Marcelo Arruda “tinha um zelo absoluto com o uso da arma”, diz amigo do dirigente petista ao 247
Professor Luiz Henrique Dias, que foi candidato a prefeito em 2020 com Marcelo na vice da chapa, diz que nunca tinha visto a arma do amigo, que era guarda municipal
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Por Gisele Federicce - O dirigente do PT assassinado por um bolsonarista em Foz do Iguaçu no último sábado (9), Marcelo Arruda, andava armado por prerrogativa da função que exercia como guarda municipal na cidade, mas tinha um extremo cuidado para não ostentar o armamento.
Quem conta é Luiz Henrique Dias, professor na cidade, amigo de longa data de Marcelo e também militante do PT - atualmente pré-candidato a deputado estadual. Os dois foram candidatos à Prefeitura de Foz em 2020, com Luiz na cabeça de chapa e Marcelo na disputa à posição de vice.
“Eu sempre soube que o Marcelo andava armado, porque ele ia direto do serviço para as conversas [do partido], mas eu nunca tinha visto a arma dele. Para não falar que eu nunca vi a arma dele, eu vi uma vez que eu o encontrei na rua e ele estava em trabalho, e desceu da viatura para gente conversar. Foi a única vez que vi a arma dele. Ele sempre foi muito cuidadoso”, relatou em entrevista à TV 247 neste sábado (16).
“Tanto que no dia da festa, só depois de ele ter sido ameaçado ele foi pegar a arma no carro. Ele não estava armado, ele foi pegar a arma. E mesmo naquele momento, durante alguns segundos, o cara apontava a arma para ele, e ele apontava a arma para o cara, ele gritava ‘baixa a arma’. Você veja o cuidado que ele tinha de só atirar no caso de uma reação. Ele era uma pessoa que tinha um zelo absoluto com o uso da arma”, lembrou.
O amigo critica o que vê como “ostentação” das armas atualmente, especialmente por bolsonaristas, como era o caso de Jorge Guaranho, assassino do petista. Fotos nas redes sociais do agente penitenciário mostram que ele fazia apologia às armas. “E o que a gente vê hoje é uma ostentação de arma. Outro dia eu vi um clube de tiro aqui perto da minha casa em que a placa era um cara apontando a arma para a frente”, continua Luiz.
Inquérito: ‘ficamos transtornados’
Presente na sede da Polícia Civil em Foz do Iguaçu no momento da leitura do inquérito sobre o assassinato, nesta sexta-feira (15), Luiz Henrique Dias afirma que tanto ele quanto familiares e amigos de Arruda ficaram “absolutamente transtornados” com a conclusão da investigação, que entendeu que não se tratou de um crime político. “Conversei ontem com a viúva, a Pâmela, e ela disse ‘olha Luiz, a gente precisa restabelecer a verdade, a verdade precisa ser dita”.
Neste sábado, a delegada responsável pelo caso, Camila Cecconello, afirmou que as investigações podem mudar de rumo com a perícia no celular do suspeito. Luiz Henrique informou que, segundo relatos de pessoas próximas e que estão a par das investigações, o celular de José Guaranho só teria sido recolhido na noite anterior à coletiva de imprensa da Polícia Civil. “Aí não deu tempo de periciar. Claro, para quê tanta pressa em anunciar uma conclusão? A sociedade não quer um inquérito, ela quer justiça”.
Sobre a informação de que Guaranho teve acesso a imagens de câmeras de segurança do clube e soube do tema da festa (PT e Lula) enquanto estava em um churrasco de futebol com a família, durante o dia, conforme relato da esposa do agente penitenciário, Luiz Henrique Dias reforça que por isso mesmo o crime não pode ser considerado por “motivo torpe”.
“Se ele viu as imagens e foi até lá, numa festa privada, e dizer que foi motivo torpe… por que ele foi numa festa privada? Não era uma festa pública, o Marcelo tinha chamado algumas pessoas individualmente pelo whatsapp”, relata. O pré-candidato descreve ainda que o local da festa era tão isolado que era chamado de “rua morta”. “Precisava abrir um portão, passar por uma guarita, descer a rua, depois tinha outra ruazinha…”.
“Ele foi arranjar confusão armado. E quem vai arranjar confusão armado está disposto a cometer crime, a matar, e foi o que aconteceu”, conclui.
O PT anunciou um ato pela memória de Marcelo Arruda para este domingo (17). O ato é organizado por familiares, amigos e entidades sociais e, em Foz do Iguaçu, acontecerá pela manhã na Praça da Paz. Mas outras cidades também organizaram manifestações. Luiz Henrique Dias reforçou que esses atos “são pacíficos, pedem paz, justamente para representar o Marcelo, que era uma pessoa pacífica”.
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