Justiça Militar de SP absolve PM que pisou no pescoço de mulher negra rendida

Promotoria apresentará recurso a favor da condenação dos acusados

(Foto: Reprodução)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Conjur - A 4ª Auditoria Militar do Tribunal de Justiça Militar de São Paulo absolveu, nesta terça-feira (23/8), o soldado da Polícia Militar João Paulo Servato, que foi filmado pisando no pescoço de uma comerciante negra, já rendida, durante uma abordagem em Parelheiros, na Zona Sul de São Paulo, em maio de 2020.

O Ministério Público estadual atribuía ao PM os crimes de lesão corporal, abuso de autoridade, falsidade ideológica e inobservância de regulamento. Ele foi inocentado de todas as acusações.

continua após o anúncio

O cabo da PM Ricardo de Morais Lopes, parceiro de Servato na ocorrência, também foi absolvido dos crimes de falsidade ideológica e inobservância de regulamento. As informações são do G1.

A decisão foi tomada por um conselho de sentença, formado pelo juiz civil José Alvaro Machado Marques e quatro oficiais da PM. Marques e um capitão da PM votaram pela condenação dos dois agentes. Os demais membros da corporação votaram a favor da absolvição.

continua após o anúncio

Na próxima terça-feira (30/8), a sentença será lida e publicada. A Promotoria apresentará recurso a favor da condenação dos acusados.

Argumentos

continua após o anúncio

De acordo com a denúncia apresentada pelo MP-SP, a vítima, antes de ser pisoteada, recebeu três socos e um chute na perna, o que teria lhe causado uma fratura na tíbia.

Ainda segundo a Promotoria, a mulher estava desmaiada, rendida e não apresentava risco aos policiais. Mesmo assim, foi submetida a uma situação vexatória.

continua após o anúncio

Por outro lado, o advogado de defesa dos PMs, João Carlos Campanini, alegou que Servato não pisou sobre o pescoço da comerciante, mas sim "no final das costas, próximo ao início do pescoço", em legítima defesa.

Segundo ele, o soldado teria colocado o pé sobre a vítima para conseguir visualizar o parceiro, que estava tentando dominar outras duas pessoas. O vídeo mostrou que Servato colocou todo o peso do corpo sobre a mulher, mas Campanini afirmou que o PM havia perdido as forças nas pernas por conta da adrenalina.

continua após o anúncio

Além disso, as pernas do policial estariam lesionadas. A vítima teria agredido os agentes com um rodo de madeira e, supostamente, uma barra de ferro. Os vídeos mostram a comerciante agredindo Servato com o rodo, mas não há imagens da barra. A Folha de S.Paulo teve acesso ao laudo do IML de Servato, que constatou apenas lesões corporais de "natureza leve" — uma escoriação na mão esquerda e dor na coxa direita.

Repercussão

continua após o anúncio

O advogado de defesa da vítima, Felipe Morandini, disse que os três oficiais da PM que votaram a favor da absolvição agiram de forma corporativista.

Ele ainda ressaltou que o laudo do IML não indicou lesão na perna do policial por barra de ferro. Para Morandini, não haveria justificativa para Servato pisar sobre o pescoço da comerciante.

continua após o anúncio

Após o julgamento, o advogado Thiago Amparo, professor de Direito Internacional e direitos humanos na FGV Direito SP, em sua coluna na Folha, pediu o fim da Justiça Militar.

Amparo afirmou que a Justiça Militar é uma instituição "cadavérica", "dispensável", "inútil", "autoritária", "custosa" e "expansionista".

Para ele, bastaria que a lei submetesse todos os militares que cometerem crimes comuns a julgamentos por juízes civis (togados, na Justiça comum).

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247