Vereadora do PT, Juliana Soares recebe ameaças: ‘próxima Marielle’
Parlamentar do PT de Americana (SP), Juliana Soares protocolou requerimento na Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa paulista

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247, com Rede Brasil Atual - Ameaçada e chamada de a “próxima Marielle”, a vereadora Juliana Soares do Nascimento, do PT de Americana (SP), pediu providências à Polícia e à Assembleia Legislativa de São Paulo. Na última quarta-feira (15), a parlamentar em primeiro mandato protocolou requerimento na Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia. No documento, a vereadora Professora Juliana, como é mais conhecida, relata ameaças e perseguições sofridas desde que tomou posse, em 2021.
No entanto, chamou atenção o comentário em uma publicação sobre ela em uma rede social com os dizeres “próxima Marielle”. “Isso caracteriza ameaça e incitação à violência. Sabemos o que aconteceu com a vereadora Marielle Franco, do Rio de Janeiro, assassinada em 2018″, disse a vereadora à RBA.
A frase ameaçadora fez referência a um vídeo publicado por terceiros, com trechos de sua fala na última sessão na Câmara, em 8 de dezembro. Na ocasião, ela pedia informações sobre a ocupação em frente ao Tiro de Guerra na cidade de Americana por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL).
Vereadora é perseguida desde o início do mandato
Segundo a parlamentar, no dia seguinte foi interpelada pelos bolsonaristas. E como na época houve muitos comentários agressivos, ela registrou Boletim de Ocorrência na segunda-feira (13). E relatou à Delegacia da Mulher que uma liderança do acampamento no Tiro de Guerra transmitiu um vídeo ao vivo. Nele, incitava os manifestantes contra, afirmando que Juliana estava querendo tirá-los de lá. A reação foi imediata, com comentários violentos. Um deles dizia: “Manda ela vir aqui, tô louco para pegar uma petista”.
A vereadora, que é professora e socióloga, contou que desde o início de seu trabalho na Câmara é alvo de ataques violentos nas redes sociais. Em 2021, o vereador de extrema direita Felipe Corá (Patriotas), da vizinha Santa Bárbara do Oeste, a atacou. Divulgou um vídeo em que dizia que ela “é defensora de bandidos, do aborto, e que deveria lavar a boca com ácido sulfúrico”.
“Parlamentar atacada é a democracia atacada”
O caso foi parar na Justiça, que entendeu que houve danos morais. O juiz condenou Corá a pagar indenização e a retirar o vídeo de uma rede social. Na ocasião a Câmara de Americana entendeu que tudo não passava de uma questão de “polarização política”. E que não cabia uma ação mais contundente além da solidariedade a ela. O vídeo chegou a ser exibido em programa na TV local. E nem assim a mesa da Câmara tomou providências.
“A misoginia permeia as relações dentro da nossa cultura e em todas as relações, camadas, contextos, tempos e espaços. Essa misoginia está no feminicídio da mãe que decidiu se separar do marido, mas tá também na violência política contra nós, mulheres que ocupamos espaço de poder. Quando uma parlamentar é atacada dessa maneira, a democracia é atacada”, disse.
Caso Marielle
A então vereadora do Rio Marielle Franco foi assassinada em março de 2018 pelo crime organizado. Os criminosos deram os tiros em um lugar sem câmeras na região central do município do Rio e, antes do crime, havia perseguido o carro onde ela estava por cerca de três, quatro quilômetros.
Marielle era ativista de direitos humanos e fazia denúncias contra a violência policial nas favelas e também criticava a atuação de milícias.
Dois policiais foram presos: Ronnie Lessa, que, segundo as investigações, deu os tiros, e Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos e que dirigia o carro no momento do crime.
Lessa morava no mesmo condomínio de Jair Bolsonaro (PL) na cidade do Rio e Queiroz também chegou a aparecer em uma foto com Jair Bolsonaro, que teve o seu rosto cortado na imagem.
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