Luciana e Samuel: a morte e o silêncio na Supervia

Dinheiro no falta para a concessionria, que vai receber R$ 2,4 bilhes de investimentos; mesmo assim ocorrem acidentes, como o que matou, nesta quarta, Luciana e o filho Samuel; das duas, uma: falta gesto ou respeito vida



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Pode ser sido por imprudência que Luciana Palmeiro Lalico, de 28 anos, e seu filho Samuel, de apenas três morreram nos trilhos da Supervia, próximo a estação de Manguinhos, na tarde desta última quarta-feira. Mas imprudência de quem? Da mãe, que correndo todos os riscos, saiu em desabalada carreira com os filhos nos braços para não perder o trem? Ou da concessionária, que permitiu ou no mínimo facilitou que alguém transitasse impunemente em área de tão alto risco. Havia segurança no local?

A Supervia talvez tenha as respostas, mas, desde o acidente, parece preferir fechar-se em copas. Procurada pelo Rio247, não retornou. Na falta de explicações para entender a tragédia ocorrida com a jovem mãe e o filho, resta recorrer aos antecedentes da concessionária, que acaba de renovar por mais 25 anos o contrato com o estado para administrar os trens do Rio de Janeiro.

Com um transporte diário de mais de meio milhão de passageiros, a Supervia circula com trens lotados, onde o risco de acidentes é iminente.

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Há uma seqüencia de eventos protagonizados pela Supervia, uma crônica do acidente anunciado, sugerindo que, no mínimo, os trens não oferecem a segurança desejada. No mínimo. Achava-se que o máximo tinha ocorrido no início do ano passado, quando um trem da concessionária trafegou sem maquinista da estação de Ricardo de Albuquerque até a de Oswaldo Cruz e só parou quando a energia acabou. Já em maio último, Solange Dias Pereira, de 38 anos, teve o carro arrastado por 60 metros por um trem do ramal de Belford Roxo.

Mais, em julho deste ano um trem da empresa descarrillou na Baixada Fluminense, provocando um caos no sistema. Em agosto, nas proximidades da estação do Méier, no ramal de Deodoro, um dos trens entrou em pane. Na última terça, outro aviso de que a segurança na Supervia não estava garantida: uma composição de oito vagões que seguia da Central do Brasil para Santa Cruz desprendeu-se, sem que, felizmente, houvesse feridos.

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No dia seguinte Luciana e Samuel morrerram atropelados sobre os trilhos.

Os acidentes da Supervia não parecem ocorrer por falta de investimentos. A concessionária, junto com o governo do estado, está investindo R$ 2,4 bilhões para modernizar o sistema ferroviário. Até 2020, toda a frota terá ar condicionado, como prevê o contrato de antecipação da renovação da concessão até 2048. No momento, há 38 composições refrigeradas, mas com a aquisição e reforma de novas unidades, 235 trens serão equipados com refrigeração. Na terça, às vésperas do acidente com Luciana e Samuel, a Supervia recebia o primeiro dos 34 trens chineses, que vai começar a circular em 20 dias.

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Posto, a insegurança na via só pode ser explicada pela má gestão. Ou então é puro desrespeito à vida.

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