Uchôa diz por que desistiu da candidatura e critica Molon: "o motorista dele é secretário-geral"

Jornalista diz que há uma paralisia na esquerda, que reclama, mas não quer mudar

Marcos Uchôa e Alessandro Molon
Marcos Uchôa e Alessandro Molon (Foto: Reprodução | Gabriela Korossy/Câmara dos Deputados)


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247 - O jornalista Marcos Uchôa falou sobre a frustração que experimentou ao tentar sua incursão na política e criticou o presidente do PSB no Rio de Janeiro, Alessandro Molon, que é candidato ao Senado.

A entrevista foi publicada na coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo. Ele renunciou à candidatura a deputado federal depois de ficar sem resposta sobre orçamento que poderia ter com recursos do Fundo Partidário.

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"Desde maio que estou perguntando para o Molon (quanto receberia). Não para saber o número certo, mas a ordem de grandeza para me planejar. Passou maio, passou junho, passou julho. No domingo, dia 28 de agosto, não só não tinha o dinheiro, mas faltava informação [de quando receberia]. Constatei que era tarde demais", afirma à coluna. "Era como se quisessem que eu jogasse os 15 minutos finais do jogo”, comentou, utilizando uma figura de linguagem própria do futebol, esporte que cobriu durante muitos anos na Rede Globo. Foram oito Copas do Mundo, além de 10 Olimpíadas. 

Mas sua atuação no jornalismo não se limitou ao esporte. No seu currículo há guerras como a do Iraque, terremotos como o do Paquistão, tsunamis como o de Fukushima, múltiplas edições do Fórum Econômico Mundial.

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"Não sou nenhum Felipe Neto ou um cara do Flow (Podcast), mas tenho certo peso. Tem pessoas que gostam do meu trabalho”, disse, a respeito da repercussão que tem nas redes sociais.

Questionado sobre quais foram as suas motivações para pensar em disputar a Câmara, o jornalista diz que a primeira delas era usar a sua voz e a sua credibilidade para alertar a sociedade de que mais quatro anos de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência seria ruim. Em segundo lugar, falar ao Rio de Janeiro que, após sucessivas gestões de governadores presos e cassados, o estado poderia ser comandado por alguém como Freixo. "Ser eleito, de fato, era a terceira e a última de suas prioridades", assinalou.

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Ela conta que não havia reuniões no PSB do Rio de Janeiro para definir estrutura para as campanhas. E diz que há uma paralisia da esquerda, que impede a renovação de quadros políticos.

"Acho que isso simplesmente ilustra o momento de paralisia e de anestesia de uma esquerda que está bem profissionalmente, que tem a sua empregada, que tem a sua estrutura, que consegue viajar, que consegue estar bem. E que reclama, mas ao mesmo tempo não quer mudar tanto assim”, afirmou.

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"Como é que pode não ter nenhuma reunião para apresentar os candidatos? Não tentar fazer uma coisa incomum, já que tem menos dinheiro? Isso está na conta, no caso do Rio de Janeiro, do Molon. E, a nível nacional, está na conta do Carlos Siqueira [presidente do partido]. Eu vi no PSB uma certa incompetência para lidar com as necessidades do que é da política”, disse ainda.

Sobre a gestão de Molon, comentou:

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"O Molon, presidente estadual, tem responsabilidade nisso. Por que você não delega? Bota um segundo para cuidar do seu partido? O secretário-geral (do PSB no Rio) era o motorista dele. Não estou fazendo juízo de valor, ele pode ser ótimo. Mas me parece estranho virar presidente estadual e trazer o seu motorista."

"Ele não precisa gostar de mim, não precisa achar que a minha candidatura teria chance. Ele tem o direito de ter o julgamento dele. Mas eu, como candidato do partido, merecia um pouco de atenção."

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O presidente estadual do PSB no Rio de Janeiro, por sua vez, respondeu que não tinha como antecipar o valor que seria repassado a sua campanha sem que fosse feita a distribuição pela direção nacional do PSB. "Antes disso, era impossível dar um valor. Seria uma irresponsabilidade", afirma.

Molon alegou que a legenda no Rio de Janeiro recebeu seu quinhão do fundo partidário apenas em 25 de agosto, da mesma forma como ocorreu em outros estados. "Atingiu todas as candidaturas, inclusive a minha", afirmou o parlamentar. "Diante da incerteza, lancei uma campanha de arrecadação para conseguir financiar a campanha que eu acho necessária para vencer as eleições", prosseguiu.

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O presidente do PSB fluminense ainda afirma se solidarizar com a reclamação de Uchôa. "Compreendo essa angústia, que também vivi. Lamento profundamente, mas não dependeu de mim. Não posso distribuir o que não tenho, só o que recebo", diz.

Molon se defende da acusação de que seria um mau gestor. "Quem não conhece a vida partidária não consegue imaginar a quantidade de desafios e de problemas que um dirigente partidário tem que lidar. Com mais vivência partidária, ele (Uchôa)vai mudar a versão sobre os desafios que são colocados para um dirigente, que não são pequenos."

E diz torcer para que, em um próximo pleito, o jornalista repense a renúncia deste ano para se lançar candidato. "Infelizmente foi a decisão que ele tomou e tem que ser respeitada. Espero que ele reconsidere, porque o país precisa de pessoas de vários meios, trajetórias e vivências para melhorar a política", finaliza.

 

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