PT baixa o centralismo e arma troca em Caxias
Em troca do apoio do PSB a Fernando Haddad, em So Paulo, direo nacional do PT vai intervir em articulaes municipais; sobrou para Caxias; interrupo de articulao de candidato do PMDB a prefeito, Washington Reis (centro), para chapa com o PT, ter reflexos sobre os pr-candidatos a governador Pezo ( esq.) e Lindenberg ( dir) em 2014
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Marco Damiani _247 – Os chefes do PT nacional estão decididos a passar o trator sobre uma série de pretensões dos PTs estaduais e municipais em nome de obter para o candidato do partido em São Paulo, Fernando Haddad, o apoio do PSB do governador Eduardo Campos, de Pernambuco. O que parecia ser uma aliança fácil, no final do ano passado, tornou-se uma articulação difícil, de diálogo pouco franco e, sobretudo, custosa politicamente. Agora, a turma do PSB avisa que só topa fechar com Haddad se diversas parcerias em curso sejam dissolvidas. E o PTzão está pronto para baixar o chamado centralismo, no qual o poder central manda mais, para atender as exigências. Nesse ponto, sobrou para Duque de Caxias, o maior colégio eleitoral da Baixada Fluminense com 22% dos eleitores do Rio de Janeiro, onde uma interferência direta sobre o diretório municipal do PT projeta mudanças radicais na disputa pela Prefeitura.
Favorito pelas pesquisas, o ex-prefeito e deputado Washington Reis, do PMDB, pode sofrer um golpe duro caso a intervenção se consume. Estão em fase adiantada os entendimentos do grupo dele para uma composição com o PT, pela qual Dalva Lazaroni sairia como candidata a vice-prefeita. A coligação agrada a base de militantes do PT de Caxias, que já recolhe assinaturas para manifestar esse apoio e, assim, pressionar o diretório municipal. O plano nacional, ao contrário, é o de levar o partido para a canoa do secretário estadual de Ciência e Tecnologia e deputado federal licenciado, Alexandre Cardoso, candidato do PSB. Uma troca direta para o partido apoiar Haddad em São Paulo. Essa mudança radical de posição dos petistas beneficiaria, a princípio, o pré-candidato do partido a governador em 2014, senador Lindbergh Farias, cujo plano é manter a maior distância possível do PMDB que planeja ter o vice-governador Pezão como candidato. No caso, porém, de a ida do PT para junto do PSB vingar, o pré-candidato Reis conseguir atrair parte da base petista em Caxias e confirmar seu favoritismo na eleição, o preço a pagar terá sido muito alto. Para o partido da estrela. O que for decidido em Caxias, nessa fase de namoros e traições entre os partidos e os candidatos, irá repercutir diretamente nas armações para 2014.
É na tentativa de tirar o candidato Fernando Haddad do isolamento em São Paulo e fechar ao menos uma aliança partidária consistente que aposta a direção nacional do PT, pronta a interferir diretamente nas decisões do partido em cinco cidades consideradas estratégicas. Duque de Caxias é uma delas, onde a pré-candidata do partido, Dalva Lazaroni, deve ser deixada para trás. A candidatura dela foi pedida pelo PSB, nas mensagens enviadas ao comando nacional do PT, para dar lugar à de Alexandre Cardoso, filiado aos pessebistas. O problema, nesse caso, é que, dentro do PT de Caxias, muitos militantes defendem uma aliança com o pré-candidato do PMDB, ex-prefeito Washington Reis. Essa ala do partido já recolheu assinaturas entre as bases partidárias na defesa da aliança, na qual a vereadora Dalva sairia como candidata a vice. Por outro lado, parte da cúpula petista em Caxias sonha com a candidatura da professora Lauricy Fátima, que hoje intenciona concorrer à Câmara Municipal. De toda forma, o certo é que os chefes do PT nacional parecem mesmo dispostos a atropelar quaisquer articulações locais. O risco, é claro, é o de estilhaçar o partido na cidade e, sem unidade, tornar o apoio feito pela cúpula pouco efetivo.
Abaixo, reportagem da Agência Estado sobre a inclinação da cúpula nacional do PT em interferir nos arranjos políticos feitos pelas seções municipais do partido:
AE – Ao diagnosticar um risco de isolamento da candidatura de Fernando Haddad em São Paulo, a direção nacional do PT decidiu ceder espaço ao PSB nas eleições de até três capitais e quatro municípios estratégicos em troca de apoio antecipado da sigla ao ex-ministro. Os petistas podem desistir de candidatura própria e se aliar aos socialistas em cidades como Boa Vista (RR), Cuiabá (MT), Franca (SP), Mossoró (RN) e Duque de Caxias (RJ).
O PT dá como certo o apoio do PSB a Haddad, mas quer adiantar a definição da aliança para abril ou maio - e não junho, como quer a cúpula socialista. Com o objetivo de "melhorar o clima" da negociação, os petistas abririam mão de candidaturas para apoiar o PSB em grandes cidades do Sudeste e capitais do Norte ou Nordeste.
A decisão do PT de abrir espaço para os socialistas foi tomada após encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente nacional do PSB, o governador Eduardo Campos (PE). Para os petistas, um acordo em São Paulo é considerado fundamental, pois agregaria 1 minuto e 20 segundos a cada programa de TV da campanha de Haddad. "Há uma parcela do PT com medo de ficar sem apoio em São Paulo", admite um líder petista.
Os dois partidos negam que Campos tenha imposto condições para apoiar o ex-ministro e declaram que as concessões aos socialistas são apenas um "gesto" de aproximação. "Não há chantagem. Há um esforço comum para que os dois partidos se aproximem em algumas cidades", afirma o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral (leia entrevista nesta página).
A boa relação entre as duas legendas no governo federal transformou o PSB em um parceiro frequente do PT nas eleições deste ano, mas as negociações minguaram nos últimos meses.
Até o fim de 2011, os petistas estudavam apoiar candidatos do PSB em até 11 capitais e cidades com mais de 150 mil eleitores. O plano, no entanto, só se concretizou em dois casos: Belo Horizonte e São Vicente (SP). Em contrapartida, o PSB apoia petistas em 22 municípios e estuda aderir à chapa do partido em outros 15.
São Paulo. A negociação entre PT e PSB em grandes cidades paulistas enfrenta dificuldades.
O único acordo fechado até agora ocorreu em São Vicente, onde o PT prometeu apoiar a candidatura do socialista Caio França - filho do presidente estadual do PSB, Márcio França, secretário de Geraldo Alckmin (PSDB).
Os socialistas pedem que os petistas abram mão da candidatura em Franca e esperam a oficialização do pacto em Campinas em favor de Jonas Donizette.
Norte e Nordeste. A direção petista realizou um "check-up" de suas candidaturas nas 118 capitais e cidades com mais de 150 mil eleitores - apelidadas de "joias da coroa". O partido quer identificar locais onde candidaturas próprias ainda não ganharam corpo e podem ser abandonadas em favor do PSB.
O PT está mais disposto a ceder nas Regiões Norte e Nordeste. Em Boa Vista, o partido pode desistir da candidatura da senadora Ângela Portela para apoiar Maria Helena Veronese (PSB). Os petistas também dão como certo o apoio à deputada estadual socialista Larissa Rosado, em Mossoró (RN).
O interesse dos socialistas, porém, deve ser contrariado em João Pessoa (PB). Os petistas aceitavam apoiar a reeleição de Luciano Agra (PSB), mas decidiram lançar a candidatura do deputado estadual Luciano Cartaxo depois que o prefeito desistiu de entrar na disputa.
O apoio aos socialistas no Norte e no Nordeste é visto pelo PT como um "plano B" caso fracassem negociações em Campinas (SP) e outras cidades do Sudeste - prioridade do PSB nas eleições. Em contrapartida, petistas cogitam apoiar os socialistas Alexandre Cardoso em Duque de Caxias (RJ) e Audifax Barcelos em Serra (ES), municípios com mais de 250 mil eleitores.
PCdoB. O ex-presidente Lula também assumiu negociações nos últimos dias para atrair o PC do B à chapa de Haddad. Passou a conversar diretamente com o presidente do partido comunista, Renato Rabelo.
O PT vai apoiar o comunista Renildo Calheiros em Olinda (PE), mas nenhuma outra parceria foi firmada até agora. O PC do B, por outro lado, é a sigla que mais fez alianças com petistas: 32 acordos fechados e 17 em negociação.
As duas siglas estão próximas de uma aliança em Florianópolis, onde o PT pode apoiar a deputada estadual comunista Ângela Albino. Os petistas também cogitam apoiar o partido em Foz do Iguaçu (PR), caso não se concretize a candidatura do diretor-geral da Itaipu, Jorge Samek.
Há divergências na discussão sobre um apoio do PT à candidatura da comunista Manuela D'Ávila em Porto Alegre. Parte do PT defende aliança pela reeleição de José Fortunati (PDT).
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