Tese de doutorado que detalha 'ajuda' do Globo e Folha para a eleição de Bolsonaro é censurada

A premiada tese de Fabíola Mendonça de Vasconcelos não pôde ser divulgada pelos veículos internos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Universidade Federal de Pernambuco
Universidade Federal de Pernambuco (Foto: Divulgação/UFPE)


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247 - Fabíola Mendonça de Vasconcelos apresentou no fim do curso de doutorado em Serviço Social na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) a tese intitulada "Mídia e Conservadorismo: O Globo, A Folha de São Paulo e a Ascensão de Bolsonaro e do Bolsonarismo". 

O trabalho, que conquistou no último 11 de agosto “Menção Honrosa" no Prêmio CAPES de Tese de 2022, detalha a contribuição do jornal O Globo e da Folha de S. Paulo para a eleição de Jair Bolsonaro (PL) em 2018.

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O material, no entanto, não pôde ser divulgado pelos veículos internos da faculdade. Segundo a Veja, em mensagem enviada ao orientador do trabalho, o professor Marco Mondaini, o assessor de comunicação da UFPE citou a Lei complementar n. 64, de 1990 para dizer que "nos três meses que antecedem a eleição, o chamado defeso eleitoral, é vedada a publicidade institucional, independentemente de seu caráter eleitoreiro ou de seu teor informativo, educativo ou de orientação social".

Mondaini reagiu com revolta ao veto para a publicação: "é inadmissível concordar com a ideia de que uma tese de doutoramento possa ser considerada uma peça de ‘publicidade institucional’, pois, se for esse o entendimento, a própria CAPES infringiu a Lei Eleitoral ao publicar no Diário Oficial da União a premiação atribuída à autora da tese, seu orientador e o Programa de Pós-graduação onde a mesma foi defendida".

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À Veja, o superintendente de comunicação da UFPE e docente no Centro de Artes e Comunicação, Bruno Pedrosa Nogueira, declarou: "gostaria de deixar registrado que nunca, em momento nenhum, houve qualquer proibição ou veto da divulgação da pesquisa. Nossa repórter informou para a entrevistada que existe uma regra para a comunicação do serviço público durante o período eleitoral e que, caso não fosse possível publicar agora, que sairia de forma ampliada em nosso boletim de pesquisa em novembro. Conversei hoje com Fabíola, a orientanda. No entanto, Marco Mondaini, o professor orientador, não atende minhas ligações”.

Ao Brasil 247, o professor Mondaini enviou a seguinte declaração: "é o modus operandi da atual gestão da UFPE, que (suspeita-se) só conseguiu tomar posse em 2019 sob garantia do Senador Fernando Bezerra Coelho, ex-líder do Governo Bolsonaro no Senado Federal. A propósito, no atual contexto que atravessamos, o atual Reitor poderia vir a público a fim de esclarecer se tal suspeita tem correspondência com os fatos. A atual gestão da UFPE apenas se manifesta depois que as denúncias ganham repercussão nacional. Foi assim em março de 2021, quando da censura a um vídeo produzido por jornalistas da TVU, no qual aparecia uma manchete de jornal que fazia referência à postura negacionista do Presidente da República; foi assim na história de uma parceria com o Exército para pesquisar a memória histórica nacional, no mês de abril; e está se repetindo agora nesse episódio que envolve a Tese premiada pela Capes, sobre o papel da mídia corporativa (O Globo e a Folha) na ascensão política de Jair Bolsonaro, escrita pela jornalista Fabíola Mendonça".

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