'Esquerda tem que liderar frente ampla contra o fascismo', diz Tarso Genro
Ex-governador gaúcho considera Lula um 'homem de centro' e defende pacto de transição pós-Bolsonaro com todas as 'forças democráticas'
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Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta sexta-feira (08/10), o jornalista Breno Altman entrevistou Tarso Genro, ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Justiça no governo Lula.
Durante a conversa, o político destacou a necessidade de se lutar pela democracia republicana e celebrou as manifestações do dia 2 de outubro. Para ele, havendo ou não impeachment, ou cassação da chapa Bolsonaro/Mourão, é preciso lutar para tentar “limpar o neofascismo do espectro político eleitoral” de qualquer forma.
Por isso, ele acredita que “a esquerda tem que liderar uma frente ampla contra o fascismo”, isto é, agregar não só os partidos de esquerda e centro-esquerda na luta, mas “elementos” de partidos inclusive tradicionalmente de centro e centro-direita que se posicionam contra o fascismo e reconhecem a importância da democracia e do republicanismo. E isso não só para derrotar o bolsonarismo, mas para poder viabilizar um governo de Lula depois das eleições de 2022.
“Temos que andar juntos e bater juntos contra o fascismo. Essa história de andar separados e bater juntos já aconteceu e, no final, andaram separados e foram mortos juntos”, argumentou.
Genro ponderou, contudo, que isso não significaria formar governo com os partidos que lideraram o golpe de 2016: “Não podemos formar governo com o centrão, cair numa política de intercâmbios orçamentários. Por outro lado, Lula jamais teria tirado milhares de pessoas da linha da miséria sem o centrão. Então precisamos de uma unidade entre os partidos formalmente de esquerda captando setores de outros partidos ou personalidades de outros partidos que possam dar estabilidade para o próximo governo”.
Nessa lógica, o ex-governador reconheceu que concessões serão inevitáveis, mas considera Lula um homem de centro capaz de encontrar o ponto de equilíbrio do sistema de de alianças. Ele rejeitou que o PMDB ou o União Brasil (fusão do DEM com o PSL) devam integrar o governo, mas não descartou negociações com certas alas do PSBD.
“A questão é que se a gente não chegar no governo com uma política de alianças clara, o nosso governo pode sofrer um golpe de novo. Temos que providenciar um bloqueio”, defendeu.
De acordo com ele, essa postura não representaria voltar a negociar com o centrão. Se trataria de realizar alianças pontuais baseadas num interesse mútuo de ter um governo democrático comandando o país, “até porque existem políticos que não obedecem a liderança de seus partidos”.
Programa de unificação
Genro refletiu sobre o programa que seria necessário para unificar o campo democrático republicano. Segundo ele, inclusive parte do empresariado está interessada na retomada do crescimento do país, algo que não está ocorrendo com Bolsonaro, de modo que poderia mudar sua posição no que diz respeito a apoios eleitorais.
“Também precisamos pensar num programa com uma política internacional significativa, capaz de realizar acordos comerciais a partir dos interesses nacionais. Precisamos da revogação das pautas de ódio, de discriminação e violentas que são portfólio da administração Bolsonaro. Acredito que dentro dessa amplitude é possível conformar uma frente para a instalação inicial de um governo com um mínimo de estabilidade”, discorreu.
Assim, um novo governo petista não seria um governo de rupturas, mas um governo “de transição” que buscaria recolocar o Brasil nos parâmetros da Constituição de 1988. Uma vez feito isso, “vamos voltar a nos dividir”.
O ex-governador reforçou que um governo de esquerda com um projeto radical não terá forças para governar. Entretanto, não adianta apresentar um programa moderado, pois “não terá efetividade”: “Falo de um programa mais profundo, o que não significa que ele tem que ser verbalizado de maneira radical”.
Novo governo petista
Com Lula de volta ao poder, Genro considerou as estratégias que deverão ser adotadas. Para ele, será necessário apostar numa combinação entre a governabilidade social, mantendo as massas permanentemente mobilizadas, e a governabilidade institucional, “mas sou pessimista”.
“A mobilização social é uma questão dos partidos e movimentos sociais. Acho que a preocupação do presidente tem que ser em conseguir maioria no Congresso para poder começar a disputa”, sustentou.
Com relação às reformas que o PT deve fazer, Genro recomendou a revisão da lista tríplice para o Ministério Público e das nomeações para o Supremo Tribunal Federal: “As nomeações do presidente Lula tiveram algumas debilidades que tiveram consequências”.
Ele também reforçou a necessidade de ter maioria no Congresso para neutralizar o potencial golpista das Forças Armadas e retornar os militares aos quartéis: “Temos que deixar claro quais são as funções constitucionais das Forças Armadas, mas acho que seu potencial golpista está em descenso. E Lula sempre teve uma relação boa com os militares que podemos retomar”.
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