Festival do Rio começa hoje e exibirá 350 filmes
Evento ter 18 mostras e vai homenagear diretores Dario Argento, Patrcio Guzmn, Abel Ferreira e ator Williem Dafoe; Marisa Paredes vai apresentar novo filme de Almodvar
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Importantes convidados internacionais confirmaram presença no Festival do Rio - o diretor italiano Dario Argento, que será homenageado com uma retrospectiva de seus filmes; o chileno Patricio Guzmán, outro homenageado; o diretor Abel Ferrara e o ator Willem Dafoe, ambos norte-americanos, de "4:44"; e a espanhola Marisa Paredes, estrela de Pedro Almodóvar. Ela vem especialmente para a sessão de abertura, nesta noite, para apresentar o novo Almodóvar, "La Piel Que Habito". Com a tradução literal de "A Pele Que Habito", o longa deve estrear ainda neste mês.
Um filme sobre pulsões de vida e morte, inspirado no cult francês "Les Yeux Sans Visage", de Georges Franju, sobre um cirurgião plástico que se vinga do estuprador de sua filha. O filme, como toda obra de Almodóvar - amigo de Caetano Veloso, da Bahia -, tem conexões com o Brasil. E será dada a partida - amanhã, o festival começa para o público, devendo exibir, até dia 18, cerca de 350 filmes de 60 países, distribuídos em 18 mostras e exibidos em 40 locais, entre cinemas de shopping, de rua e praças. E o festival não se resume aos filmes. Paralelamente, ocorrem encontros e negócios para promover o audiovisual.
Panorama do Cinema Mundial, Expectativa 2011, Midnight Movies, Mostra Mundo Gay, Fronteiras, Dox, Filme Doc, Geração, Meio Ambiente, Semana dos Realizadores, Itinerários Únicos, Foco Itália, Imagens de Israel, Made in USA Retrospectiva Dario Argento, Mostra 50 anos da Semana da Crítica (do Festival de Cannes) e, claro, as mostras competitivas Première Latina, que atribui o prêmio da Fipresci (da crítica), e a Première Brasil, que outorga o principal troféu do evento, o Redentor. O número de mostras aumenta se forem somadas a Retrospectiva Béla Tarr - que os paulistanos já viram - e a homenagem a Patricio Guzmán. O Rio é coisa de cinema e a estátua do Cristo, pairando sobre a cidade, virou a representação do prêmio que o festival dá aos melhores do cinema brasileiro.
"Capitães de Areia", o longa que Cecília Amado adaptou do romance de seu avô, Jorge Amado, abre amanhã a Première Brasil, coincidindo com a estreia nacional do filme (menos no Rio). Prepare-se para uma intensa emoção - o trio de protagonistas, os jovens atores que fazem Pedro Bala, Dora e o Professor, são viscerais, grandes revelações. Quem leva este ano o Redentor? Que venham os filmes para que os jurados possam fazer suas escolhas - para o público, o que interessa é a festa do cinema. Que títulos escolher, face a uma oferta tão abundante? O festival exibe não um, mas dois filmes de Martin Scorsese, os documentários sobre George Harrison e Fran Lebowitz, "Public Speaking"; o vencedor do Urso de Ouro, em fevereiro, "Separação" de Asghar Farhadi; o vencedor de Toronto, "Et Maintenant, on Va Oú?", de Nadine Labaki; e uma das grandes atrações do recente Festival de Veneza, "A Dangerous Therapy", de David Cronenberg. Mas estes são apenas cinco entre 350 títulos e os outros 345 clamam pela atenção dos cinéfilos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
"Inquietos" é uma das atrações
Cannes, em maio. Sob um sol de torrar o cérebro, as entrevistas de "Restless" realizam-se na Praia do Festival. Estavam presentes a produtora Dallas Bryce Howard, os atores Mia Wasikowska, a Alice de Tim Burton, e Henry Hopper (filho de Dennis), o diretor Gus Van Sant. "Restless" abriu a seção Un Certain Regard, que integra a seleção oficial e é a segunda em prestígio, de Cannes, após a competição. Com o título de "Inquietos", "Restless" é uma das atrações anunciadas do Festival do Rio, que começa hoje. O cinéfilo que estiver no - ou for ao - Rio especialmente para assistir ao festival não pode perder o novo Gus Van Sant. É o melhor filme do autor em anos, e olhem que não lhe falta prestígio. A estreia nas salas está prevista para 25 de novembro.
Figurinha carimbada em Cannes e Veneza, Gus conta que "Inquietos" nasceu como projeto de Dallas Bryce Howard. "Recebi o roteiro através do escritório do produtor Brian Grazer, que costuma trabalhar com Ron (Howard, pai da atriz e, aqui, produtora). Bryce já vinha trabalhando no filme com o roteirista Jason Lew desde que eu fazia o remake de Psicose." Ou seja, 13 anos. "Recebo muitos roteiros de jovens e sobre jovens. A primeira coisa que me interessa é a história. Depois, avalio questões mais técnicas. O desenho dos personagens, a viabilidade das produções. Tudo era tão perfeito em Inquietos, não resisti."
Desde o começo de sua carreira, que remonta a "Mala Noche", de 1985, Gus Van Sant tem revelado especial preferência pelos temas da juventude. Por quê? "Porque é a fase mais rica, senão necessariamente a melhor, da vida da gente. Quando jovens, estamos descobrindo o mundo, aprendendo coisas. Temos um olhar fresco, até virgem. Aos 23, 24 anos, as próprias exigências da vida forçam o amadurecimento. Ficar adulto, para a maioria, significa ir contra tudo aquilo em que acreditava. Não sou muito de ficar revendo meus filmes, mas 'Garotos de Programa' (My Own Private Idaho, de 1991), que revi há pouco, porque o filme integra uma exposição de James Franco no Museu de Arte Moderna de Nova York, me trouxe esse olhar mais jovem. Sei que o meu olhar é de um homem maduro, mas filtrado pelo deles (os personagens de River Phoenix e Keanu Reeves), sinto que há uma pureza que ainda não perdi totalmente."
"Inquietos" baseia-se numa peça de Jason Lew e o curioso é que Dallas Bryce Howard se engajou no projeto sem pensar no papel para ela. É a história de uma garota que está morrendo de câncer e que se liga a garoto necrófilo. Desde que perdeu os pais num acidente, ele se comunica com um amigo imaginário, um piloto japonês camicase. O protagonista masculino frequenta funerais e é num deles que cruza com a garota terminal. Juventude e morte, mais uma vez, segundo Gus Van Sant.
Ele conta que escolheu os atores por audições (auditions, testes). "Embora tenha filmado em Portland, no Oregon, onde moro a seleção foi feita em Los Angeles. É incrível como vieram muitos jovens de famílias ligadas ao show biz, a neta de Elvis Presley, por exemplo. Mia, eu já conhecia. Henry (Hopper) foi uma indicação da minha diretora de elenco. Achei-o interessante, mas não foi fácil localizá-lo. Ele vivia, na época, na Alemanha, mais interessado numa carreira de pintor, mesmo que tivesse feito alguns experimentos como ator. A questão era saber se Henry e Mia teriam química. Quando contracenaram pela primeira vez, percebi que a liga vinha justamente das diferenças."
A história, mesmo contemporânea, não parece se desenrolar numa época específica. "Isso já estava um pouco no roteiro, mas veio principalmente de Henry e Mia. Ambos usavam (moda) vintage e o look era tão especial que incorporamos aos personagens." "Inquietos" é seu primeiro longa desde "Milk" e ele revela que o longa com Sean Penn marcou uma decisiva mudança em seu método. "Sean já vinha trabalhado com Terry (Terrence) Malick e me contou como ele filma o diálogo e, depois, filma a cena do mesmo ângulo, com a mesma disposição dos atores, na eventualidade de precisar de coberturas. Isso permite dissociar imagem e som e modular o ritmo. Filmei a maioria das cenas com e sem diálogo. Poderia fazer uma versão silenciosa de Inquietos."
O filme abre-se com uma canção dos Beatles. "Nunca havia usado música deles, mas a rodagem foi tão econômica que sobrou dinheiro. Pelo tom de "Inquietos", era difícil arranjar alguma música. Dallas sugeriu... e ela própria bancou a aquisição." Um filme sobre a morte, não depressivo e com muitos silêncios. "Nenhum outro filme meu valoriza tanto os olhares dos atores. Eles falam pelos olhos tanto quanto com palavras e gestos. Mia e Henry foram ótimos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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