Bueno critica CPI por não ter investigado empreiteiras
"O Brasil não será passado a limpo do ponto de vista da gestão pública e dos negócios de governo com empresas se não se investigar as empreiteiras. Aí está o grande problema e nós não conseguimos”, disse o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR)
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Agência Câmara de Notícias - Deputados e senadores da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras fizeram uma reunião administrativa, nesta quarta-feira, em busca de maior foco da investigação no período que falta para o término dos trabalhos.
Dos 497 requerimentos que ainda não haviam sido apreciados, foram aprovados 94 de convocação e de pedidos de informação. A maioria deles é relativa ao esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas investigado na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
O relator da CPMI, deputado Marco Maia (PT-RS), afirmou que houve acordo para não convocar políticos que podem ter sido citados em depoimentos no âmbito da delação premiada. Esses depoimentos ainda estão sob sigilo.
"Nós fizemos um acordo de que, em função do prazo exíguo, não trataríamos de convocação de ninguém da política, incluindo aí os tesoureiros dos partidos, os dirigentes partidários e os parlamentares”, disse Maia. “Não teríamos tempo hábil para fazer essas convocações. E fizemos a opção de convocar aqueles que têm relação direta com a operação Lava-Jato", declarou.
Entre os sete convocados para depor estão vários envolvidos com o doleiro Alberto Youssef e com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que estão em processo de delação premiada coordenado pela Justiça.
Acesso à delação
Marco Maia insistiu que o acesso ao conteúdo dessas delações é fundamental para a conclusão de seu relatório. "A delação premiada, neste caso específico, é importantíssima para o processo de investigação. Se não tivermos o acesso à delação premiada, teremos aí um limitador. Portanto, vamos produzir o relatório possível, com as informações e os dados que temos investigado desde o início da CPMI", disse.
Na noite desta quarta-feira, o comando da CPMI voltou ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir o pleno acesso ao conteúdo das delações de Costa e Youssef.
Pedidos de informação
No cronograma divulgado nesta quarta, Marco Maia pretende concentrar os depoimentos até o fim deste mês e apresentar seu relatório final no dia 10 de dezembro, para que seja votado até o dia 18 daquele mês.
Diante do pouco tempo que resta para o fim dos trabalhos da CPMI, os parlamentares também decidiram encaminhar pedidos de informações a 25 empresas que firmaram contrato com a Petrobras.
Essas empresas terão dez dias para responder, sob pena de terem os sigilos bancário e telefônico quebrados e terem seus representantes legais convocados.
Já em tom de lamento, o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), reclamou do fato de a CPMI não ter avançado na investigação da relação das empreiteiras com a Petrobras e com os partidos políticos.
"O Brasil não será passado a limpo do ponto de vista da gestão pública e dos negócios de governo com empresas se não se investigar as empreiteiras. Aí está o grande problema e nós não conseguimos”, disse Rubens Bueno. “A força é tamanha que até toma de assalto uma comissão parlamentar de inquérito: quando se tenta convocar o Vaccari Neto [tesoureiro do PT], o Sérgio Machado [presidente da Transpetro] e quebrar o sigilo das empreiteiras. Nada acontece, infelizmente.”
Próxima reunião
A CPMI volta a se reunir na próxima terça-feira (11) para mais uma reunião administrativa e para ouvir o diretor de Contratos da Petrobras, Edmar de Figueiredo, responsável pelos contratos da estatal com a SBM Offshore; e a diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Magda Chambriard, na condição de convidados.
Também haverá depoimentos nos dias 19, 20, 26 e 27 de novembro, mas os nomes dos depoentes ainda não foram definidos.
Na reunião administrativa da CPMI desta quarta-feira, que foi realizada a portas fechadas, Marco Maia admitiu que houve polêmica em torno de três convocações: do ex-diretor da Petrobras Renato Duque; do diretor licenciado da Transpetro, Sérgio Machado; e do suposto "laranja" de Youssef, Leonardo Meireles. Os requerimentos para ouvi-los poderão ser alvo de nova discussão e até de votação na reunião da próxima terça-feira.
Os trabalhos da comissão estão previstos para acabar em 21 de novembro, mas há um pedido de prorrogação para até 22 de dezembro. Para ser apreciado pelo Plenário do Congresso, o pedido precisa das assinaturas de 171 deputados e 27 senadores.
Convocados
Já estão na lista dos convocados da CPMI da Petrobras:
- Marcio Andrade Bonilho, diretor da Sanko, para esclarecer suas relações com o doleiro Alberto Youssef e com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa;
- Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef;
- João Procópio Prado, apontado em depoimento de Meire Poza como interlocutor de Youssef com empreiteiras suspeitas de serem partícipes no esquema de desvio de recursos da Petrobras.
- Marcelo Barboza Daniel, investigado pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato, sob suspeita de ter participado de esquema de lavagem de dinheiro desviado de contratos firmados pela Petrobras com outras empresas.
- Rafael Lopez, apontado como responsável pela operação financeira do doleiro Alberto Youssef.
- Waldomiro Oliveira, apontado como "testa de ferro" de uma suposta empresa de fachada que teria sido utilizada para canalizar recursos desviados da Petrobras.
- Saul Sabbá, representante legal do Banco Máxima.
Reportagem – José Carlos Oliveira
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