Tarcísio quer implantar em São Paulo modelo de segurança pública do Rio, estado muito mais violento

Especialistas condenam a proposta de Tarcísio de extinguir a Secretaria da Segurança Pública do estado, dando aos chefes da Polícia Civil e da Polícia Militar status de secretário"

Tarcísio de Freitas
Tarcísio de Freitas (Foto: Amanda Perobelli/Reuters)


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247 - Candidato de Jair Bolsonaro (PL) ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) "pretende dar ao chefe da Polícia Civil e ao comandante da Polícia Militar status de secretário e, com isso, extinguir a Secretaria da Segurança Pública do estado", informa a Folha de S. Paulo.

A medida não consta no plano de governo do candidato, mas ele tem feito o anúncio a policiais paulistas.

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O modelo é o mesmo implantado no Rio de Janeiro em 2019 e é criticado por especialistas, que o consideram um retrocesso ao esforço de integração das forças de segurança estaduais.

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"Uma vez que a melhora na segurança do estado passa também pelo maior engajamento e supervisão direta do governador. [...] Ter a ligação direta entre o comando e o governador daria a relevância necessária às tomadas de decisão de segurança pública. [...] Esta mudança de estrutura será cuidadosamente planejada de modo a tornar a transição possível durante o mandato. A Secretaria de Segurança, como as polícias, é centenária em São Paulo e, por isso, essa mudança deve ser pensada com cuidado e com base em experiências bem-sucedidas para que os ganhos esperados sejam obtidos com máxima eficiência", explica a campanha de Tarcísio em nota.

Ouvido pela Folha, o sociólogo Ignácio Cano, do Rio,  diz ser um erro haver duas secretarias, como proposto por Tarcísio. Para ele, isso "aprofunda a divisão das duas polícias, que impede uma política integrada de segurança pública". "Historicamente, as polícias eram separadas, foi um avanço histórico no Brasil conseguir integrá-las numa Secretaria de Segurança Pública única, com comando único, e que fosse dada a uma pessoa que não fosse necessariamente policial. [...]  Isso que aconteceu no Rio e vai continuar acontecendo. É um retrocesso político estratégico, porque você precisa de um planejamento e execução integrada da política de segurança, e as duas polícias têm que trabalhar juntas. Então, duas secretarias, certamente vão contra esse princípio".

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Diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo também discorda do modelo proposto por Tarcísio. "Já há pouca integração concreta operacional de dados, por exemplo. Sem a secretaria, isso tende a ficar muito mais difícil porque, infelizmente, as polícias disputam muito entre si. Muito grave [essa possibilidade] e é ir na contramão do que funciona na segurança pública no Brasil".

Coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo, José Vicente da Silva afirma que a separação das pastas "não permite que a segurança do Rio evolua, inclusive em termos de qualidade de gestão, tecnologia e inteligência."

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Adversário de Tarcísio no segundo turno em São Paulo, Fernando Haddad (PT) afirma que pretende resgatar o modelo que existia antes do governo João Doria (PSDB), sem as secretarias-executivas da PM e da Polícia Civil.  "O governo Haddad manterá a estrutura que sempre existiu na Secretaria de Segurança Pública antes do atual governo: secretário da Segurança Pública, Secretário Adjunto e chefe de gabinete. O gabinete da SSP já conta com assessorias das polícias civil e militar. [...] O esforço conjunto produz mais e melhores informações; ações mais potentes; complementaridade, com mais eficiência do gasto público; segurança mais próxima dos cidadãos e cidadãs".

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