Dr. Rosinha: ‘Moro age como justiceiro e assassino de reputações’

Carta aberta publicada pelo médico pediatra e ex-deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), acusa o juiz Sérgio Moro e "sua turma de agirem" como justiceiros e assassinos de reputações, a serviço de interesses contra os brasileiros; ele também diz que Moro está poderoso e que, junto com a turma que atua na lava jato, é imitado na truculência por procuradores e policiais; Dr. Rosinha também questiona: "Como justificar que em quase todas as delações (premiadíssimas) aparece o nome do Aécio, e praticamente nada sobre ele é investigado?”

Carta aberta publicada pelo médico pediatra e ex-deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), acusa o juiz Sérgio Moro e "sua turma de agirem" como justiceiros e assassinos de reputações, a serviço de interesses contra os brasileiros; ele também diz que Moro está poderoso e que, junto com a turma que atua na lava jato, é imitado na truculência por procuradores e policiais; Dr. Rosinha também questiona: "Como justificar que em quase todas as delações (premiadíssimas) aparece o nome do Aécio, e praticamente nada sobre ele é investigado?”
Carta aberta publicada pelo médico pediatra e ex-deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), acusa o juiz Sérgio Moro e "sua turma de agirem" como justiceiros e assassinos de reputações, a serviço de interesses contra os brasileiros; ele também diz que Moro está poderoso e que, junto com a turma que atua na lava jato, é imitado na truculência por procuradores e policiais; Dr. Rosinha também questiona: "Como justificar que em quase todas as delações (premiadíssimas) aparece o nome do Aécio, e praticamente nada sobre ele é investigado?” (Foto: Voney Malta)


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Por Dr. Rosinha, especial para o Viomundo

Uma carta aberta a Sérgio Moro     

Confesso, estou triste. Diria até que estou deprimido. Tão triste e deprimido que talvez não consiga escrever exatamente o que estou pensando. De qualquer maneira, preciso tentar escrever.

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Normalmente, não me considero uma pessoa triste, muito menos deprimida. E tampouco os que convivem comigo me consideram dessa forma. O que tem me deixado assim, em parte, são as suas ações, Doutor Sérgio Moro.

Sinceramente, esperava que o senhor fosse um homem que, através de seus atos, buscasse uma aplicação justa da lei, e não a mera perseguição, ou o fazer justiça com as próprias (mãos) leis.

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Triste dizer isso, mas é este o meu sentimento. O sentimento de quem vive em busca da justiça, não de justiceiros. Geralmente, todo justiceiro causa mais danos sociais e humanos do que os que são levados às barras da justiça.

Meu sentimento é de que o senhor e, se não todos, pelo menos a maioria dos membros da operação lava jato (assim mesmo, em minúsculas) agem como assassinos de reputações, e estão a serviço de interesses de determinados setores da sociedade, mas especificamente da burguesia (palavra fora de moda) financeira e econômica, brasileira e mundial. Estão contra os brasileiros e as brasileiras, principalmente os mais pobres.

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Estou triste e deprimido porque me sinto incapaz, no momento, de fazer algo concreto em defesa dos que sofrem injustiças. Incapacitado e desencantado com o ser humano. Está esvaindo-se em mim a esperança de um dia ver um mundo melhor. Tenha certeza de que o senhor está contribuindo com isso.

A espécie humana, Dr. Moro, sei que o senhor sabe disso, é a única que tem capacidade de destruir todas as demais espécies animais, inclusive a própria. E, na maioria das vezes, faz isso em nome do capital, do acúmulo de riquezas, do poder.

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Digo isto porque o senhor está poderoso. O senhor e a turma que atua na lava jato. Tão poderosos que vários juízes, procuradores e policiais os imitam na truculência.

São muitos os homens, mulheres e crianças que vivem sem saber por que vivem, sem ter razão de viver. Sem saber o que esperam do amanhã. E aqueles que, como Lula, procuram construir a dignidade para essas pessoas, são perseguidos por quem sempre teve a mesa farta e a cama confortável. Sempre foram perseguidos por aqueles que viram as costas quando veem na rua um pedinte ou uma criança carente de pão, carinho e amor. Mas correm passar a mão na cabeça dos cachorrinhos das madames. Às vezes, até de cachorros vadios.

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São perseguidos por aqueles que não têm vergonha de, mesmo com altos salários, decidir em causa própria, mesmo tendo sua própria casa, para receber auxílio-moradia. Auxílio, diga-se de passagem, de valor superior à renda de mais da metade dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros.

Com tudo isso na minha frente e com tudo que há de perseguição patrocinada pela lava jato, quer o doutor que eu acredite na justiça? Quer que eu acredite que as ações da chamada ‘República de Curitiba’ são imparciais?

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Todo e qualquer homem ou toda e qualquer mulher que pensa um pouco sabe que a maioria, senão todos que participam da operação lava jato, age política e ideologicamente a favor de uns, e contra outros. Como justificar que em quase todas as delações (premiadíssimas) aparece o nome do Aécio, e praticamente nada sobre ele é investigado?

Como explicar que o oficial de Justiça não consegue achar a casa de Cláudia Cruz, esposa de Eduardo Cunha, para entregar uma intimação para ela ir depor? No entanto, a esposa de João Santana, Monica Moura, foi encontrada com tanta facilidade. Sim, o marido fez a campanha do PT.

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Como um helicóptero é apreendido com 450 quilos de cocaína e o único detido é o piloto? E o dono, amigo de Aécio, sequer é investigado?

Como não consegue, agora sem mandato de deputado federal, prender Eduardo Cunha? E, no entanto, prende Guido Mantega, que, no hospital, acompanhava a cirurgia da esposa?

Com tudo isso e muito mais coisas, não dá para dizer que o Ministério Público (representado pelo fundamentalista religioso Deltan), a Polícia Federal, com o seu Japonês, e o Poder Judiciário, representando no momento pela figura do senhor, é imparcial.

Estou triste.

Na minha tristeza, penso nas crianças. Sou sincero, não nos filhos e filhas dos que atuam na operação lava jato. Estes receberão uma gorda herança. Talvez um dia, ao estudar a história do Brasil, sintam vergonha do que fizeram seus pais e mães.

Penso nas crianças que, nesta época de campanha, mesmo inocentes, são objeto de uso e abuso das promessas da maioria dos candidatos. Prometem creche e melhor educação. No entanto, patrocinaram, junto com o senhor, um golpe de Estado que lhes rouba o futuro.

Digo isto porque as propostas para a educaçao dos usurpadores do poder é de destruição de todo processo libertário de educação que vinha sendo construído até então. Também, pudera: o que esperar de um ministro que ouve e acata as propostas de Alexandre Frota para a educação.

Estou triste. Estou triste pelas crianças pobres e pelas injustiças que o poder Judiciário comete. Hoje, o maior inimigo da justiça é o judiciário. Pelo método de atuação da lava jato, como esperar justiça?

Estou triste.

Penso nas crianças que não terão a formação adequada para saber porque vivem. Para, pelo menos, ter o discernimento de que não serão objeto de manipulaçao dos Aécios, Deltans, Anselmos, pregadores religiosos e de justiça pelas “próprias (leis) mãos”.

Estou triste.

Dr. Moro, o senhor disse que lamenta ter tornado Marisa Letícia, esposa de Lula, ré. Mesmo sabendo o significado da palavra ‘lamento’, fui ao Dicionário Aurélio. Lá encontrei que lamento significa “lamentação, voz lamentosa, gemido”. Não satisfeito, fui ao Dicio (Dicionário Online de Português), segundo o qual a palavra significa “ação de lamentar. Expressão de pesar, de mágoa face do infortúnio. Portanto, queixa, gemido; lamentação”. Informa também que lamento é sinônimo de plangor, gemido, vagido.

Plangor, de acordo com o mesmo dicionário, é quando “há lágrima(s) e/ou lamentação; choro, lástima ou gemido”. Vagido é “choro de criança recém-nascida”.

Com esses conceitos, sinceramente não compreendi por que o senhor disse lamentar por uma ação praticada pelo senhor. A vítima da ação é que tem que lamentar pelo infortúnio.

Não ouvi, não vi e tampouco tive qualquer informação de que, após assinar esta ação, o senhor tenha embargado a voz, gemido, ter sido magoado ou sofrido algum infortúnio. Vagido o senhor teve há muitos anos atrás, quando veio à luz. E, como a maioria dos recém-nascidos, naquele momento, alegria do pai e da mãe e a certeza deles de que fariam de tudo para que recebesse uma boa educação e que fosse um homem justo.

Mas o senhor não tem sido justo. O senhor confunde justiça com justiçamento.

Dr. Moro, assim como o senhor, sou contra a corrupção. Creio que esta é a única coisa que nos une. No mais, faço algumas observações:

1) O combate à corrupção não se faz com ideologia político-partidária. O senhor sabe disso, mas não se comporta assim. Digo isto porque a operação lava jato, inclusive o senhor, age de maneira distinta no que diz respeito à caça aos corruptos. Se é petista, por antecipação, é corrupto. Se é do PSDB, por principio, é inocente. Exemplo: quando algum premiado delator diz que a corrupção começou na Petrobras no governo de FHC, o senhor, ou se quiser, a lava jato, ignora a informação. Quantos são os tucanos investigados?

2) Como consequência do ponto anterior, o que se busca não é justiça, mas fazer política partidária. Exemplo: as principais e espetaculares ações da operação lava jato, que o senhor comanda, são feitas em momentos que influem na conjuntura política ou eleitoral.

Lembra da capa da Veja que a operação gerou, as vésperas da eleição de 2014? Lembra das manifestações a favor do golpe de Estado, quando o senhor pedia para “ouvir as vozes das ruas”? Não preciso lembrar porque são fatos recentes: tornar Lula réu e prender Mantega, às vésperas das eleições municipais.

Talvez o senhor não goste do blogueiro Fernando Brito, mas vou recorrer a ele. No último dia 21, ele chamou a atenção para as manchetes dos maiores jornais brasileiros e as reproduziu. São simbólicas pela repetição das mesmas palavras:

O GloboLula vira réu pela 2ª vez e será julgado por Moro

EstadãoLula vira réu na Lava Jato e será julgado por Moro

FolhaAcusado de corrupção, Lula será julgado por Sérgio Moro.

Será que a imprensa não quis dizer que o senhor não é um juiz, mas um justiceiro?

3) Não se faz justiça desrespeitando a lei. São muitos os exemplos. Poderia aqui expor um rosário, mas fico só com dois: a condução coercitiva de Lula e a divulgação da gravação envolvendo o ex-presidente e a então presidente, Dilma Rousseff. Por esta divulgação ilegal, o senhor levou um “puxão de orelha” do ministro Teori Zavascki, e acabou assumindo que errou. Desculpe, mais uma vez, pela sinceridade: o senhor não errou, fez a divulgação propositadamente.

Por fim, desculpe por esta longa carta. Não sei se o senhor teve conhecimento dela e se conseguiu lê-la até aqui. Se conseguir, peço um pouco mais de paciência. Só mais um comentário.

Tomei conhecimento, hoje, que o senhor mandou prender Guido Mantega. A mesma noticia informa que quem o delatou, sem provas, foi Eike Batista, mas que ele (Eike) não será preso. Claro, ele não é do PT.

Preciso fazer algumas perguntas para o senhor:

1) Mantega nunca se negou a prestar depoimento e é considerado um homem honesto, ao contrário de seu delator. Ele também tem endereço fixo. Por que Mantega precisa ser preso?

2) Gostaria que o senhor se colocasse no lugar de Mantega. Ele foi preso dentro do Hospital Albert Einstein, enquanto esperava a cirurgia da esposa, que está com câncer. O senhor acha justo que alguém que não é ameaça nenhuma à sociedade, tem endereço fixo e está nesta condição seja preso?

3) Esta ação não é própria de justiceiros?

4) Tem certeza o senhor de que esta ação não é desumana? Ou vai dizer que lamenta por ela?

Desculpe, doutor, pensei que ia terminar a carta, mas tomei conhecimento que um estuprador, no Recife, foi preso em flagrante e em seguida solto. Sei que o senhor não tem nada com isso, mas como o senhor quer que eu acredite na polícia, no Ministério Público, na justiça?

Estou triste.

Sinceramente, termino dizendo-lhe que esta manifestação é feita por alguém que um dia, no passado, chegou, sim, a admirá-lo.

Doutor Rosinha
22 de setembro de 2016

PS1 – Acima escrevi que a espécie humana é a única que tem capacidade de destruir todas as demais espécies animais, inclusive a própria. Pense nisso, doutor: quantas esperanças e quantos empregos o senhor já destruiu? Quantas crianças estão, como resultado dessas ações, com o futuro comprometido?

PS2 – Assim que termino a carta, tomei conhecimento de que um porta-voz da Polícia Federal lamentou a prisão de Guido Mantega e que o senhor a revogou.

PS3 - Como vê, apesar da tristeza e da depressão consegui escrever alguma coisa. Espero que lhe sirva de reflexão e tenha a certeza: não fiz para agredi-lo e tampouco para dar lições.

Dr. Rosinha, médico pediatra e servidor público, ex-deputado federal (PT-PR).

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