O Rock é o melhor de todos?
Não sei quem é o autor da expressão de que só existem dois tipos de música, a boa e a ruim, mas concordo inteiramente com a afirmação
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Ainda no rescaldo do Rock in Rio, evento bem badalado nos últimos dias, uma dúvida. Por que a grande maioria (não todos, claro) dos que curtem rock, tem certeza absoluta de que o seu ritmo preferido é “o melhor biscoito do pacote”, taxando outros ritmos de lixo ou algo inferior? Não sei exatamente quem é o autor da expressão de que só existem dois tipos de música, a boa e a ruim, incluindo qualquer gênero, mas concordo inteiramente com a afirmação. Além do mais, o tipo de música que curtimos depende do ambiente, do seu momento pessoal, entre outros fatores.
Um tempo atrás, numa aula de inglês, meu professor, ao brincar com um aluno que nunca entregava lições de casa no prazo correto, disse “open your eyes”, expressão que ele traduziu livremente como “te emenda”, citando a célebre música “Bohemian Rhapsody”, do grupo Queen. Eu, de imediato, lembrei-me da música “Al Capone”, do Raul Seixas (Ei! Al Capone / Vê se te emenda / Já sabem do teu furo, nego / No imposto de renda). O professor então me disse rispidamente: “eu estou falando de Freddie Mercury, você me vem com Raul Seixas, não dá para comparar!” Eu só respondi pra ele em tom de ironia: “sorry, we are inferior to American people” (desculpe, nós somos inferiores aos americanos). Meu objetivo nem era comparar os dois, que sem dúvida foram grandes artistas, cada um na sua praia. Mas a forma como ele me respondeu fez parecer que eu cometera uma heresia.
Acredito que toda essa questão tenha a ver com a dominação estadunidense. Afinal, somos mentalmente colonizados e temos orgulho em buscar parecer com a metrópole, mesmo que muitas vezes sem consciência disso. Repare no orgulho com que certas pessoas pronunciam rock’n’roll (de preferência com a língua bem enrolada), como sendo o supra-sumo da música mundial.
Não se pode deixar de reconhecer o valor de grandes astros do rock, mas também não se pode rir da cara de quem curte mestres como Luiz Gonzaga, Pixinguinha ou outros gênios que não cantavam em inglês.
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