Tarcísio de Freitas se complica com desprezo por vacina infantil e caso Paraisópolis

O candidato bolsonarista em SP não vai cumprir as determinações com relação ao dever do Estado com a vacinação dos paulistas

Tarcísio de Freitas
Tarcísio de Freitas (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)


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Por Cida de Oliveira, da RBA - Na reta final do segundo turno, o candidato bolsonarista ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) está se complicando com seu desprezo pela vacinação infantil e pelo caso Paraisópolis. Seu discurso contra a obrigatoriedade da vacina, antigo, tem sido reiterado. Assim como seu desconhecimento sobre o funcionamento do SUS e do Programa Nacional de Imunizações. Em declarações recentes, o candidato de Bolsonaro tem dado a entender que pretende seguir os passos de seu padrinho. Ou seja, não vai cumprir as determinações com relação ao dever do Estado com a vacinação dos paulistas.

Na última quinta-feira (20), em sabatina no programa SP2, da TV Globo, Tarcísio disse que não vai “retaliar” pais que não vacinarem seus filhos. E mais: “Os pais nunca foram obrigados a vacinar crianças. O que a gente precisa fazer é conscientizar”, disse. “As pessoas têm de ter liberdade e a liberdade é um valor que tem de ser defendido. Não vamos retaliar, mas levar as vacinas para mais perto de onde as pessoas estão”, discursou, como se o SUS não fosse capilarizado e as vacinas não chegassem aos pontos mais remotos.

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O candidato bolsonarista ao governo paulista está enganado. E suas propostas, negacionistas, são inconstitucionais, conforme o advogado Ariel de Castro Alves, especialista em direitos humanos e membro do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. “O Tarcisio desrespeita o ECA, que prevê que a vacinação é obrigatória, colocando em risco as crianças.”, disse à RBA.

Vacina é obrigatória, mas Tarcísio quer lavar as mãos

Isso porque o artigo 227 da Constituição Federal determina que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

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Já o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 14, determina que o SUS promoverá programas de assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos. Parágrafo único: É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. Parágrafo 1º: É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.

“Ao defender que as vacinações não são obrigatórias para as crianças, o Tarcísio visa desprotegê-las e colocá-las em risco. Isso é uma irresponsabilidade muito grande pra quem quer governar o estado mais importante do país. E pode se refletir no Brasil todo, já que São Paulo sempre foi referência em vacinação”, disse.

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Flexibilizar vacina abre porteira para volta de doenças

Para o advogado, ao lavar as mãos quanto a vacinação das crianças, o candidato de Bolsonaro contraria a Constituição e o ECA. “Incita a violação do direito à saúde e também os pais a negligenciarem os direitos dos filhos. O ECA e a Constituição Federal estabelecem a proteção integral das crianças e adolescentes”, frisou.

O temor é que, como governador, Tarcísio poderia, por exemplo, determinar que as escolas não cobrem mais as atualizações vacinais como fazem atualmente. “Afinal, para ele, os pais e mães só devem levar os filhos ao posto de vacinação se for da sua vontade”, apontou. E com isso, a cobertura baixar ainda mais, escancarando portas para a volta de doenças erradicadas. No estado de São Paulo, a cobertura da vacinação contra poliomieliete é de 70%, quando a meta era 95%. Há bairros na capital com surto de meningite.

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Na avaliação do advogado, o candidato Tarcísio quer oficializar o negacionismo bolsonarista em São Paulo. “Quer afrontar o ECA gerando riscos às crianças. O bem comum, de prevenir epidemias, está acima da liberdade individual. Não existe direito de escolha. Pais que não levam os filhos pra vacinar podem provocar graves prejuízos aos próprios filhos e para as outras crianças. E podem responder por descumprimento dos deveres do poder familiar, por negligência e até por maus tratos”.

 E lembrou o atual momento, marcado pela queda acentuada da vacinação infantil devido ao negacionismo de Bolsonaro, seus aliados e integrantes do governo. Uma das consequências é a volta do vírus da poliomielite no país, com um caso no Pará em estudo. “Essa fala do candidato é vergonhosa e inaceitável. Mostra que ele não tem nenhum compromisso com a infância. E ainda coloca em risco toda a estrutura e referência do estado de SP nessa área científica e de saúde”.

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Equipe de Tarcísio e o tiroteio em Paraisópolis

 Ariel, que preside o Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo, também acompanha outro caso que tem complicado a vida do bolsonarista: os possíveis delitos de obstrução à Justiça, favorecimento pessoal, supressão de documento, fraude processual e coação no curso do processo envolvendo a sua equipe de campanha. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, uma pessoa do grupo ordenou a um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens do tiroteio em Paraisópolis em 17 de outubro, que deixou uma pessoa morta. A troca de tiros interrompeu uma agenda do bolsonarista na comunidade da zona sul da capital paulista.

Para o advogado, “são fortes os indícios de que houve uma execução” e “não um confronto, ou qualquer tipo de resistência seguida de morte”. “Um assassinato de um morador da comunidade, que pode ter tido o objetivo de gerar um fato político eleitoral, numa comunidade já marcada pela Chacina de Paraisópolis, na qual nove jovens morreram num ação da PM em 2019”, lembrou Ariel.

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“Existem outras informações conflitantes divulgadas por membros da polícia”, disse, cobrando transparência das imagens gravadas pelas câmeras usadas no fardamento dos policiais na ocorrência. “Nenhuma comprovação disse veio a público até agora”, contesta. 

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