Malucelli, pai do sócio de Moro, costurou com procuradores ida de Bonat na 13ª Vara de Curitiba
A ele é creditada uma decisão mandando prender o advogado Tacla Duran, a despeito de o caso estar no Supremo Tribunal Federal
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Conjur - Diálogos entre procuradores da falecida "lava jato" confirmam que o desembargador Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, costurou junto com integrantes do Ministério Público uma saída para que a 13ª Vara Federal de Curitiba fosse comandada pelo juiz Luiz Antônio Bonat, simpatizante da autodenominada força-tarefa, quando Sergio Moro deixou de ser juiz para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro, no começo de 2019.
Malucelli, que integra a 8ª Turma do TRF-4, é pai do advogado João Eduardo Malucelli, sócio de Moro em um escritório de advocacia. A ele é creditada uma decisão mandando prender o advogado Tacla Duran, a despeito de o caso estar no Supremo Tribunal Federal. O desembargador, porém, nega que tenha dado a ordem.
Em diálogos de 18 de janeiro de 2019, o procurador Januário Paludo, integrante da "lava jato", disse ter sido informado por Malucelli de que Bonat "pediu" a vaga de Moro na 13ª Vara.
"Paulo Bonat pediu a vaga de Moro, segundo o Malucelli", falou ele em conversa por meio do grupo de mensagens Telegram. Os diálogos foram hackedos e fazem parte do acervo apreendido durante a operação "spoofing", da Polícia Federal.
Deltan Dallagnol, então coordenador da "lava jato" de Curitiba, comemorou: "Meooo caneco". Em seguida, disse que tinha uma reunião marcada com Bonat e que teria de comparecer para "garantir" que o juiz não desistiria de assumir a vara de Moro.
"Precisamos ir mesmo para garantir que ele não desista no período de desistência. Mas temos que cuidar agora pra não assustar o Bonat ao descrever o que está por vir". Depois, o procurador brinca: "Lava jato? tá tudo susse... 2 horinhas (de trabalho) por dia e vai pra casa."
Essa não foi a primeira vez que o desembargador apareceu nos diálogos. Conversas reveladas pelo site The Intercept Brasil, também de janeiro de 2019, revelaram que o grupo de Dallagnol atuou com Malucelli para tentar interferir na escolha do sucessor de Moro na 13ª Vara de Curitiba, colocando Bonat no lugar.
Ele próprio um dos cotados para o cargo, Malucelli teria trocado mensagens com Dallagnol para dar dicas de juízes que deveriam ficar fora da 13ª Vara, sendo um deles por suposta "proximidade" com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.
Ainda de acordo com o Intercept, Malucelli tomou a frente de um plano para que Bonat tivesse interesse no cargo de Moro. A ideia era transformá-lo em um "líder" de outros três juízes que ajudariam a dar agilidade a processos da "lava jato". Ou seja, a 13ª Vara viraria uma espécie de tribunal chefiado por Bonat. O TRF-4 barrou esse plano.
Um mês depois das conversas, em fevereiro de 2019, Bonat efetivamente foi confirmado como titular da 13ª Vara Federal de Curitiba e, por consequência, assumiu os processos da "lava jato" do Paraná.
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