Critério da Folha no Maranhão não vale para SP

Jornal de Otávio Frias Filho que, há uma semana, defendia intervenção federal no Maranhão, após uma menina ser morta em razão de um ataque criminoso a um ônibus, demonstra confiança no governo de São Paulo, onde policiais são suspeitos de matar 12 pessoas em Campinas, uma das cidades mais prósperas do País; editorial não menciona a palavra intervenção

Jornal de Otávio Frias Filho que, há uma semana, defendia intervenção federal no Maranhão, após uma menina ser morta em razão de um ataque criminoso a um ônibus, demonstra confiança no governo de São Paulo, onde policiais são suspeitos de matar 12 pessoas em Campinas, uma das cidades mais prósperas do País; editorial não menciona a palavra intervenção
Jornal de Otávio Frias Filho que, há uma semana, defendia intervenção federal no Maranhão, após uma menina ser morta em razão de um ataque criminoso a um ônibus, demonstra confiança no governo de São Paulo, onde policiais são suspeitos de matar 12 pessoas em Campinas, uma das cidades mais prósperas do País; editorial não menciona a palavra intervenção (Foto: Leonardo Attuch)


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Maranhão 247 - Há uma semana, um editorial da Folha de S. Paulo defendia a intervenção federal no Maranhão, após a morte da menina Ana Clara, vítima de um ataque criminoso a um ônibus em São Luís. Para justificar a medida extrema, a Folha também se valeu de um vídeo, divulgado por ela própria, com imagens de barbárie no presídio de Pedrinhas. "Não por acaso ganha adeptos a ideia de que o Estado deveria sofrer intervenção federal, prevista na Constituição, entre outras hipóteses, a fim de garantir a observância dos direitos humanos --dependendo, neste caso, de manifestação do Supremo Tribunal Federal", dizia o texto (leia aqui).

Nesta quinta-feira, a Folha volta a abordar o tema da segurança pública em seu editorial principal. Mas aborda São Paulo – e não o Maranhão – onde, em Campinas, 12 pessoas foram mortas presumivelmente por policiais. Neste caso, não se usa a palavra intervenção e o jornal demonstra plena confiança na capacidade do governo estadual, de Geraldo Alckmin, de colocar ordem na Polícia Militar. "O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e seu secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, parecem dispostos a acompanhar pessoalmente as investigações, garantindo profundidade, isenção e celeridade. É bom que assim o façam. A questão é grave demais para ficar a cargo apenas dos oficiais a eles subordinados", diz o texto.

Leia, abaixo, o editorial desta quinta:

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Chacinas em Campinas

Cabe ao governador Alckmin e ao secretário da Segurança agir para restabelecer o mais depressa possível a confiança na Polícia Militar paulista

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Num espaço de cerca de três horas, a região oeste da cidade de Campinas presenciou as mortes a tiros de 12 homens que tinham entre 17 e 30 anos. O número equivale à média mensal de assassinatos na cidade durante o ano passado.

Em dois locais houve verdadeiras chacinas, com quatro mortos num caso e cinco no outro. De acordo com os relatos, homens encapuzados desceram de seus veículos e mataram os jovens com tiros na cabeça e no tórax, ao estilo dos grupos de extermínio.

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A violência incomum dos episódios já bastaria para suscitar inquietação. Ainda pior, há uma razão adicional para preocupação: os principais suspeitos dos crimes são policiais militares. Ou seja, agentes do Estado cuja atribuição é zelar pela segurança pública.

A hipótese foi ventilada não só por familiares das vítimas, mas também pela Polícia Civil --que ressalva não descartar outras motivações, como disputas entre quadrilhas-- e, de forma reservada, pela Secretaria da Segurança Pública.

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Segundo essa linha de investigação, um grupo de policiais militares teria cometido os homicídios no intuito de vingar a morte de um colega, assassinado horas antes ao reagir a um assalto.

Nada está provado, e os indícios a apontar na direção da PM são apenas circunstanciais, por ora. Mas a convicção de que agentes de segurança estariam por trás dos homicídios em série se espalhou rapidamente. Como reação, moradores da região bloquearam um terminal de ônibus, incendiaram três coletivos e depredaram outros seis veículos.

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É um sintoma grave da perda de confiança de parte da população no poder público, identificado como responsável pela prestação de serviços --como os transportes coletivos-- sempre tão deficientes. Pelo menos um parente das vítimas falou em "declaração de guerra" contra a Polícia Militar.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e seu secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, parecem dispostos a acompanhar pessoalmente as investigações, garantindo profundidade, isenção e celeridade. É bom que assim o façam. A questão é grave demais para ficar a cargo apenas dos oficiais a eles subordinados.

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Como disse o secretário, entre os cerca de 90 mil homens que compõem a PM, é possível que "algumas pessoas tenham se desviado".

Mesmo que as atrocidades tenham de fato sido cometidas por esses policiais desencaminhados --o que, repita-se, está por ser provado--, somente uma apuração rápida afastará a desconfiança que ameaça contaminar a corporação e dificultar ainda mais sua missão de garantir a segurança pública.

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