Copel suspende reajuste e vai pedir novo diferimento

Distribuidora de energia resolveu suspender o reajuste das tarifas aprovado pela Aneel nesta terça-feira, a pedido do governador do Paraná, Beto Richa, que controla a companhia; com isso, a empresa pedirá novamente o diferimento do reajuste, como fez em 2013; a Aneel aprovou aumento médio de 35,05% na tarifa

Distribuidora de energia resolveu suspender o reajuste das tarifas aprovado pela Aneel nesta terça-feira, a pedido do governador do Paraná, Beto Richa, que controla a companhia; com isso, a empresa pedirá novamente o diferimento do reajuste, como fez em 2013; a Aneel aprovou aumento médio de 35,05% na tarifa
Distribuidora de energia resolveu suspender o reajuste das tarifas aprovado pela Aneel nesta terça-feira, a pedido do governador do Paraná, Beto Richa, que controla a companhia; com isso, a empresa pedirá novamente o diferimento do reajuste, como fez em 2013; a Aneel aprovou aumento médio de 35,05% na tarifa (Foto: Gisele Federicce)


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Por Anna Flávia Rochas e Leonardo Goy

SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - A distribuidora de energia Copel (CPLE6.SA: Cotações) resolveu suspender o reajuste das tarifas de energia aprovado pela Aneel nesta terça-feira, a pedido do governo do Paraná que controla a companhia. Com isso, a empresa pedirá novamente o diferimento do reajuste, como fez em 2013.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou um reajuste médio de 35,05 por cento na tarifa de energia dos consumidores da companhia. Mas, logo após o anúncio, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), pré-candidato à reeleição em outubro, disse em sua conta no Twitter que pediria a suspensão do reajuste, "para buscar uma solução junto com a Copel".

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Após o posicionamento de Beto Richa no Twitter, a ação da Copel devolveu alta de mais de 3 por cento e passou a cair. O papel da companhia fechou o pregão com queda 0,24 por cento, à 32,8 reais.

O presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, afirmou em entrevista à Reuters mais cedo nesta terça-feira que a empresa buscará uma solução equilibrada para não prejudicar nem consumidores, nem ela mesma.

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"Pode ser possível aliviar sem grandes sacrifícios, ou sacrificando parcialmente, aí todo mundo se sacrifica um pouco -- o consumidor paga um pouco mais, a distribuidora investe um pouco menos e também os acionistas têm que ter um pouco mais de paciência", disse o presidente da Copel, antes da reunião do Conselho que decidiu sobre a suspensão do reajuste.

Companhia e o governo do Paraná vão agora realizar "análises técnicas para identificar a melhor forma de aplicação do diferimento", para formular um pleito a ser apresentado à Aneel, segundo comunicado divulgado pela Copel após o fechamento dos mercados.

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A Copel já tinha pedido o parcelamento do reajuste da tarifa do ano passado, o que foi atendido pela Aneel na época. Na ocasião, a agência aprovou que fosse aplicado em 2013 um aumento médio de 9,55 por cento nas tarifas dos consumidores da empresa ante o reajuste total aprovado de 14,61 por cento.

O presidente da Copel defendeu nesta terça-feira que para a solução deste ano seja encontrado também um "ponto de equilíbrio" entre aumento da tarifa e recebimento de receita pela empresa, para manter a companhia saudável financeiramente.

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"O ideal para a empresa é receber o reajuste integral, o ideal para o consumidor é não pagar reajuste nenhum. Então, nós temos que achar um ponto de equilíbrio onde as partes se sintam adequadamente satisfeitas", disse Zimmer.

REAJUSTE PODERIA SER MAIOR

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O reajuste tarifário da Copel seria ainda maior se a Aneel tivesse decidido aplicar neste ano parte do reajuste de 2013 que ainda não foi repassado para a tarifa.

A Aneel, visando "repassar ao consumidor um aumento menos penoso", não incluiu no reajuste da Copel deste ano os componentes financeiros referentes ao que deixou de ser aplicado em 2013, o que resultaria em um aumento ainda maior para os consumidores neste ano.

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Segundo voto do relator do caso na Aneel, o diretor-geral Romeu Rufino, como a própria distribuidora não estabeleceu como condição para o diferimento solicitado em 2013 a imediata restituição dos valores em 2014, a Aneel decidiu adiar para um processo tarifário futuro a inclusão do que foi represado.

Mesmo sem aplicar esse efeito, o reajuste ainda foi um dos maiores já decididos pela agência este ano diante do aumento nos custos de energia da companhia.

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"A Copel tinha um volume grande de energia velha no seu mix, com preços mais baratos, e tanto no leilão (de energia) no fim do ano passado, como no leilão de abril, essa energia que foi contratada em substituição da energia existente foi a valores acima daqueles que vinham sendo considerados nos processos tarifários", disse Rufino.

CONTRATAÇÃO DE ENERGIA

No leilão de abril, destinado a reduzir a descontratação das distribuidoras de energia, a Copel contratou a maior parte da energia negociada, o equivalente a quase 19 por cento do volume total negociado.

A empresa precisava contratar essa energia no certame para reduzir a descontratação e os gastos imediatos que estava tendo no curto prazo para comprar energia mais cara, em momento de forte geração termelétrica no país. No entanto, ao fazê-lo a companhia agregou ao mix de energia distribuída aos consumidores a partir de maio eletricidade a um preço ainda considerado alto, o que colaborou para o forte aumento tarifário aprovado nesta terça-feira.

Entretanto, se a empresa não tivesse conseguido contratar energia no leilão, teria que continuar arcando com fortes gastos no curtíssimo prazo para comprar energia, o que afetaria ainda mais o custo da energia para o consumidor no futuro.

O preço da energia contratada no leilão A-0, realizado em 30 de abril, ficou em média em 268,33 reais por megawatt-hora, quando o preço da energia comprada no curto prazo (dado pelo Preço de Liquidação de Diferenças - PLD) estava acima dos 800 reais por MWh.

Outras distribuidoras que ainda não passaram por reajuste tarifário neste ano e que contrataram energia no leilão A-0 --como Light, Elektro e Eletropaulo-- também sentirão o efeito do preço dessa energia nos reajustes. Mas o impacto variará dependendo da quantidade de eletricidade que cada empresa contratou.

A CULPA NÃO É NOSSA

O presidente da Copel defendeu que o forte aumento da tarifa não é culpa da companhia, que compra energia em leilões públicos promovidos pelo governo federal.

"Nós não temos a menor culpa sobre essa tarifa. Nós não escolhemos de quem comprar a energia ... isso vem em função dos leilões que são promovidos pelo governo federal. Nós apenas declaramos quanto de energia nós precisamos", disse.

Zimmer disse que o reajuste aprovado pela Aneel "foi uma surpresa", conforme o governador paranaense Beto Richa já havia dito mais cedo. "Fui surpreendido com a decisão do governo federal de aumentar a luz em 35,05 por cento", disse o governador na sua conta do Twitter.

A Aneel, no entanto, explicou que o reajuste aprovado ficou abaixo do pedido pela companhia. Segundo a agência, o índice de reajuste tarifário aprovado para a Copel, sem considerar os efeitos dos componentes financeiros do represamento de 2013, ficou, em média, em 30,78 por cento -- inferior ao pedido feito pela empresa de um reajuste (sem esses efeitos financeiros) de 32,45 por cento.

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