Ronnie Lessa chamava delegado preso em operação de 'meu comandante'
O ex-PM Ronnie Lessa, réu pelo assassinato de Marielle Franco, e o delegado da Polícia Civil Marcos Cipriano foram alvos de uma operação contra jogos de azar no Rio
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247 - O policial militar reformado Ronnie Lessa, réu pela morte da ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), chamava o delegado da Polícia Civil Marcos Cipriano de "meu comandante". Os dois foram alvos nessa terça-feira (10) da Operação Calígula, que investiga a rede de jogos de azar comandada pelo contraventor Rogério de Andrade. O Ministério Público (MP-RJ) teve acesso à troca de mensagens. O teor das conversas foi divulgado em reportagem publicada nesta quarta-feira (11) pelo portal Uol.
O delegado afirmou, em depoimento no ano passado, que Lessa é um amigo de infância. Na época, Cipriano negou ter conhecimento da suspeita de envolvimento do PM na morte de Marielle, assassinada pelo crime organizado em março de 2018.
De acordo com o MP, o delegado Marcos Cipriano intermediou, em 2018, encontro entre Ronnie Lessa, Adriana Belém, então delegada de polícia titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), e o inspetor de Polícia Jorge Luiz Camillo Alves, braço direito de Adriana.
O MP disse que, após o encontro, foram retiradas de circulação 80 máquinas caça-níquel apreendidas em um bingo, tendo o pagamento da propina providenciado por Rogério de Andrade. A denúncia do MP-RJ citou a "promiscuidade com que Cipriano se relaciona com criminosos, especialmente com Ronnie Lessa".
Segundo os promotores, isso "causa especial repugnância, deixando clara a ausência de escrúpulos e freios inibitórios neste agente público, que em liberdade certamente voltará a delinquir''.
De acordo com o MP-RJ, o delegado, "rompendo integralmente o juramento realizado quando da assunção de seu relevante cargo público, dolosamente se aliou à Organização Criminal de Rogério de Andrade, a partir de seus contatos com Ronnie Lessa, e se apresentou como integrante fundamental desta malta, agindo junto à Polícia Civil para atender aos interesses espúrios de seus comparsas".
"Neste sentido, a título de exemplo, relembramos que Cipriano agiu para viabilizar a liberação do espaço interditado na Avenida do Pepê, 52, Barra da Tijuca, bem como para liberação das máquinas apreendidas na 16ª DP, demonstrando interesse direto na retomada breve das atividades desta casa de apostas, que certamente lhe trazia relevantes ganhos econômicos", completam os promotores.
A defesa de Ronnie Lessa disse que vai tomar conhecimento da denúncia antes de se posicionar.
O advogado Ary Bergher, responsável pela defesa de Rogério de Andrade, afirmou que a operação, "além de não deixar demonstrada a necessidade de prisão cautelar do Rogério, reluz claramente uma afronta ao STF que acaba de conceder o trancamento de uma ação penal contra ele".
Segundo o advogado, trata-se de uma tentativa de burlar as decisões do Supremo. O defensor disse que a 2ª Turma do STF trancou em fevereiro uma ação penal contra Rogério, acusado de ser o mandante da morte do rival Fernando Iggnácio, em 10 de novembro de 2020. Os ministros revogaram a prisão cautelar decretada contra o bicheiro.
Adriana Belém será representada pelas advogadas Luciana Pires, que também defende o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso da rachadinha, e Sandra Almeida.
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