Moro contesta impacto da Lava Jato na recessão

Juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processos da Operação Lava Jato, discordou nesta segunda-feira 31, durante evento em São Paulo, da tese de que a investigação tem prejudicado a economia; "Vejo com pesar a recessão. Eventualmente, alguns dizem que a operação tem uma parcela de culpa nisso. Dou o exemplo da Refinaria Abreu e Lima. Não foi a Operação que fez com que os custos da sua construção passassem de US$ 2 bilhões para US$ 18 bilhões", afirmou; "O policial que descobre o cadáver não é culpado pelo homicídio", argumentou; no entanto, Moro mantém o otimismo sobre a solução para a crise, que, segundo ele, é passageira; com uma dose de bom humor, o juiz lembrou-se do filme Batman: O Cavaleiro das Trevas: "A noite é sempre mais escura antes do amanhecer"

Brasília- DF- Brasil- 07/04/2015- O juiz federal Sérgio Moro participa de apresentação de um conjunto de medidas contra a impunidade e pela efetividade da Justiça, na sede Associação dos Juízes Federais do Brasil (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Brasília- DF- Brasil- 07/04/2015- O juiz federal Sérgio Moro participa de apresentação de um conjunto de medidas contra a impunidade e pela efetividade da Justiça, na sede Associação dos Juízes Federais do Brasil (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) (Foto: Paulo Emílio)


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Do InfomoneyA operação Lava Jato, que investiga irregularidades envolvendo a Petrobras, tem mostrado novas faces da corrupção no Brasil e já é um marco para a história do país no combate a malfeitos. Em evento realizado em São Paulo pela revista Exame, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pela condução da Operação Lava Jato, disse que a corrupção sistêmica gera expressivos custos à redução da autoestima do país. Para ele, o Brasil sofre dificuldades de se olhar no espelho e encarar a situação perante a comunidade internacional.

Apesar do cenário de adversidades também inspirar pessimismo, Moro enxerga boas oportunidades no horizonte. "O momento atual pode ser uma janela para a iniciativa privada. Somos dependentes do poder público, que se move de maneira lenta. A iniciativa privada tem melhores condições de agir rapidamente", disse. Para ele, a iniciativa privada também tem o poder de cobrar do poder público mudanças efetivas. Moro acredita que, embora o quadro seja ruim no curto prazo, há esperança de um futuro melhor desde que não haja comodismo.

De qualquer forma, mesmo vislumbrando a importância da Operação Lava Jato, o juiz não alimenta esperanças de que ela mudará o país e que haveria maior profundidade nos problemas em questão. "Não podemos confiar que o caso na minha mão vai mudar essa prática (a corrupção)", disse. Conforme lembrou Moro durante seu discurso, as mesmas expectativas incidiam sobre o Mensalão. Hoje, alguns envolvidos naquele escândalo de corrupção voltam a ser protagonistas no caso dos ilícitos envolvendo a Petrobras, caso do ex-ministro da Casa Civil durante a gestão Lula, José Dirceu. "A corrupção como crime, como um ato de desvio do ser humano, é algo que sempre irá acontecer, não importa o que façamos", disse. Mas, para mitigar seus efeitos, ele diz que é importante lembrar que "corrupção envolve quem paga e quem recebe", o que sempre traz efeitos sobre a economia.

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Moro discordou da tese defendida também por algumas autoridades do governo sobre os efeitos econômicos causados pela Lava Jato. "Vejo com pesar a recessão. Eventualmente, alguns dizem que a operação tem uma parcela de culpa nisso. Dou o exemplo da Refinaria Abreu e Lima. Não foi a Operação que fez com que os custos da sua construção passassem de US$ 2 bilhões para US$ 18 bilhões", afirmou. Ele argumentou que um policial que descobre um cadáver não é culpado pelo homicídio. No entanto, ele mantém o otimismo sobre a solução para a crise, que, segundo ele, é passageira. Com uma dose de bom humor, o juiz lembrou-se do filme Batman: O Cavaleiro das Trevas: "A noite é sempre mais escura antes do amanhecer".

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