Leonel Radde: esquerda precisa revisar debate sobre segurança pública

O vereador petista, integrante dos policiais antifascistas, defende que se dispute contra a direita a narrativa do combate ao crime

Leonel Radde
Leonel Radde (Foto: Reprodução/Facebook)


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Opera Mundi - No programa SUB40 desta quinta-feira (08/07), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou Leonel Radde, vereador de Porto Alegre filiado ao Partido dos Trabalhadores e policial civil antifascista, sobre segurança pública.

Para ele, a esquerda falha no debate sobre o setor, pois “tem sempre um discurso antagônico aos órgãos de segurança” e oferece “respostas complexas para problemas complexos”.

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“Para o cidadão com medo, as explicações da esquerda, que tenta entender as motivações que levam jovens a cometer crimes, por exemplo, não servem. Porque aí vem a direita, com respostas simples para problemas complexos, dizendo que bandido bom é bandido morto, porque se o indivíduo estiver morto, ele não comete crime. Isso é fácil de entender, mas a gente sabe que não adianta. A falta de respostas efetivas na área da segurança pública faz as pessoas sentirem que estão desamparadas, aí elas caem na lógica da direita”, explicou.

Radde defendeu a necessidade de se abordar o tema da segurança pública desde a sua raiz, “a polícia é a ponta final desse sistema, se você tem atuação policial, é porque todo o resto falhou”. Por isso, ele criticou operações como a de implementação de UPP, Unidades Policiais Pacificadoras, nas favelas do Rio de Janeiro.

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“Se a gente não fornecer o básico, não adianta colocar a polícia, ela vai sempre ser um paliativo, vai enxugar gelo. Temos que fornecer educação pública de qualidade e emancipatória, saneamento básico e acesso aos meios de saúde que, comprovadamente, reduzem a probabilidade de que um jovem entre para o mundo do crime”, enfatizou.

Desmilitarizar a polícia

Como outras medidas para combater a criminalidade e a alta taxa de encarceramento, Radde falou sobre a necessidade de reformas na polícia: “Temos que desmilitarizar a polícia militar, implementar a entrada única e seguir uma lógica de ciclo completo”.

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Ele apontou para as falhas na militarização da polícia, resquício da ditadura militar, que funciona como uma força auxiliar do Exército. “A PM é subordinada aos governadores de forma direta e ao Exército especificamente, estando sujeita a interesses e corrupções; segue um ordenamento militar, um código penal militar, não pode, portanto, se sindicalizar, não pode discordar dos superiores…”.

No caso da entrada única, como explicada pelo vereador petista, o objetivo é oxigenar as instituições e fortalecer suas estruturas. “Atualmente você pode entrar na polícia como agente, delegado, soldado ou capitão. Não é uma progressão interna. Isso é nefasto porque desmotiva o policial. Às vezes chega um delegado de 25 anos de idade e tem ali policiais de 60 anos com 30 anos de experiência que são mal aproveitados”, discorreu.

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Já com relação ao ciclo completo, o objetivo é evitar o retrabalho e a fragmentação das investigações. Atualmente, a polícia militar realiza as patrulhas, trata das ocorrências e realiza as investigações preliminares, passando, então, o processo para a polícia civil, que recomeça toda a investigação. 

“O ideal seria que a polícia militar, já desmilitarizada, pegasse os crimes de menor relevância, como furtos e roubos; e a civil os crimes mais complexos, como homicídios, lavagem de dinheiro, estupros, entre outros”, ressaltou.

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Para ele, o exemplo a ser seguido é o da Polícia Rodoviária Federal, que funciona como entrada única, “é a mais bem organizada e a que melhor lida com os recursos”, sem deixar de ser ostensiva.

Legalização das drogas

Por fim, Radde mencionou a necessidade de “regulamentar e descriminalizar a produção e o comércio de drogas” como medida fundamental para enfraquecer o crime organizado e acabar com o encarceramento em massa.

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“Não significa ‘oba oba’ ou que estamos estimulando as pessoas a usarem drogas. A gente quer trazer para legalidade para gerar um debate, educar, reduzir o consumo e ter uma polícia que não estimule ainda mais o encarceramento em massa”, destacou.

O policial civil disse que é inevitável que as drogas, começando com a maconha, sejam legalizadas no Brasil, “a questão é saber quando e em que termos”. Para ele, é perda de tempo adiar o debate por moralismos.

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Radde ressaltou outros benefícios da legalização: “Você quebra o monopólio do tráfico. Ele não vai acabar, mas assim você quebra o financiamento das facções, reduz o encarceramento e diminui o poder delas. Porque hoje você prende um biqueiro por estar vendendo algumas gramas de cocaína, por exemplo, aí ele entra na cadeia como um biqueiro e sai como um empregado de fato da facção forçado a cometer crimes mais graves e violentos. Não faz sentido.”

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