Criador de "A Mulher da Casa Abandonada" enfrenta período de turbulência e critica “turismo macabro” e sensacionalismo no local

Criador de "A Mulher da Casa Abandonada", Chico Felitti está passando por um período de turbulência desde que o podcast viralizou

A casa "abandonada" de Margarida Bonetti
A casa "abandonada" de Margarida Bonetti (Foto: Google Street View)


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247 - Criador de "A Mulher da Casa Abandonada", Chico Felitti está passando por um período de turbulência desde que o podcast viralizou. Ao mesmo tempo em que está feliz com a repercussão e o alcance do seu trabalho, o jornalista admite uma preocupação com os rumos que a história pode tomar desde que alguns ouvintes começaram a visitar a casa. A reportagem é do portal Splash, do UOL.

Para explicar esse sentimento dúbio, Chico usou o exemplo de sua primeira reportagem viral. Um texto sobre Ricardo Corrêa da Silva, maquiador e cabeleireiro que ficou conhecido como Fofão da Augusta após ter o rosto deformado por aplicações de silicone industrial.

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"Quando viralizou o perfil do Fofão da Augusta na internet foi uma onda de amor. As pessoas queriam conhecer o Ricardo e queriam fazer alguma coisa por ele", relembra Chico, que transformou a história no livro "Ricardo e Vânia".

Com Margarida Bonetti, o oposto aconteceu. "Agora, é uma onda contrária ao amor. Isso é muito complicado porque é a primeira vez que uma coisa que eu escrevo tem uma implicação prática", admitiu o jornalista, que participou ao vivo da gravação do podcast "Bom Dia, Obvious" na Bienal do Livro de São Paulo.

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As pessoas passaram a ir na casa abandonada. Está parecendo uma micareta, está cheio de gente. A mulher fugiu. Os cachorros foram resgatados pela Luisa Mell.

Realmente foram muitas as implicações desde que um vídeo do TikTok apresentou "A Mulher da Casa Abandonada" para um outro público.

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O podcast da Folha de S. Paulo já tinha números expressivos, mas Chico conta que depois que uma tiktoker visitou a casa em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, a curva de audiência subiu muito, gerando um buzz que chegou até mesmo aos Instagrams de fofoca e levou a consequências práticas.

"Eu acho massa, sou braços abertos. Em quanto mais gente chegar, melhor. O meu sonho sempre foi chegar em pessoas. Se a trend do TikTok for fazer a pessoa consumir a história completa, se informar, e entender que por trás dessa história tem uma discussão maior, que o Brasil ainda é um dos países que mais escraviza pessoas em 2022 e que a gente pode mudar isso, ótimo."

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Para o jornalista, o problema é que o conteúdo gerado a partir do podcast fuja da discussão principal que ele levanta: a escravidão. "Minha preocupação é que isso se esvazie na dancinha. Que fique só a dancinha e acabou ali. Que seja só mais uma fantasia de Carnaval, um filtro de Instagram, como de fato virou."

Apesar de não ter controle sobre como sua audiência vai reagir, Chico pede que as pessoas foquem no que realmente é importante na história contada por ele.

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"Se se resumir só nisso acho triste e preocupante. É pegar a energia de uma conversa que talvez a gente pudesse ter agora, e usar essa energia para ir para frente de uma casa abandonada pichar, gritar ou jogar saco de esterco como aconteceu. E talvez não seja por aí o ideal."

Ligação de Luisa Mell

Depois que as pessoas passaram a fazer peregrinação para ver de perto a tal casa abandonada, Margarida Bonetti teria fugido do local e deixado os dois cães que criava. Com essa informação, o Instituto Luisa Mell decidiu invadir o terreno e resgatar os bichos.

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"Meu telefone toca no sábado. Eu atendo e é a Luisa Mell", conta Chico, que soube do resgate dos cães na véspera. Como jornalista, não havia como ele interferir naquela decisão. "Eu só falei 'faz o que você quiser, faz o que você achar justo'. Eu não posso fazer parte disso."

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