Caso Tatiane Spitzner: condenação de Luís Felipe Manvailer por feminicídio é considerada um marco

Especialistas consideram a condenação de Luis Felipe Manvailer, assassino de Tatiane Spitzner, um marco importante no combate à violência contra a mulher no Brasil

(Foto: Reprodução)


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247 - Após sete dias de julgamento, o juiz Adriano Scussiatto condenou em primeira instância o biólogo Luis Felipe Manvailer a 31 anos, 9 meses e 18 dias de reclusão pelo homicídio qualificado de sua mulher, a advogada Tatiane Spitzner. O juiz afirmou que a vítima vivia um relacionamento abusivo com Manvailer, 34, e considerou como qualificadores do assassinato feminicídio, meio cruel, motivo fútil, além de fraude processual por limpar vestígios de sangue de Tatiane

As cenas gravadas pelas câmeras de segurança do edifício mostram os momentos que antecederam a morte da advogada, na noite de 22 de julho de 2018. Tatiane foi asfixiada e jogada pela janela do apartamento do casal. Na última segunda-feira (10), Manvalier foi condenado a 31 anos, 9 meses e 18 dias de prisão pelo feminicídio de Tatiane e por fraude processual.

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Especialistas ouvidos em reportagem do jornal O Globo, consideram a condenação um marco importante no combate à violência contra a mulher no Brasil.

A advogada Sandra Lia Bazzo Barwinski, designada pela OAB do Paraná para acompanhar o processo, explica que não houve novidade na condenação, que veio em linha com aquilo que tem sido praticado pelo judiciário paranaense, mas que o resultado do julgamento não deixa de ser simbólico, em função da repercussão que o caso ganhou na época em que ocorreu. Ela ressalta ainda a transformação ocorrida na cidade de Guarapuava depois do crime.

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Encenação 

Um fato ocorrido no último dia do julgamento, nesta segunda (10), foi condenado por advogadas e diversas mulheres nas redes sociais. Para demonstrar que a tese da acusação de que Tatiane havia sido asfixiada antes de cair da sacada do apartamento, o advogado de Manvailer, Cláudio Dalledone Junior, chamou uma colega de escritório para uma "encenação". Nas imagens, Dalledone é tão realista na agressão que a advogada chega a perder o equilíbrio e quase cair.

"Alguém já viu alguma reconstituição em que se usam corpos humanos para simular os crimes de lesão corporal praticados? Não, simplesmente porque isso é imoral, ilegal e antiético. Para tanto, são usados bonecos, objetos sem vida e sem alma, ao contrário da advogada exposta de maneira vexatória pelo dono do escritório de defesa", diz Isabela Del Monde.

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Sociedade precisa parar de se omitir

Quando o vídeo das agressões sofridas por Tatiane dentro do edifício onde morava com Manvalier foi divulgado, em 2018, chamou atenção o fato de os pedidos de socorro da advogada não terem motivado nenhuma interferência dos vizinhos. Durante o julgamento, testemunhas relataram terem ouvido os barulhos dos golpes, o choro e os gritos de Tatiane.

“Como tudo isso aconteceu sob as nossas vistas? Isso choca. Essa é a maior reflexão que precisa ser feita sobre esse caso, sobre a omissão da sociedade em relação à violência doméstica. Sobre como ,mesmo passados 15 anos da Lei Maria da Penha, ainda há quem resista a interferir e pense em não ajudar acreditando que aquela violência está restrita ao foro íntimo e não é um problema de todos”, diz a promotora Silvia Chakian. Para a promotora, o caso deve ser um exemplo de como o feminicídio é um crime evitável e como a violência doméstica é um problema de todos e todas.

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