Moro: ‘corrução não é só problema do governo, é da empresa que paga propina’

O juiz federal Sérgio Moro afirmou, em Brasília, que tem aceitado dar palestras a empresas para passar "recado óbvio" de que elas têm responsabilidade na corrupção; "Tenho concordado em dar palestras com certas frequência a entidades empresariais, tem sido um pouco cansativo por conta da agenda, mas acho importante porque eu dou aquele recado óbvio de que [a corrupção] não é só problema do governo, é problema da empresa que paga propina", disse Moro, em seminário sobre "democracia, corrupção e Justiça" promovido pela universidade UniCEUB; "Se o empresário decide não pagar, já é um grande passo"

Brasília- DF- Brasil- 07/04/2015- O juiz federal Sérgio Moro participa de apresentação de um conjunto de medidas contra a impunidade e pela efetividade da Justiça, na sede Associação dos Juízes Federais do Brasil (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Brasília- DF- Brasil- 07/04/2015- O juiz federal Sérgio Moro participa de apresentação de um conjunto de medidas contra a impunidade e pela efetividade da Justiça, na sede Associação dos Juízes Federais do Brasil (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) (Foto: Leonardo Lucena)


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Paraná 247 - O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato em primeira instância, afirmou nesta quarta-feira (10), em Brasília, que tem aceitado dar palestras a empresas para passar "recado óbvio" de que elas têm responsabilidade na corrupção.

"Tenho concordado em dar palestras com certas frequência a entidades empresariais, tem sido um pouco cansativo por conta da agenda, mas acho importante porque eu dou aquele recado óbvio de que [a corrupção] não é só problema do governo, é problema da empresa que paga propina", disse Moro, durante seminário sobre "democracia, corrupção e Justiça" promovido pela universidade UniCEUB para seus estudantes. "Se o empresário decide não pagar, já é um grande passo", acrescentou.

Ao rebateu as críticas de advogados à Lava Jato, Moro disse, por exemplo, que as prisões preventivas só ocorreram quando havia "risco ao processo, risco à aplicação da lei penal ou risco à reiteração delitiva". "Tenho muito bem presente que prisão preventiva é excepcional", complementou.

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O magistrado disse que as delações premiadas não são a prova principal dos processos, porque são corroboradas por dados bancários obtidos principalmente via cooperação internacional. Moro citou ter passado por "grande perturbação" ao ver que houve cometimentos de crime no mesmo período em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgava o 'mensalão' e também pela naturalidade com que os delatores falavam do pagamento e recebimento de propina.

O juiz disse esperar que a Lava Jato "propicie uma agenda de reformas" e que o caso deve ser encarado sob uma "perspectiva otimista de que esse quadro nos propicia oportunidade única de mudança e nós devemos aproveitar essa oportunidade".

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Presente no evento, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato no Ministério Público Federal em Curitiba, defendeu a realização de mudanças pelo Congresso Nacional e pediu apoio às 'Dez Medidas contra Corrupção', propostas pelo Ministério Público e que foram enviadas ao Congresso como projeto de lei de iniciativa popular após receber cerca de dois milhões de assinaturas. "A corrupção no Brasil é um crime de baixo risco e alto benefício. Nós precisamos mudar essa realidade", disse.

Também participaram do evento o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso, o ex-ministro Carlos Ayres Britto, e a professora de direito dos Estados Unidos Susan Rose-Ackerman.

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