Randolfe divulga nota da compra superfaturada da Covaxin pelo governo
“Só não houve pagamento porque o servidor denunciou. Já estava tudo pronto", destacou o vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede)
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247 - O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede), publicou nesta quarta-feira, 23, no Twitter, a nota que seria paga pelo governo de Jair Bolsonaro durante a negociação para a compra da vacina Covaxin.
“Só não houve pagamento porque o servidor denunciou. Já estava tudo pronto", destacou o senador. O servidor em questão é Luís Ricardo Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde.
O deputado federal Luís Miranda (DEM), irmão de Luís Ricardo, afirmou ter alertado, em março, Bolsonaro e o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo a compra da vacina indiana. O governo assinou o contrato para aquisição do imunizante em fevereiro.
O valor do acordo entre o Brasil e a Índia seria 1.000% superior ao que foi indicado em telegramas do Itamaraty, seis meses antes. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), houve superfaturamento.
Precisa tenta justificar preço de US$ 15 por dose da Covaxin
Numa nota para se defender das acusações em relação à intermediação para compra da vacina Covaxin, a Precisa Medicamentos tentou defender o preço de U$ 15 a dose mas, inadvertidamente, revelou que o imunizante era oferecido por um terço do preço. "No mercado internacional, o imunizante tem sido oferecido entre US$ 15 e US$ 20. Na Índia, país onde a fabricante está estabelecida, o preço da dose foi definido em US$ 16 para os hospitais privados (valor superior ao estipulado ao Brasil, que é de US$ 15) e US$ 5,3 para os governos estaduais”, escreveu a Precisa na nota.
A empresa mencionou o preço maior para “hospitais privados”, mas o governo brasileiro não é um hospital. E revelou o preço de US$ 5,3 para “governos estaduais”, sem esclarecer a quais governos se referia. De qualquer forma, não há qualquer governo estadual, indiano ou de outro país que faça uma aquisição superior ao governo brasileiro, o que por si só justificaria o preço menor para a compra -e não o maior.
A Precisa Medicamentos é a representante no Brasil do laboratório indiano Bharat Biotech, fabricante da Covaxin.
O contrato de R$ 1,6 bilhão assinado entre a Precisa e o Ministério da Saúde para o fornecimento de 20 milhões de doses da Covaxin virou alvo de investigação do Ministério Público Federal, entre outros motivos, pelo valor de cada dose. Nenhuma outra vacina comprada pela pasta teve custo tão elevado. No Brasil, a dose da Pfizer, por exemplo, saiu por US$ 10 (R$ 56,30), e a da AstraZeneca/Oxford, US$ 3,16 (R$ 19,87).
Na mesma nota, a farmacêutica mencionou uma suposta transparência nas negociações: "A Precisa informa que as tratativas entre a empresa e o Ministério da Saúde seguiram todos os caminhos formais e foram realizadas de forma transparente junto aos departamentos responsáveis do órgão federal. Importante destacar que o período entre a negociação e a assinatura do contrato para aquisição da Covaxin levou a mesma média de tempo de outros trâmites semelhantes."
Para o senador Renan Calheiros (MDB), relator da CPI da Covid, onde deporão os irmãos Luís Miranda, deputado federal pelo DEM do Distrito Federal, e Luís Ricardo Fernandes Miranda, alto servidor do Ministério da Saúde, a Precisa atuou como um "laranja e atravessador" na intermediação do contrato com o Bharat Biotech para a compra superfaturada da vacina Covaxin.
Bolsonaro aciona PF e PGR
O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, fez um pronunciamento representando o Palácio do Planalto na noite desta quarta-feira para rebater as denúncias de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin, adquirida com preço superfaturado em mais de 1000%.
“Não houve favorecimento a ninguém, não houve sobrepreço. Tem gente que não sabe fazer conta. Não houve compra alguma, não há um centavo que tenha sido despendido pelo caixa do governo federal”, disse Onyx, acusando a imprensa de querer manchar a imagem de Bolsonaro, que segundo ele é um divisor de águas no combate à corrupção.
O ministro informou que o Planalto determinou que a Polícia Federal abra investigação sobre as palavras do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor do ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, autores da denúncia. O governo diz que houve adulteração de documentos entregues a Bolsonaro.
Ele pediu ainda investigação pela Procuradoria Geral da República, baseado no artigo 339, por denunciação caluniosa e fraude processual.
Onyx também sugeriu supostos interesses dos autores da denúncia. “Por que ele inventou essa história? O que os dois irmãos queriam na casa do presidente no dia 20 [de março]?”. Ele também citou “má-fé” e “denúncia caluniosa”. “A interesse de quem?”, indagou. “O governo Bolsonaro vai continuar, sim, sem corrupção”, afirmou a seguir. “Deus tá vendo, mas o senhor não vai só se entender com Deus, não. Vai se entender com a gente”, completou.
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