"Cenário é sombrio", afirma Naomar de Almeida Filho, médico e professor da UFBA, sobre a pandemia no Brasil

À TV 247, o especialista ressaltou a urgente necessidade de se ter no país uma coordenação nacional para o gerenciamento da pandemia. “Sem coordenação, as chances de a gente superar o problema são pequenas, porque as ações corretas são destruídas pelas ações incorretas”, afirmou. Assista

Naomar de Almeida Filho
Naomar de Almeida Filho (Foto: Reprodução | ABr)


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247 - Médico e professor de Epidemiologia do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ex-reitor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Naomar de Almeida Filho afirmou à TV 247 que o cenário da pandemia de Covid-19 no Brasil “é sombrio”, principalmente pela ausência de uma coordenação nacional de políticas de combate à doença.

O professor afirmou que uma pandemia “é equivalente a um tsunami ou a uma erupção vulcânica” e que, portanto, precisa ser gerida por uma comissão técnica de crise. “A pandemia afeta o Brasil de um modo extremamente complexo, e aí é preciso muita coordenação afinada para que em um território tão diverso como o nosso, as respostas sejam efetivas”.

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Para exemplificar, Naomar de Almeida Filho citou a crise de abastecimento de oxigênio em Manaus causada, conforme apontam as evidências, pela variante brasileira do coronavírus. O médico explicou que caso uma coordenação nacional existisse, um cordão de isolamento seria feito no estado do Amazonas para evitar que a nova cepa se alastrasse pelo Brasil. Esta medida, segundo ele, não poderia ser tomada por estados ou municípios. 

“Se perguntassem a um epidemiologista ou a um sanitarista o que fazer, era investir para que levassem para Manaus todos os equipamentos e equipes necessárias para lidar com a questão lá, e que em Manaus e no Amazonas se produzisse um cordão, um isolamento. Já se sabia que era uma nova cepa. Uma ação central coordenada teria feito isso. Como não tínhamos coordenação, e ainda não temos, uma ação dessa natureza não pôde ser realizada por iniciativa de um município ou de um estado. É preciso uma coordenação nacional”.

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Pandemia em Araraquara e Niterói

Um gerenciamento nacional da crise também evitaria, de acordo com o professor, as contradições tão frequentes no Brasil durante este período de surto da doença. Naomar de Almeida Filho também ressaltou que medidas amplas precisam ser tomadas para evitar a continuidade da disseminação do coronavírus, o que, de novo, só pode ser alcançado por meio de uma coordenação nacional. 

“A pandemia se caracteriza por uma aceleração dos acontecimentos. Você precisa ter uma sintonia fina no sistema de coordenação, que precisa ser de altíssima credibilidade. A população precisa confiar. O que está acontecendo é a contradição. Não tem nada pior em uma pandemia do que uma contradição, em que algumas lideranças dão exemplo negativo. Isso faz uma erosão do efeito que poderia ser positivo caso fosse sincronizado, coordenado. Essas iniciativas, dos governadores e prefeitos, são importantes, mas me parece que o que aconteceu em algumas cidades brasileiras na primeira onda. Eu dou dois exemplos: Araraquara e Niterói fizeram uma comissão técnica, designaram uma estratégia totalmente adequada e decisões foram tomadas. O problema é que em torno de Araraquara tem quatro cidades que não fizeram isso, e do outro lado da Ponte Rio-Niterói tem o Rio de Janeiro. Sem coordenação, sem uma visão ampla, sem a possibilidade de ter o panorama da situação, as chances de a gente superar o problema são pequenas, porque as ações corretas são destruídas pelas ações incorretas, seja no tempo ou no espaço”.

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