunda-feira; José Dirceu, no entanto, decidiu exercer seu direito de ficar calado; "Seguindo orientação dos meus advogados, permanecerei em silêncio", disse ele, repetidas vezes (Foto: Gisele Federicce)


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247, com Agência Câmara – Os deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga denúncias contra a Petrobras, na Câmara, interrogaram o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu na manhã desta segunda-feira 31. Eles foram até Curitiba, onde Dirceu está preso.

O ex-ministro, no entanto, decidiu permanecer calado. "Seguindo orientação dos meus advogados, permanecerei em silêncio", disse ele repetidas vezes em resposta às perguntas do relator, Luiz Sérgio (PT-RJ). Depois de terminada a lista de inscritos para perguntas, Dirceu foi liberado.

O advogado de Dirceu, Roberto Podval, já havia informado que o ex-ministro ficaria calado na CPI. João Antônio Bernardi, funcionário da empresa Saipem, é o próximo a ser ouvido pelos parlamentares.

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Luiz Sérgio perguntou se Dirceu prestou consultoria para as empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, mas o ex-ministro manteve-se em silêncio. Com isso, o relator disse que não iria mais fazer perguntas a ele.

José Dirceu foi preso quando cumpria pena de 7 anos de prisão em regime domiciliar por envolvimento no mensalão. O Ministério Público suspeita que a empresa de consultoria dele recebeu dinheiro desviado da Petrobras. Ele nega.

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Depois de Dirceu, o empresário João Antonio Bernardi Filho também foi dispensado pela CPI da Petrobras por se recusar a responder as perguntas dos deputados.

Bernardi foi denunciado pelo MPF por corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro junto com o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, a advogada Christina Maria da Silva Jorge e os empresários Antônio Carlos Briganti Bernardi e Júlio Gerin de Almeida Camargo.

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"O senhor era laranja de Renato Duque?", perguntou o deputado Altineu Cortes (PR-RJ). "Não vou responder", disse Bernardi.

Ele repetiu a mesma resposta diversas vezes e chegou a rir quando perguntado a respeito de um assalto do qual teria sido vítima, no Rio de Janeiro, supostamente ao levar R$ 100 mil de propina para Renato Duque.

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Segundo a denúncia do Ministério Público, entre os meses de janeiro e agosto de 2011, Bernardi prometeu o pagamento de R$ 100 mil a Renato Duque. A investigação aponta que, no dia em que o pagamento seria efetivado, o empresário foi assaltado com R$ 100 mil em espécie, quase em frente à sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro.

Os procuradores afirmam que Bernardi, representante da empresa italiana Saipem, controlava a offshore Hayley, com sede no Uruguai e conta bancária na Suíça, usada para a lavagem de dinheiro e o pagamento de propina para Duque.

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De acordo com o MPF, o empresário ofereceu a propina a Duque para que a Saipem vencesse a licitação da Petrobras para a instalação do gasoduto submarino de interligação dos campos de Lula e Cernambi, localizados na Bacia de Santos.

Terceiro depoente do dia, o executivo Otávio Marques de Azevedo, presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, também foi dispensado pela CPI depois de se recusar a responder as perguntas na audiência que ocorre em Curitiba.

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O presidente da Andrade Gutierrez foi preso na 14ª etapa da Lava Jato. Ele admitiu em depoimento, um mês antes, ter sido procurado por Fernando Antônio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, para que a empreiteira fizesse doações de campanha ao PMDB.

Soares é apontado pela Polícia Federal como operador do PMDB no esquema de desvio de recursos e pagamento de propina na Petrobras. Ele e o partido negam.

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Segundo depoimento de Azevedo à PF, Soares era representante da empresa italiana Acciona e propôs a ele parcerias em negócios, como ampliação do canal do Panamá, mas nada foi adiante.

"Conhece Fernando Baiano?", perguntou o deputado Bruno Covas (PSDB-SP). "Vou permanecer calado", respondeu o empresário.

À polícia, Azevedo negou que a Andrade Gutierrez tenha participado do esquema de cartel em obras da Petrobras. Ele apontou que, apesar de ser a segunda maior empreiteira do país, a Andrade Gutierrez ficou na 12ª posição na participação de contratos com a estatal.

Segundo o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, a empreiteira pagou propina relativa a seis contratos da Petrobras, com valor total de R$ 4 bilhões.

O quarto depoente foi o ex-diretor da área internacional da Petrobras Jorge Zelada, que também optou pelo direito de permanecer calado. "Por orientação da minha defesa, vou permanecer em silêncio", respondeu Zelada ao relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).

Jorge Zelada foi o sucessor de Nestor Cerveró, também preso pela Operação Lava Jato, na diretoria da área Internacional da Petrobras. Ele comandou o setor entre 2008 e 2012.

Ele foi acusado de participar do esquema de propina, em depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e do ex-gerente da área de Serviços Pedro Barusco. Segundo Barusco, Zelada foi beneficiado na época em que era gerente geral de obras da Diretoria de Engenharia e Serviços. Mas Barusco não soube informar se Zelada continuou a receber vantagens indevidas no cargo de diretor da área Internacional.

Zelada foi denunciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Segundo a denúncia, os lobistas Hsin Chi Su, também chamado de Nobu Su, e Hamylton Padilha repassaram US$ 31 milhões em propina para Zelada, para o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa e para o PMDB. Conforme a denúncia, o partido era o responsável pela indicação de Zelada para o cargo e beneficiário do dinheiro ilegal do esquema.

"A CPI tem que se concentrar nas operações internacionais da Petrobras, já que ela adquire ativos no exterior sem licitação", disse o deputado Altineu Cortes (PR-RJ).

O último depoente da reunião de hoje é o empresário Elton Negrão de Azevedo, executivo da empreiteira Andrade Gutierrez.

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