Douglas Belchior: vamos mudar essa sociedade desigual

O Ato em Defesa da Democracia, no TUCA, que reuniu diversos apoios às candidaturas de Lula e Haddad, teve na intervenção de Douglas Belchior um de seus momentos mais relevantes

Douglas Belchior
Douglas Belchior (Foto: Ricardo Stuckert)


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por César Locatelli, para o 247

O Ato em Defesa da Democracia, no TUCA (24/10), que reuniu diversos apoios às candidaturas de Lula e Haddad, teve na intervenção de Douglas Belchior, da Coalizão Negra por Direitos, um de seus momentos mais relevantes.

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Ele selecionou cinco frases para guiar sua exposição.

“O que o senhor precisar a gente vai fazer.”

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Ele relembrou a frase dita por um policial federal a Roberto Jefferson, após o ex-deputado ter disparado tiros de fuzil e granadas contra os policiais que tinham ido à sua casa para executar uma ordem judicial. Belchior comparou o tratamento dado por esse policial federal a Jefferson com aquele usualmente dispensado a jovens negros.

“Por que o senhor atirou em mim?” 

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Essa foi a última frase de Douglas Rodrigues, 17 anos, ao ser atingido com um tiro no peito desferido por um policial militar em São Paulo. Belchior enfatizou que um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos no Brasil. Ele conta que o que o fez ter um caminho diferente na vida foi a cultura, a arte, a educação e resumiu: “tudo que Bolsonaro e Tarcísio odeiam”.

“Nunca antes na história do Brasil.”

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Repetida muitas vezes por Lula, essa frase foi utilizada para salientar que muitas das reivindicações da população negra, como a criação de um ministério para tratar da igualdade racial, foram atendidas no governo Lula. Ele revela ainda sua esperança na recriação do ministério com mais recursos e maior poder transversal no próximo governo.

“Enquanto houver racismo não haverá democracia.”

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Aqui, Belchior enumera as políticas sociais dos governos petistas que favoreceram amplamente a população negra que é o maior grupo entre os mais pobres do país. Ele revela, ainda, a impossibilidade de termos uma democracia de verdade com a permanência do racismo secular como a principal característica da nossa sociedade atual.

“Acredita, porra!” 

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É seu grito para conclamar a população a lutar pelo fim da desigualdade da sociedade brasileira e para conferir seu apoio a Lula e Haddad.

Segue a transcrição do pronunciamento de Douglas Belchior.

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Sobre o poder das palavras em 5 frases

Frase 1: “O que o senhor precisar a gente vai fazer.”

Disse o policial federal ontem ao prender o canalha do Roberto Jefferson, depois de este ter recebido a PF a balas e granadas na porta da sua casa. Tratamento bem diferente do que é, habitualmente, pensado e dispensado pelas polícias a jovens negros, periféricos, favelados, todos os dias, em todo esse país.

Frase 2: “Por que o senhor atirou em mim?”

Essas foram as últimas palavras de Douglas Rodrigues, um jovem de 17 anos, no dia 27 de outubro de 2013, quando ele levou um tiro no peito por um PM aqui de São Paulo. Um jovem negro, meninos em sua maioria, é assassinado a cada 23 minutos no Brasil. Sueli Carneiro, filósofa e ativista brasileira, recentemente numa entrevista lembrou: “nem nos piores momentos das lutas por direitos civis nos Estados Unidos, nem nos piores dias do apartheid na África do Sul aconteceu algo dessa proporção”.

Como é possível conviver com essa realidade aqui no Brasil? Até quando?

Eu fui um desses meninos, contrariei as estatísticas, sobrevivi como homem negro num país que queria me matar. E o que me salvou? Os livros que minha mãe lia; os filmes que ela assistia; as letras do rap nacional, dos Racionais, do RZO, do BMN, do GOG; a educação; as artes; a cultura; o movimento negro salvou a minha vida. Tudo que Bolsonaro e Tarcísio odeiam, é o que nos mantém vivos. E é por isso que Tarcísio quer tirar as câmeras dos uniformes dos policiais, para que possam matar mais jovens negros. E é por isso que Bolsonaro fez as pazes com Moro, para ressuscitar o excludente de ilicitude e as políticas de encarceramento e morte.

Frase 3: “Nunca antes na história do Brasil.”

E foi no seu governo, Lula, que as reivindicações mais radicais do povo brasileiro foram ouvidas pela primeira vez. Foi no seu governo que se criou um ministério para promover a igualdade racial, ministério que vai votar a existir com mais força, recursos e poder transversal em todas as dimensões do governo, é o que nós desejamos.

Por muito anos o Brasil foi exemplo para o mundo. Nossos irmãos da diáspora olhavam para o Brasil para aprender sobre como fazer políticas públicas para a população negra.

Frase 4: “Enquanto houver racismo não haverá democracia.”

A lei 10.639, história da África e dos africanos do Brasil, e depois a 11.645, dos povos originários, que o senhor [Lula] assinou; o estatuto da igualdade racial; as políticas de quotas raciais que abriram as universidades para juventude e o povo negro brasileiro, que esses dois senhores [Lula e Haddad] promoveram para nosso país, e todas as políticas sociais, afinal aumento do salário mínimo, Bolsa Família, Fome Zero, Minha Casa Minha Vida, Prouni, Fies, Luz para Todos, Fomento à Agricultura Familiar, garantia de direitos das trabalhadoras domésticas – todas essas políticas beneficiaram em cheio a população negra, esmagadora maioria dos pobres e da classe trabalhadora desse país.

Não é à toa, presidente Lula, não é à toa, governador Haddad, que todas as pesquisas mostram que a população negra é o segmento, ao lado das mulheres, que nos dá maior vantagem de apoio nessas eleições. Eu não conheço todas as lideranças negras desse país, mas eu posso afirmar, sem medo de errar, que todas elas, no campo e na cidade, nas favelas, periferias, quilombos, florestas, águas, todas que merecem respeito estão com você, Lula, até o fim, estão com você, Haddad, até o fim.

Frase 5: “Acredita, porra!”

A Coalizão Negra por Direitos mais uma vez explicitou em manifesto, desta semana, o apoio a Lula e Haddad, reafirmando que façam valer a ideia de que não será possível um desenvolvimento sustentável ao nosso país sem que se considerem e se incluam, com respeito e decência, 56% da população do país. O racismo secular permanece como principal característica da sociedade que se fez das mais desiguais do mundo, nas palavras do professor Mário Theodoro, violenta, autoritária, elitista e medíocre. Esta é a sociedade desigual que nós queremos e vamos mudar. Por reparação histórica, pelo fim do genocídio negro, é Lula lá e Haddad aqui.

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