Democracia e transformação social marcam a 3ª edição do #ProntoFalei
Interação entre os convidados e a plateia faz do evento da Fenae intenso e produtivo, com a discussão de temas atuais da sociedade
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247 - O Teatro Oficina foi palco da terceira edição do #ProntoFalei, evento promovido pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) e Associações do Pessoal da Caixa (Apcefs), na cidade de São Paulo. O evento reuniu outros participantes que discutiram sobre transformação social, tecnologia, trabalho, combate ao assédio, entre outros. De acordo com o filósofo Vladimir Safatle, “a democracia pode ser classificada em igualdade radical e soberania popular, que é partilhar poder com as pessoas, fruto de uma decisão coletiva”. “Nós temos, no Brasil, a ideia de igualdade, mas ainda não conseguimos registrar isso. Por isso, reafirmo que ainda não conseguimos experienciar a democracia de fato no nosso País”, alertou.
O presidente da Fenae, Sergio Takemoto, afirmou que a ação é realizada em um momento em que o país “retoma a idealização de democracia”. “Com base nas afirmações de Betinho, sociólogo e ativista dos direitos humanos brasileiro, a democracia é algo a ser sempre construída. A luta sindical, a luta de entidades representativas de classes trabalhadoras deve se basear na igualdade, na participação coletiva e na transformação social, e são essas questões que pautam a verdadeira democracia”, disse.
O acesso à tecnologia e à inovação foi assunto abordado por Atila Iamarino, doutor em microbiologia e divulgador científico, que ficou mais conhecido no país ao debater a pandemia na internet. “Toda tecnologia tem sua função produtiva. As redes sociais, por exemplo, abrem rol enorme para o acesso à informação. É preciso democratizar este acesso e a tecnologia deve ser usada em favor dos trabalhadores, no sentido de auxiliar, apoiar, não substituir as suas funções”, alertou Iamarino.
A segunda convidada a falar com a plateia foi Amanda Oliveira, que trouxe um relato emocionante da vida pessoal e como desenvolveu e fundou o projeto Nação Valquírias, organização social que trabalha para transformar a vida de meninas, mulheres e seus filhos em situação de vulnerabilidade social e emocional. Ela pontuou como a democracia pode transformar socialmente a população, especialmente as mais vulneráveis.
“Sabemos o poder da oportunidade, que é o que também se pode traduzir democracia. Olhar profundamente para o ser humano, garantir acesso à educação, à cura dos traumas sociais de pessoas que estão em situação de pobreza, é o que está verdadeiramente ligado à democracia”, reforçou Amanda.
Mestre em políticas públicas, Scarlett Rodrigues abordou temas relacionados ao mundo do trabalho, com foco no combate ao assédio. “No Brasil, há registro de 50 mil casos de assédio no trabalho, sendo que 30 mil são de assédio sexual. Além disso, a cada uma hora, uma mulher é assediada neste país. É preciso democratizar o acesso à informação, à inclusão, pois, com isso, conseguiremos que mais pessoas denunciem”, informou.
Ainda sobre o tema do assédio no ambiente de trabalho, a diretora de Políticas Sociais da Fenae, Rachel Weber, lembrou os casos denunciados pelos empregados da Caixa no ano passado. “Essa é uma questão que nos preocupa bastante, no âmbito da Fenae. Por isso, abrimos espaços como este, o #ProntoFalei, para que os mais novos empregados e empregadas conheçam, discutam e reforcem a luta em defesa dos trabalhadores, com consciência coletiva para o combate a esse e outros tipos de assédio no banco”, destacou a diretora.
O evento
A mediação do #ProntoFalei foi comandada por Livia La Gatto, atriz e roteirista. De forma descontraída, ela conduziu o evento, que contou com grande participação da plateia. O bate-papo também foi bastante assistido via canal da Fenae no YouTube. Além disso, contou com tradução simultânea para Libras (Língua Brasileira de Sinais).
O presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros, também marcou presença no bate-papo e afirmou que “é uma honra sediar o primeiro evento fora de Brasília e primeiro presencial pós-pandemia. Agradeço à Fenae pela confiança e nos colocamos à disposição para continuarmos lutando em defesa dos empregados e da Caixa como banco público e social”, disse.
Ao final do evento, o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, informou que a entidade se prepara para organizar uma pesquisa para obter informações sobre a questão do assédio na Caixa. “Queremos construir uma proposta para ser entregue à diretoria da Caixa, onde realmente o empregado seja respeitado, seja valorizado e a política do assédio realmente tenha fim. Queremos construir uma empresa mais humana, uma empresa onde sejam respeitados os valores humanos, que nós entendemos como corretos”, ressaltou Takemoto.
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