A polícia reproduz a lógica do Estado, que hoje é fascista, diz Leonel Radde, do Policiais Antifascismo

Policial civil e membro do movimento Policiais Antifascismo, Leonel Radde diz que "não adianta a gente achar que as instituições são descoladas da sociedade como um todo", assim como do governo. "Se o Estado tem uma lógica, como a gente vê hoje, fascista, se as administrações, os eleitores, a sociedade coloca as lideranças políticas dentro dessas estruturas e existe uma cadeia de comando, é natural que essas instituições respondam de acordo com o governante daquele momento”

Leonel Radde
Leonel Radde


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247 - Policial civil no Rio Grande do Sul e membro do movimento Policiais Antifascismo, Leonel Radde conversou com a TV 247 sobre o modus operandi das corporações policiais no Brasil. Segundo ele, os policiais reproduzem aquilo que existe na sociedade e no modo de pensar dos governantes.

Radde pontuou ainda que a polícia é um aparato repressivo do Estado que hoje, em sua avaliação, é fascista. “A polícia faz parte do aparato repressivo do Estado, isso é um fato consumado. Se o Estado tem uma lógica, como a gente vê hoje, fascista, mas vamos dizer que seja uma lógica de um Estado burguês, liberal, se ele vem com essa lógica, se as administrações, os eleitores, a sociedade coloca as lideranças políticas dentro dessas estruturas e existe uma cadeia de comando, é natural que essas instituições respondam de acordo com o governante daquele momento”. 

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O policial disse que não é possível separar as instituições e seus empregados da sociedade e da forma de pensar que existe nela. Ele falou também do trabalho policial diante de mobilizações populares e explicou que os agentes são treinados a raciocinar como se estivessem em um confronto com inimigos durante situações de protestos e manifestações. 

“Se a sociedade hoje é majoritariamente conservadora, se a classe média, branca, é a maior aprovada nesses concursos e têm essa lógica de intolerância, isso vai ser reproduzido nas instituições, não adianta a gente achar que as instituições são descoladas da sociedade como um todo. Há grupos dentro da polícia, por exemplo o Batalhão de Choque, que tem trabalhos excelentes em determinadas atuações contra a criminalidade, mas em relação ao comportamento frente a movimentos sociais de massa, existe um treinamento ostensivo e repetitivo para que se desmobilize, para que se faça a dispersão desse tipo de movimento. Então já de pronto, no tipo de treinamento, já tem essa visão de ‘nós e eles’, de inimigos”.

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O policial criticou que a esquerda e movimentos sociais defendam o fim da Polícia Militar. Segundo ele, palavras de ordem nesse sentido apenas incitam a violência policial e faz com que o diálogo entre polícia e esquerda fique ainda mais difícil. “Em contrapartida, e eu acho que é uma questão em que os movimentos sociais falham amargamente e que o campo de esquerda falha demais, é utilizar algumas práticas que legitimam essa lógica deturpada, preconceituosa que os policiais têm que é, por exemplo, ‘não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da Polícia Militar’. Essa frase, sozinha, causa um dano no diálogo interno dentro da polícia. Ao mesmo tempo que tem uma questão estrutural, tem também falhas na forma de diálogo do campo da esquerda com trabalhadores de segurança pública para que se entendam como trabalhadores de fato, e não simplesmente como militares”.

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