Material didático no Paraná ‘ensina’ diferenças entre ‘mentalidade rica’ e ‘mentalidade pobre’

Sindicato que representa professores acusa a Secretaria de Educação de promover ‘estigmatização da pobreza’

O governador do Paraná, Ratinho Jr
O governador do Paraná, Ratinho Jr (Foto: Aen/Divulgação)


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247 — A Secretaria de Educação do Paraná foi acusada de promover “estigmatização da pobreza” ao abordar conteúdos sobre educação financeira com os estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental, segundo o APP Sindicato. O sindicato representa professores e funcionários de escolas do Paraná.

O material de apoio sugere que os alunos aprendam “as principais diferenças entre pessoas de mentalidade rica e de mentalidade pobre”, listando características que caracterizariam cada um dos perfis. Uma pessoa de “mentalidade rica”, conforme o material, assume os próprios erros, vê as adversidades como aprendizado, tem ânsia de aprender, planeja o futuro e faz o dinheiro trabalhar. Já alguém de “mentalidade pobre” culpa os outros e o governo, vê as adversidades como insuperáveis, não planeja o futuro e trabalha pelo dinheiro.

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“A pergunta mais importante que deve responder a si mesmo é: para onde a sua mentalidade financeira atual está te levando?”, diz ainda a peça de apoio.

“Senhoras e senhores: material de apoio de educação financeira para o 6° ano da rede estadual do Paraná (Educação Integral). Estigmatização da pobreza. Glorificação do dinheiro. Total ignorância sobre a realidade dos estudantes da escola pública”, escreve a entidade. “Redução da abissal desigualdade do País a uma questão de mérito individual. A ilusão de que é possível sair da miséria por meio da força de vontade. Ideologia de herdeiro, autoajuda barata e coach quântico substituindo as ciências sociais e o debate sobre as raízes da pobreza.”

O material compôs programas educacionais de educação em tempo integral do estado, sob o governo de Ratinho Junior (PSD-PR). A Secretaria de Educação do Paraná informou à Carta Capital que o conteúdo foi retirado da plataforma que disponibiliza referências para as aulas. A secretaria disse ainda que a peça foi desenvolvida por um professor e que ela não foi validada pelo governo estadual, uma vez que os docentes têm autonomia para alterar os materiais ou não utilizá-los.

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Ainda, a pasta declarou também ter aberto um procedimento interno para avaliar como o conteúdo foi produzido e de que forma ele foi disponibilizado na plataforma. “Afinal, ele não condiz com a visão da pasta sobre educação financeira. A ideia é educar financeiramente os alunos. Não rotulamos, julgamos ou dividimos as pessoas”, sustentou a secretaria.

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