Lockdown em São Luís é "profilático" e pode ser ainda mais rígido, diz Dino

"Não temos uma situação de caos, mas o que estávamos observando é que a demanda estava crescendo muito rápido e acima da nossa capacidade de expansão da oferta de leitos e profissionais de saúde”, disse o governador do Maranhão

Governador do Maranhão, Flávio Dino
Governador do Maranhão, Flávio Dino (Foto: Gilson Teixeira/Secap)


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BRASÍLIA (Reuters) - A capital do Maranhão, São Luís, começou nesta terça-feira um lockdown, a forma mais restritiva de isolamento em meio à epidemia de coronavírus, em uma decisão judicial comemorada pelo governador do Estado, Flávio Dino (PCdoB), que classificou a medida como profilática para evitar que a rede de saúde do Estado entre em colapso.

“Estamos fazendo um lockdown profilático. Não temos uma situação de caos, mas o que estávamos observando é que a demanda estava crescendo muito rápido e acima da nossa capacidade de expansão da oferta de leitos e profissionais de saúde”, disse Dino por telefone à Reuters na manhã desta terça-feira, primeiro dia da aplicação da medida inédita no país.

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“Coincidiu uma convergência entre nossos estudos técnicos, o Ministério Público entrar com uma ação e o juiz decidir a favor. Uma feliz convergência, eu diria. E decidimos não recorrer”, acrescentou.

De acordo com o governador, na noite de segunda-feira a ocupação de leitos da rede estadual de São Luiz estava em 95% das UTIs e 85% dos leitos clínicos reservados para a Covid-19. Na rede municipal, no hospital universitário federal e nas redes particulares, afirmou, os números são semelhantes, apesar do investimento que o Estado fez na ampliação da rede de atendimento desde o início da epidemia.

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São Luiz é a primeira cidade do país a adotar o lockdown, em um momento em que a epidemia não dá sinais de diminuir, mas o país se divide entre aquelas que estudam aumentar as restrições, como o Rio de Janeiro, e outros que já decidiram abrir, como Santa Catarina.

Pressionados pela questão econômica e pelo presidente Jair Bolsonaro, que insiste em criticar prefeitos e governadores pelas medidas de isolamento social, vários municípios viram cair o isolamento social nas últimas semanas.

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Oposição a Bolsonaro, Dino não se impressiona com as declarações virulentas do presidente. Apesar de o Maranhão ser um dos Estados mais pobres do país, com o pior Produto Interno Bruto (PIB), o governador diz que pode endurecer as medidas se o lockdown não funcionar.

“Nossa meta é chegar a 80% isolamento. Temos uma ferramenta que mede isso e vamos ter o comparativo de três dias na próxima quinta-feira. Se houver um bom nível de cumprimento até dia 14 podemos suspender. Se não, posso restringir ainda mais a circulação”, garantiu o governador, que já analisava um endurecimento das medidas de restrição antes da decisão judicial que decretou o lockdown até o dia 14, já que os casos cresceram mais de 220% nos últimos 15 dias.

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ISOLAMENTO EM QUEDA

Com 4.227 casos confirmados de Covid-19 e 249 mortes, o Maranhão é o sexto Estado mais atingido pela epidemia. As medidas de isolamento foram iniciadas em 20 de março, mas, conforme o tempo passou, a circulação de pessoas foi aumentando.

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De um início de 70% de isolamento nas primeiras semanas, de acordo com levantamento feito pelo governo do Estado, chegou a pouco mais de 50%.

A partir desta terça, os moradores da ilha de São Luís —que incluiu a capital e ainda os municípios de São José do Ribamar, Raposa e Passo do Lumiar— só poderão sair de casa para comprar alimentos, medicamentos e material de limpeza. Só podem sair para trabalhar aqueles que estão empregados em serviços essenciais.

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Para circular pelas ruas, esses trabalhadores terão que portar uma declaração de serviço essencial, emitida pelas empresas, e foram montados postos de checagem que farão as verificações por amostragem. Quem circular sem autorização será primeiro orientado pela polícia e, se não cumprir, poderá ser levado a uma delegacia.

Todos os acessos à ilha foram fechados, a não ser para pessoal médico, ambulâncias, viaturas policiais e caminhões e ônibus transportando pessoal e material essencial.

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“O objetivo não é constranger as pessoas, mas evitar a circulação. Hoje parece que temos um êxito bastante bom, do que eu posso ver daqui”, contou o governador, que estava em sua sala no Palácio dos Leões, sede do governo do Maranhão.

Dino afirmou que o cenário com o lockdown é de uma redução da curva da epidemia, que vinha crescendo rapidamente. Com o bloqueio da ilha, que concentra quase um quarto da população do Estado com 1,5 milhão de habitantes, a tendência é diminuir o espalhamento do vírus enquanto o governo amplia a capacidade de atendimento.

“Começamos a crise com 232 leitos dedicados ao Covid, entre UTIs e leitos clínicos. Hoje temos 761, vamos chegar a 1.200 até final de maio. É uma multiplicação considerável, mas é muita dificuldade. Arrumar prédio e cama é fácil, difícil é equipamento e profissionais de saúde. Os preços dos equipamentos estão muito inflacionados no mercado internacional e a logística para trazer é muito difícil”, disse.

O governo do Maranhão foi autor de uma operação de guerra para trazer respiradores da China sem passar pelos Estados Unidos ou São Paulo e sem parar na Receita Federal para evitar que fosse apreendidos por governos estrangeiros ou pelo próprio governo federal.

A Receita Federal chegou a ameaçar processar o governador que, à época, disse pelo Twitter que “A Receita pode abrir o procedimento que quiser e atenderemos às suas exigências. Só não aceitamos ameaças nem perseguições sem sentido.”

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