Gleisi desabafa: o que estamos fazendo aqui?
Num dos pontos altos da sessão que discute o golpe parlamentar em curso no Senado, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) rebateu o colega Ronaldo Caiado (DEM-GO), que disse que todas as votações da comissão se darão pelo mesmo placar: 16 para a oposição, cinco para o governo; "Então o que nós estamos fazendo aqui? O que estamos vendo é um jogo de cartas marcadas, com gado no brejo indo para o matadouro. Deveríamos poupar o tempo do Senado e da Nação. Este é um processo viciado, denunciado pelo PSDB e relatado pelo PSDB", afirmou Gleisi, que pretendia aprovar um requerimento para que fossem juntados os pareceres técnicos que justificaram as chamadas "pedaladas fiscais"; um retrato perfeito das sessões foi feito pelo colunista Jeferson Miola: um golpe com simulacro de legalidade
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Paraná 247 – Num dos pontos altos da sessão que discute o golpe parlamentar em curso no Senado, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) rebateu o colega Ronaldo Caiado (DEM-GO), que disse que todas as votações da comissão se darão pelo mesmo placar: 16 para a oposição, cinco para o governo.
"Então o que nós estamos fazendo aqui? O que estamos vendo é um jogo de cartas marcadas, com gado no brejo indo para o matadouro. Deveríamos poupar o tempo do Senado e da Nação. Este é um processo viciado, denunciado pelo PSDB e relatado pelo PSDB", afirmou Gleisi.
Ela se referia ao fato de a denúncia ter sido apresentada por dois advogados do PSDB, Miguel Reale e Janaína Paschoal, e também devido à relatoria estar sendo ocupada pelo ex-governador e senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). Naquele momento, Gleisi pretendia aprovar um requerimento para que fossem juntados os pareceres técnicos que justificaram as chamadas "pedaladas fiscais" – o que provaria a ausência de justa causa no processo de impeachment.
Ao deixar claro que se trata de um jogo já decidido, Gleisi confirmou a coluna publicada dias atrás por Jeferson Miola. Confira:
O simulacro da normalidade golpista no Senado
Por Jeferson Miola
A farsa do impeachment começou o segundo estágio. Ontem, 26 de abril, o Senado instalou a Comissão Especial que será presidida pelo peemedebista Raimundo Lira, da Paraíba, e terá como relator o tucano Antonio Anastásia, conterrâneo e aliado de Aécio Neves.
O Senado fará um esforço monumental para desfazer a imagem dantesca da "assembléia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha" do 17 de abril, que desmanchou a farsa do golpe perante o mundo inteiro.
Com a tradição de ser uma casa mais "recatada" que a Câmara, "suas excelências" farão de tudo para parecerem menos gângsteres que seus sócios golpistas da Câmara. Isso é decisivo para a tentativa de aparentar certa legitimidade e civilidade do golpismo.
Eles vão conceder prazos adicionais para a defesa da Presidente, evitarão arroubos e excessos, tentarão controlar suas posturas trogloditas e farão o máximo para dissimular um cenário de serenidade e normalidade.
Apesar disso, os golpistas não conseguirão desfazer a imagem do golpe, porque como apenas referendarão a decisão da "assembléia geral de bandidos", entrarão para a História como uma sucursal daquele bandidismo.
Não precisa ser vidente para descobrir que o parecer do senador tucano vai endossar a fraude criada pela "assembléia geral de bandidos".
O impeachment é uma farsa sem retorno do golpe de Estado que já aconteceu. A tramitação no Senado é mera formalidade de um processo que já está decidido por antecipação. A conivência do STF com a condução criminosa deste processo joga água fria sobre qualquer expectativa de reversão.
Os perpetradores do golpe já estão montando o governo impostor. Eles não disfarçam: sequer aguardam o resultado da decisão do plenário do Senado no dia 11 de maio, que decidirá ilegalmente pela admissibilidade do julgamento de impeachment sem crime de responsabilidade.
O PSDB do relator Anastasia já decidiu que participará "por inteiro" do governo impostor e ilegítimo do golpista Temer. Alguma dúvida sobre o conteúdo do parecer do mandalete do Aécio?
Os golpistas travam uma batalha titânica para tentar reverter a consciência democrática no Brasil e no mundo inteiro de que o golpe não é golpe. Por isso se apegam ao discurso cínico da normalidade institucional.
As aparências, contudo, não conseguem enganar. Por debaixo da superfície de aparente calmaria, se arma um poderoso maremoto de luta e resistência ao golpe e ao governo ilegítimo que dele poderá resultar.
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