Operação Hefesto revela conexão entre 'homem da mala' e endereço ligado ao braço-direito de Lira

Carregando uma bolsa após sacar R$ 115 mil, Salomão foi filmado visitando prédio que abriga uma sala que pertence a Luciano Cavalcante e que já foi usada como sede do União Brasil

Pedro Salomão
Pedro Salomão (Foto: Reprodução/Metrópoles)


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247 - Na tarde de 26 de janeiro de 2023, Pedro Salomão, carregando uma bolsa marrom após sacar R$ 115 mil em dinheiro e conduzido um veículo utilizado na campanha do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), entrou no edifício Delman, em Maceió, capital de Alagoas, e foi filmado pelas câmeras de segurança. Ele dirigiu-se ao sétimo andar. A PF, no entanto, ainda não identificou a sala específica que Pedro teria acessado, conforme relatado nos pedidos de prisão da Operação Hefesto, deflagrada em junho deste ano para investigar desvios no Ministério da Educação (MEC). Entretanto, o Metrópoles descobriu uma conexão surpreendente: a sala 716 do edifício pertence a uma empresa ligada ao braço-direito de Arthur Lira, Luciano Cavalcante.

De acordo com registros da campanha de 2022 enviados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a sala 716 da Rua Sampaio Marques, 25, já serviu como sede do União Brasil, partido presidido por Luciano Cavalcante naquela época. Atualmente, a sala é ocupada pela LDL Serviços e Consultoria Ltda, uma empresa estabelecida em março deste ano, que tem Luciano Cavalcante como um dos três sócios. A LDL declara oficialmente operar na sala, apesar de ter sido fundada apenas em 2023. A conexão entre Luciano e o local remonta ao ano anterior, quando o endereço já servia como sede do diretório de Alagoas do União Brasil, sob a presidência dele.

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Após a saída do homem da mala do edifício, os policiais recuperaram as imagens do circuito de segurança e delimitaram a área do sétimo andar por onde ele circulou. Com base nessa análise, requisitaram ao condomínio a lista de proprietários das salas, identificando seis salas sob suspeita. Embora o pedido de prisão enfatize que "não foi encontrado qualquer possível vínculo entre os investigados e os inquilinos/proprietários", informações obtidas pelo jornal junto a frequentadores do prédio sugerem que os policiais possuíam uma suposição. Tanto é verdade que um mandado de busca e apreensão foi executado especificamente na sala 716, associada a Luiz de Albuquerque Medeiros Neto. Medeiros Neto, proprietário da sala, confirmou que o endereço foi alvo da ação, mas recusou-se a revelar a identidade do inquilino.

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Após contatos adicionais com pessoas que circulam diariamente no edifício, foi descoberto que a sala atualmente é ocupada pela LDL Serviços e Consultoria Ltda, empresa na qual Luciano Cavalcante, o homem de confiança de Arthur Lira, é um dos sócios. Embora a empresa tenha sido estabelecida somente em 2023, a ligação de Luciano com a sala remonta a um período anterior, quando o endereço já era utilizado como sede do diretório de Alagoas do União Brasil, cuja presidência era exercida por ele.

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Detalhes adicionais sobre o ocorrido revelam que, no dia 26 de janeiro deste ano, Pedro Salomão, o homem da mala responsável por entregar dinheiro aos suspeitos de envolvimento em vendas superfaturadas de kits de robótica para escolas públicas, permaneceu no local por um curto período, de acordo com o pedido de prisão elaborado pela PF. Os investigadores notaram que, ao sair da sala de Luciano, a bolsa marrom apresentava dimensões consideravelmente menores do que na entrada, sugerindo que ela teria sido esvaziada em alguma das salas do sétimo andar.

No mesmo dia, segundo informações da PF, o homem da mala visitou duas agências bancárias, sacando um total de R$ 115 mil. Durante a vigilância, os policiais observaram o volume da bolsa. Antes dos saques, ela parecia estar vazia, mas depois estava notavelmente cheia, indicando uma quantia considerável de dinheiro. Em seguida, o suspeito dirigiu-se ao andar onde está localizada a sala do assessor de Lira. Até então, apenas se sabia que Pedro havia realizado uma suposta entrega de dinheiro ao motorista de Luciano Cavalcante, em Brasília, seguida pelo deslocamento do motorista para um apartamento ocupado por Cavalcante. Embora a investigação tenha mapeado a presença do homem da mala na residência do assessor de Lira em Maceió, não há evidências claras até o momento de que tenha ocorrido uma entrega de dinheiro semelhante à que ocorreu durante a visita ao escritório.

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Em resposta, o advogado André Callegari, responsável pela defesa de Luciano Cavalcante, declarou que seu cliente "estava em Brasília" na data em que a suposta entrega teria acontecido. Arthur Lira, quando procurado, optou por não comentar o assunto.

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